terça-feira, 29 de dezembro de 2009

relatos do fim do mundo.

Essa madrugada delirei. Delirei sozinha por horas a fio deitada em minha cama, enxergando corpos que não existiam enquanto a chuva caia e me atormentava mais que meus fantasmas mais perigosos.
Não sei se fora por causa da febre (que ainda se aloja em mim) ou se fora culpa do álcool ingerido em demasia nos últimos dias.
Foi uma espécie de tormento tão forte que procurava me esconder de mim mesma, como se não existisse inimigo pior.
Eu rezei pelo pobres de alma durante a madrugada e pedi pra não estar sozinha. Em vão.
Talvez minhas únicas companhias fossem mesmo meus pensamentos perturbados e a respiração distante das pessoas mais próximas. Nada além de sons e vacuos e medos. Delirium.
Meu estômago se retorcia conforme o quarto girava. Eu abria a boca e sentia sair de mim vapor no lugar de gritos de socorro. Sussurros e nada mais.
Tateei o breu à procura de algo capaz de me salvar, em vão.
Encontrei um livro, uma garrafa d'água e acariciei minha mente que a essa hora já estava fora de mim com medo de se danificar ainda mais.
Pensei que não ia sair sã dessa madrugada terrivelmente longa e apertada. Era como se eu estivesse me afogando em meio ao tempo e me encurralasse nas paredes sem cor da noite que passava.
Levantei e pisei no chão frio. Um arrepio me subiu a espinha até atingir a nuca e me fez desmaiar sem cair por um instante.
Desci as escadas. A casa quieta, a madrugada quieta, o cão dormindo.
Acendi uma das luzes pra me orientar e lembrar de onde estava.
Liguei a tv e a deixei queimando no mudo.
Eu olhava hipnotizada pra frente enquanto minha mente descia as escadas e vinha ao meu encontro.
Lembro que, antes dela chegar, passava algo sobre pássaros na tv... e eles não cantavam.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

so you want to be a writer?

By C. Bukowski
if it doesn't come bursting out of you
in spite of everything,
don't do it.
unless it comes unasked out of your
heart and your mind and your mouth
and your gut,
don't do it.
if you have to sit for hours
staring at your computer screen
or hunched over your
typewriter
searching for words,
don't do it.
if you're doing it for money or
fame,
don't do it.
if you're doing it because you want
women in your bed,
don't do it.
if you have to sit there and
rewrite it again and again,
don't do it.
if it's hard work just thinking about doing it,
don't do it.
if you're trying to write like somebody
else,
forget about it.
if you have to wait for it to roar out of
you,
then wait patiently.
if it never does roar out of you,
do something else.
if you first have to read it to your wife
or your girlfriend or your boyfriend
or your parents or to anybody at all,
you're not ready.
don't be like so many writers,
don't be like so many thousands of
people who call themselves writers,
don't be dull and boring and
pretentious, don't be consumed with self-
love.
the libraries of the world have
yawned themselves to
sleep
over your kind.
don't add to that.
don't do it.
unless it comes out of
your soul like a rocket,
unless being still would
drive you to madness or
suicide or murder,
don't do it.
unless the sun inside you is
burning your gut,
don't do it.
when it is truly time,
and if you have been chosen,
it will do it by
itself and it will keep on doing it
until you die or it dies in you.
there is no other way.
and there never was.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

primaverão

Eu estava tentando recuperar tudo que era meu por direito.
Eu não ia pegar conquistas nem pessoas dos outros pra mim; estava seguindo pela guia justamente pra não esbarrar em ninguém.
Nunca gostei de encostar nos outros. E não gostava também que encostassem em mim, que me cutucassem achando que assim conseguiriam me tirar do caminho - mas os pobres coitados não sabiam que eu era uma pedra grande demais.
Seguimos sem rumo, à principio, torcendo só pra que não chovesse para que o espaço a ser percorrido não se tornasse escorregadio.
Nunca gostei de pessoas escorregadias com sua textura de peixe e olhos parados que não enxergavam nada, só viam e observavam e julgavam. Sempre fui rodeada por pessoas assim; por isso não gosto de rodeios, nem de bois, nem de peixes.
A chuva parecia brincar de mãos dadas com a nossa sorte, aparecendo nos momentos mais oportunos e indo embora quando percebia que iria nos atingir de alguma forma.
Observávamos o céu azul surgindo devagar e fraco pela janela embaçada pela respiração de corpos desconhecidos.
Nunca gostei de desconhecidos. Falo dos sentimentos desconhecidos, não das pessoas. Sentimentos que vem e se batem de frente com nossa cabeça esperando atingir bem fundo para nos ver cair e sorrir e depois contorcer e dormir.
Era fácil identificar os bairros pelo cheiro.
Higienópolis fedia a esgoto e a armênia, a milho.
Foi engraçado dar de cara com contrastes tão enormes num curto espaço de tempo.
Primeiro chuva e pessoas falando sobre a noite na augusta e sobre natal anti-capitalista e depois sol trazendo calor e bolivianos pobres carregando crianças por todos os lados.
Nunca parei pra pensar se gosto de discrepância, ou não. Não parei pra pensar sobre os contrastes, infelizmente. Ultimamente ando parando muito pra pensar sobre as pessoas que querem me atingir pra eu procurar uma forma de me proteger sem me igualar a elas, porque não quero retroceder e me rebaixar.
Eu vou fechar meu corpo e minha alma pra qualquer coisa de ruim que essas cabeças pequenas querem aplicar em mim e seguir meu caminho, sem fazer mal pra ninguém, passando por chuva e sol num final amarelo de primavera.
Eu vou salvar a minha essência e lamentar pelos que não o fazem e rezar pelos perdidos nesse misto de inveja e impotência que só destroi corações.
Amém.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

com licença

eu vou pegar meu copo de cerveja e falar cuspindo na cara de quem quer me ouvir sem se preocupar se são duas horas da tarde ou se já é sábado de manhã.
eu amanheci com gosto de velhice na boca e não tá na hora de deixar aranhas criarem suas teias entre meus dentes cheios de coisas pra dilacerar.
existe um mundo gigante lá fora repleto de pessoas e montanhas e como diria um dos homens da minha vida não se deve criar nenhuma espécie de preconceito na mente.
eu vou pegar o que aprendi e trancar em mim e subir com isso prum pico alto e distante onde ninguém pode me encontrar e tentar destruir minha alma de vidro e quando tudo estiver sólido o bastante eu desço e transmito num vento correndo o universo inteiro preenchendo espiritos como o meu foi preenchido.
eu vou pegar meus amores e escrever e pendurar em algum lugar pra que qualquer um possa ler e mastigar e vomitar e engolir de novo... vou buscar o que é meu sem tirar nada de ninguém.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

...

A dor insiste. Pira. Quase desmaio. Adoraria.
Olhos arregalados esforçando-se pra enxergar algo onde só existe o escuro... e o silêncio.
Chove dentro de mim, e fora só há vestígios. Céu sem cor e sem estrelas. Nuvens de chumbo. Eu grito um horror abafado. Não existe afago nem compreensão. Muito menos carinho. Só desilusão. Sozinho. Visualizo meus receios concretizando-se em atos. Personifico meus desejos e tormentos.
Meu tato no breu não funciona, tal como meu olfato e qualquer outro sentido.
É quieto demais fora de mim, tenho medo de me perder de novo. É sombrio e frio. Alucinante!
Abraços e sorrisos ausentes.
Ele pertence ao mundo e a todas as suas delicias. Eu hospedo-me na desculpa mais próxima.
Um belo contraste. Atraente e excitante. Inebriante.
Na noite desvairada e sem lua ele se perde... e eu vomito.
Gosto de tentar dormir pensando que é sincero...

de alguém distante

domingo, 29 de novembro de 2009

um certo romance

Bom eles podem usar reeboks clássicos ou converse acabados, mas essa não é a questão. A questão é que não existe mais romance por aí! E essa é a verdade que eles não conseguem ver.
Eles provavelmente gostariam de me dar um soco e, se você pudesse vê-los por um instante, você concordaria... concordaria que não existe mais romance por aí.
Eles nunca vão ouvir porque as mentes deles já estão feitas e tudo bem continuar desse jeito.
E por ali tem ossos quebrados. Só existe música. Não é preciso nenhum sherlock holmes pra ver que é um pouco diferente por aqui.
Não me entenda mal! Existem garotos em bandas e crianças que gostam de brigar em poças e só por que ele já tomou umas latas ele acha que está tudo bem agir como um idiota.
É uma coisa engraçada.
Bom, por ali tem amigos meus, e o que eu posso dizer é que eu os conheço há muito, muito tempo e eles podem passar dos limites, mas eu não consigo ficar bravo do mesmo jeito.

sábado, 21 de novembro de 2009

meus homens

tive o poeta, que misturava vinhos e palavras..
o boa pinta, cheio cerveja e cigarros.
o insano, que divide ideias e whiskey.
mas eu me guardo pro johnny thunders.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

ponto

Eu tenho muita coisa pra contar... desde a moça escutando smiths na padaria até histórias sobre homens de pano na cara.
Não posso perder tempo.
Me desculpem, senhores e senhoras... a minha dica de hoje é "vivam tuas proprias vidas".

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Lembrete:

eu não vou deixar que pessoas menores me atinjam... não vou deixar que destruam NADA que seja meu. eu não quero e não vou.
eu quero que as pessoas que, de certa forma, merecem, sejam felizes e completas com as escolhas que fizerem.
não gosto desse aperto dilacerando o que demorou pra cicatrizar... não gosto dessa sensação e impotência diante de algo que vejo grande e lindo... não gosto de não poder evitar erros e poupar consequencias e, pra isso, sou capaz de expor minhas feridas vermelhas e pulsantes pros que menos merecem para que percebam que o mundo é um grande buraco sangrento e vivo e que eles não têm o direito e cutucá-lo.
não quero que mais olhos se percam. quero que eles sumam e voltem mais inteiros do que quando foram trazendo verdade e brilho.
só.

domingo, 15 de novembro de 2009

Carta. cont.

Queria que tudo terminasse bem. Sem grandes problemas. Sem que você me considere um monstro e sem que eu queira te matar.
Não esperamos tanto tempo pra criarmos algo ruim.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

sexta 13

Tava um sol dos infernos.
Eram 4 e pouco da tarde e minhas pernas de fora deviam assustar as pessoas.
Criei coragem e comecei a subir as escadas quando helter skelter começou a rolar no meu celular.
Antes mesmo de atingir o 5º degrau ele gritou lá de cima. Lá de cima, onde existe uma igreja imponente que observa toda a cidade.
Ele gritou pra eu parar. Eu parei e ele veio até mim de braços abertos... largamente abertos, como de costume.
Aquele sorriso bonito me chamou pra tomar umas cervejas.
Colamos num dos bares mais podres da cidade, e bebemos como um casal feliz e descontraído sem grandes problemas... por mais que ele estivesse louco por maconha e eu estivesse me escondendo dos meus pais.
Foi engraçado atravessar a cidade... eu com as pernas e ele com as costas de fora. Atravessar a cidade rindo e balbuciando palavras soltas que, pra qualquer outro, não tinham significado algum.
Nenhum rosto reconhecível passou por mim... eu só tinha olhos pros olhos verdes mais castanhos do mundo. Eu só tinha olhos pro caminho torto e pros olhos.
As pessoas tortas não tinham importância. Nunca tiveram e nunca mais vão ter.
Terminamos nosso cigarro. Mais um dos nossos últimos cigarros.
ele disse que eu era a culpa pela volta. Eu disse que a culpa era toda dele.
Nos amamos nos olhares entorpecidos por alguns momentos até que nos chamaram pra entrar.
Os músculos dele dançam e o dia corre. Eu aguardo coisas boas de tudo isso. Mas sem grandes expectativas pra não gerarem desapontamentos. Eu to cansada de desapontamento. No momento, só amor.
E bem que podia ser verdade.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

voltando...

Onde andarás sem mim nessas ruas enormes?
Quem te acompanha? Quem contigo ri?
Sob as mesmas cobertas com quem dorme
Quem te ama senão eu? Quem pensa em ti?
Vagas sem ter aonde ir e sem saber
O que fazer, ou sem prazer nenhum
Em mãos alheias como um bem comum
A outro te entregas sem lhe pertencer.
Estou pensando em ti... Pensar é estar sozinho...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

uma obs

Preciso que desça o espirito de algum escritor no meu corpo pra eu relatar da forma certa tudo que está acontecendo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Carta.

Fuja, amor, fuja desse mundo escuro que te suga ao máximo como um buraco negro; aqui não existem estrelas!
Sai correndo pro seu destino grande, mas me leva na memória, ao menos.
Esquece as coisas ruins das pessoas quando partires... e lembre-se de voltar!

Cuide-se, Dean Moriarty.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Destino.

A gente dividiu um cigarro.
Falamos de casamento e de como as outras pessoas são pequenas. Falamos do medo de sermos iguais a elas.
Dividimos mais um cigarro. Sem vinho e sem encheção de saco. Ninguém de ruim por perto pra nos comer com os olhos e tentar de tudo para que nos sentissemos rejeitados, quando, na verdade, mal sabem, os rejeitados são eles.
Conversamos sobre tatuagens, viagens e a vida fora daqui.
Comentamos nossas relações com terceiros e chegamos à conclusao que não adianta nutrir algo que só te destrói.
Eu queria, queria que todos fossem bons de coração para que conseguissem alguma salvação no fim das contas.
Mas ninguém de alma pequena será abençoado.

domingo, 1 de novembro de 2009

submundo.

A noite explode em luzes. Nada de neon. Luzes que vertiginam e encantam. Transformando todos ao meu redor em robôs.
Nenhum sentimento real. A noite de sexta não tem sentimentos; não tem amores, não tem amigos; só tem horas e todos - TODOS - se aproveitam delas.
Parede suja e olhares mais imundos ainda. Gente fingindo ser o que não é pra ser aceita pelos que não são.
Eu saí sexta à noite à procura de paz e a encontrei enquanto a noite existiu. Depois, caos!
O submundo de uma cidade sem metrôs me chamava pra um encontro surreal com meu eu que queria ter vivido há muito tempo atrás.
Há dias percebi que não existirão mais johnny thunders, nem sid vicious, nem lou reeds. Percebi que não sou sable starr e que eles todos estão longe de ser a geração vazia. LONGE. De vazio, ali, só as almas.
Eu quero paz e não me importa se eu vou encontrar isso em galerias subterrâneas ou no mais alto prédio de um lugar sem heliporto.
Eu quero paz e gostaria que todos que não querem meu bem fossem embora!
Porque eu não odeio ninguém.
Eu não quero o mal de ninguém.
Eu não sou de ninguém.
Eu sou da noite de sexta e da manhã de domingo ouvindo Heartbreakers.
Eu sou da memória de algo que não vivi e dos olhos sóbrios das pessoas que gosto.
Sou do sorriso sincero.
Eu não gosto da face retorcida. Não gosto da alma retorcida. Não gosto de pessoas retorcidas!
E a única coisa que me salvou disso, foi a luz que transformou todos em robôs na sexta à noite.
E a vodka com fanta laranja.

domingo, 18 de outubro de 2009

maluquice

Eu acordei.
chovendo.
Almocei.
e ainda chovia.
Tomei banho.
chuva.
Desencanei... e o sol apareceu lindo e belo e inteiro e dono da galáxia iluminando o meu quintal.
Vesti minha roupa e sai. Sem pretensão alguma achando que seria lucro qualquer coisa acontecer num sábado outrora perdido.
O dia ainda tava molhado e resolvi tomar um café.
Recebi uma ligação e a rejeitei... minutos depois o ligador aparece na padaria me chamando pra beber.
Não recuso, mas também não aceito; havia coisas a fazer antes de me entregar.
Encontro quem eu queria e todos resolvemos seguir o caminho até o alcool.
Conseguimos uma carona.
sinuca cerveja cigarro vodca amor cigarro cerveja e familia estranha.
Gente desconhecida e conhecidos que eu não queria.
trilha sonora agradável e situação mais agradável ainda.
Escureceu sem chuva e sem grandes problemas.
Uns tragos às escondidas e umas conversas jogadas fora.
Se eu estiver me apaixonando que não seja de corpo e alma.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

(não)

A janela estava embaçada e trazia atrás de si o sol amarelo e brilhante de um alvorecer mágico enquanto eu lia Kerouac com as pernas cruzadas e a estrada corria desfocada pelo vidro levando consigo meus pensamentos enterrados em olhos distantes demais para trincarem os meus.
Demasiadamente agradável e assustador; agoniante e sensível. Um pouco de poesia escarrada sem palavras bonitas diante de olhares que nos cercam com o intuito de destruir nossa alma e nosso coração que só querem paz e vivem no meio da loucura alucinada e invejosa que pode nos pegar e devorar a qualquer momento - quando pensarmos que não somos fortes seremos atingidos pela maldade presente em mãos alheias.
Vamos dominar o mundo domingo à noite - quando estivermos a sós com Bob Dylan.
Vem logo e me enche de paz enquanto o mundo queima como um tronco cheio de cupins!

sábado, 10 de outubro de 2009

é 10 de outubro.

A manhã amanhece sonolenta como eu, mas presumo que ela não sinta fortes dores de cabeça.
Tem muita gente no meu quintal, muitas vozes vindo de sabe-se-la-onde e um vazio repleto dentro de mim.
Amanheci com gosto de tabaco e cheiro de amor. Ou o contrário.
É aniversário do meu pai hoje... e eu já não posso mais escrever um cartão com letra feia e fingir ser o melhor presente do mundo.
Perdi minha inocencia e ele também sabe disso.
Hoje é 10 de outubro. Daqui a pouco é 22 e completar-se-ão três anos.
Hoje é 10 de outubro e creio que a liberdade seja a ausência de culpas.
Hoje é 10 de outubro e eu realmente desejo que tudo fique bem... inclusive a manhã.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

...

Well, sometimes I go out by myself
And I look across the water
And I think of all the things of what you're doing
In my head I paint a picture

Since I've come home
Well, my body's been a mess
And I miss your ginger hair
And the way you like to dress

Oh, won't you come on over?
Stop making a fool out of me
Why don't you come on over?

Did you have to go to jail?
Put your house out up for sale?
Did you get a good lawyer?
I hope you didn't catch a tan,
Hope you find the right woman
Who'll fix it for you

Are you shopping anywhere?
Change the color of your hair
and are you busy?
Are you still dizzy?

Well, sometimes I go out by myself
And I look across the water
And I think of all the things of what you're doing
In my head I paint a picture

I miss your ginger hair...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

matinal

Ele saiu às 6 da manhã.
Chovia desesperadamente como se aquele fosse o ultimo suspiro das nuvens de chumbo - das nuvens de chumbo dentro e fora dele.
Sua capa pouco o protegia dos pingos insistentes, contínuos e frios - frios como as mãos das donzelas que saem à procura de um foda ou de uma embriaguez; frio como o sorriso de seu pai que morrera antes mesmo do filho nascer; frio como o coração de sua mãe, velha imprestável largada no sofá há alguns anos, que só sabia reclamar da vida e do tempo, das gotas frias da chuva e do calor insuportável do sol, do final da novela e dos vizinhos que não mais vinham fofocar-lhe.
Era de couro preto, a capa, e combinavam com as luvas que não serviam para esquentar os dedos judiados e amarelos.
Parou embaixo do ponto de onibus, junto com mais tantos outros matutinos.
Tirou as luvas e guardou-as no bolso. Tirou a caixa de cigarro que estava escondida esse tempo todo, para não se molhar, e acendeu, com dificuldades, seu penúltimo cigarro.
O tragou incessantemente, com o olhar de repudio dos amigos que dividiam o ponto de onibus e com o olhar de vontade da moça que brincava com o isqueiro prata.
Olhou para ela, e sentiu correr-lhe algo quente pela espinha. Desistiu.
Terminou seu cigarro e jogou-o na calçada, esperando que a chuva o lavasse dali.
Dirigiu-se ao bar mais próximo.
Pediu uma dose de whisky depois de desejar feliz aniversário ao balconista, que fazia aniversário todo dia 13, de todo o mês, por questão de superstição.
Tomou seu copo e saiu. Ainda chovia, agora menos, mas chovia.
Foi direto para casa. Cumprimentou em silêncio a mãe que o esperava todos os dias, às 6 da manhã, e foi dormir.
Tomou um banho no chuveiro quase sem agua, por mais que houvesse excesso da mesma do lado de fora, e deitou, de pijama, na cama que utilizava há mais de 20 anos.
Tratou de dormir logo depois que sua mãe gritou um "boa noite" tímido da sala.
Precisava descansar.
Confeitar bolos de madrugada não é trabalho pra qualquer um.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

vermelho

desespero e angustia
em duas doses de vodca
fumaça, lua, carros.
luzes e barulho.

um soco no estômago
um pau na vagina
sapatos, roupas, meias
e mais duas vozes de vodca.

um minuto de silencio
pro cigarro que morre no cinzeiro
pra garrafa que morre seca
pra dose de vodca que morre junto com o rim.

é chegada a hora
grande irmão
grande covarde
grande veado sem volta pra casa

um brinde
álcool na ferida
goza de uma vez!
uma dose de cada vez

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

never know

Oh, kiss me
Lick your cigarette then kiss me
Kiss me where your eye won't meet me
Meet me where your mind won't kiss me
Lick your eyes and mind and then hit me
Hit me with your eyes so sweetly

segunda-feira, 20 de julho de 2009

wintertimes

It's cold
outside
dead cigarettes
haze
killing pride.
You've got me
madness calling
kissing lies.
Come on over
wintertimes.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Ela disse...

"E todo esse tempo você não tem feito
Nada que possa mudar
E aquele momento se perdeu no tempo
Muito de bom pra lembrar"

Ela disse que você não se satisfaz
Não consegue mais
Ela pensa em você, mas não aguenta mais
Não aguenta mais.

Cachorro Grande

Lies and Love

Lies
Love

it has no end....

terça-feira, 14 de julho de 2009

Bluebird

there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too clever, I only let him out
at night sometimes
when everybody's asleep.
I say, I know that you're there,
so don't be
sad.
then I put him back,
but he's singing a little
in there, I haven't quite let him
die
and we sleep together like
that
with our
secret pact
and it's nice enough to
make a man
weep, but I don'tweep, do
you?

C. Bukowski

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Let the good times roll

C’mon baby, let the good times roll
C’mon baby, let it thrill your soul
C’mon baby, let the good times roll
Oh yeah, all night long

C’mon baby, let us close the door
C’mon baby, let us rock some more
C’mon baby, let the good times roll
Oh yeah, all night long

Feels so good when you’re home
C’mon baby, rock me all night long
Oh ohhh, yeah, ohhh oh

C’mon baby, let the good times roll
Oh yeah, all night long

Sonics.
Um brinde ao rock'n'roll.

domingo, 12 de julho de 2009

Cotidiano

(4:54 a.m.)
"Estou sem sono. Preparei duas garrafas de café e joguei fora. Não existem mais revistas para serem lidas nesse apartamento. Sinto frio. Paulo, venha me ver mais tarde - ou seria mais cedo? - Beijos insones. Luisa."

(10:23 a.m.)
Ela levantou com os olhos miúdos por esquecer a cortina aberta, o que fez com que o quarto se iluminasse demais. Há muito tempo Luisa não acordava sem dor de cabeça num sábado. Levantou e foi direto ao banheiro.

(11:37 a.m.)
O telefone toca enquanto Luisa toma banho. A secretária eletrônica atende e Solange deixa um recado. Luisa teria uma entrevista com o editor chefe do jornal na segunda, ao meio dia. O restaurante ainda não fora escolhido.

(11:43 a.m)
Luisa escuta o recado gravado na secretária eletrônica enquanto espera a água ferver.

(11:45 a.m.)
Luisa prepara mais uma garrafa de café - dessa fez com a intenção de tomá-la inteira para aguentar o sábado.

(12:13 p.m.)
"Ele não responde meus e-mails nem atende às minhas ligações. Estou desesperada. Vamos sair pra tomar uma cerveja hoje ou amanhã. Me liga. Beijos. Luisa"

(12:24 p.m.)
Luisa sai pra almoçar. Acende um cigarro na porta do prédio e diz ao porteiro que não tem hora pra voltar. Ela deixa a chave caso Paulo apareça, por mais que saiba que isso não vá acontecer.

(12:36 p.m.)
Luisa para no bar do Cleiton e pede uma cerveja pra começar. Escreve uma mensagem para Paulo e enche o copo de espuma.

(12:36 p.m.)
"Paulo, estou fora, mas se quiser aparecer no nosso apartamento a chave ficou com o Waldir. Se vier traga vinho, o nosso acabou naquela noite. Beijos com amor, Luisa."

(13:02 p.m.)
Luisa joga o maço de cigarro fora e pede outro. Abre o lacre e vira o primeiro cigarro pedindo a Deus que a abençoe. Pede mais uma cerveja e a conta.

(13:07 p.m.)
Luisa levanta e sente a rua mudar de grau. Sai andando devagar na direção contrária à de seu apartamento. Atravessa a rua observando o céu.

(13:22 p.m.)
"Preciso conversar com alguém. Me liga assim que ver essa mensagem, . Luisa)

(13:47 p.m.)
"Estou voltando pro nosso apartamento, Paulo. Se vier, me avise pra eu preparar alguma coisa. Beijos saudosos. Luisa)

(14:48 p.m.)
Luisa queima o sofá com cigarro e não se importa com o cinzeiro que está no chão cheio de cinzas. Ela toma mais uma dose de whiskey sem gelo e deita devagar.

(17:57 p.m.)
Luisa acorda com dor de cabeça para fazer jus à lei de ter ressaca aos sábados. Ela insiste em manter os olhos abertos e encara seu próprio reflexo na janela da sala.

(18:03 p.m.)
Luisa sai às pressas.

(18:23 p.m.)
Luisa entra em seu apartamento e joga a bolsa na mesa de jantar com lugar para 6 pessoas. Tranca a porta e verifica se nãoninguém no corredor pelo olho mágico pequeno e sujo.

(18:25 p.m.)
"Me desculpe."

(18:25 p.m.)
Luisa aciona o despertador e deixa um lembrete para si mesma.

(18:27 p.m.)
Luisa vai ao banheiro e liga o chuveiro. Não espera o banheiro encher de vapor e tira a cocaína do bolso. Prepara três carreiras e guarda o resto pro decorrer da noite.

(18:28 p.m.)
Luisa lambe seu cartão de créditos e a pia do banheiro. Desliga o chuveiro e inala o vapor.

(18:33 p.m.)
"Vou sair para espairecer. É melhor você não aparecer agora. Beijos brancos e doces. Luisa"

(18:35 p.m.)
Luisa deixa o prédio e leva a chave. Resolve subir a avenida movimentada.

(18:40 p.m.)
Após esbarrar em muitos transeuntes, Luisa entra num bar e pede uma dose de whiskey sem gelo.

(18:41 p.m.)
Mais uma dose.

(19:13 p.m.)
Luisa trocara o whiskey pela cerveja há uns minutos e resolve voltar pra casa, que não ficava muito longe.

(19:20 p.m.)
Luisa entra no prédio sem falar com o porteiro.

(19:24 p.m.)
Luisa joga a bolsa na mesa de jantar, encosta a porta e segue ao banheiro.

(19:25 p.m.)
Luisa prepara 5 carreiras e enrola sua ultima nota de 10 reais.

(19:27 p.m.)
Luisa machuca o nariz e suja a nota com sangue. Termina sua ultima carreira com dificuldade.

(19:30 p.m.)
Luisa liga o chuveiro e sai antes que o vapor tome conta do banheiro.

(19:30 p.m.)
Tu.
Tu.
Tu.

(19:32 p.m.)
Luisa desiste de contatar Paulo e deita no sofá.

(19:33 p.m.)
Luisa apaga.

(19:35 p.m.)
O celular desperta.

sábado, 11 de julho de 2009

O amor

Você sabe, todo mundo sabe - se não sabe, é por pouco tempo.
O amor é uma merda. Uma grande merda.
Deus te abençoa e você se desgraça amando.
Simplesmente se desgraça.
Você e todo mundo. Você e todos nós.
O amor é uma merda. E eu repito quantas vezes forem necessárias até que todos saibam o que todo mundo deveria saber.
O amor é plágio, é masoquismo, é bulimia. O amor é saída, é fuga, é tiroteio.
O amor é uma merda.
Todo mundo sempre procura o que ou a quem amar. O amor é refúgio, desculpa, solidão.
O amor é mentira.
Pura mentira.
O amor é uma merda como os meus dias, como os olhos dos deuses sobre nós. O amor é desgraça, inveja, fome, dor.
Vou falar aos ventos pra que carreguem esse mantra.
O amor é uma merda. O amor é sonho.
O amor não existe; é invenção, fábula, utopia.
O amor é sangue, guerra, ódio.
É casa, é barraco, é buraco.
Sempre tem alguém querendo te puxar e você sempre vai.
O amor é farsa! O amor é hipocrisia!
O amor é uma merda.
O amor é medo, é fracasso, é escárnio.
É beijo fingido.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Really

It’s all for you
You’ve got me, oh you've got me
Jack Kerouac on the road
And in my head
I need relevance, intelligence
A new tattoo and a lot more sex
Broken families are the new enemies
And you will not make up for this
This suburban man,
he wants discipline
But I just need a friend .

segunda-feira, 6 de julho de 2009

súplica

É uma sensação dúbia, de alivio e culpa.
Alívio por ter me livrado, de certa forma, de um peso que vinha fazendo mal não só a mim e culpa por pensar ter entregue 2 anos a uma qualquer.
Não é certo ver as coisas por esse lado, mas é impossível controlar a mente quando essa sai e voa rasante a sua frente num momento de completa turbulência e subjetividade.
Meus olhos não têm dono, agora; e meus sentidos vagam por aí sem destino certo ao qual correr.
Talvez realmente seja melhor... talvez eu não tenha o mínimo poder sobre as escolhas... talvez o mundo não me pertença tanto quanto cheguei a acreditar.
Agora, nessas madrugadas um tanto insípidas por não ter a quem escrever, dedico meu coração aos mortos e minha alma aos que estão por vir.
Sei que ainda sigo com a cabeça um tanto erguida pra disfarçar e que, por mais que eu queira, não consigo passar a odiar.
O que existiu foi lindo e o que existe ainda o é.
O que sempre vai existir é dúvida e o que deixou de existir é eterno, como se fosse ironia.
Espero que tudo se encaixe e que, no final, não sobrem pedaços avulsos.
Tragam-me vinho e fogo, a lua está aqui há tempos.
Deixem-me dormir e acordar e dormir e esquecer, porque não me resta mais nada senão o silêncio diante das memórias angustiantes... reminiscências de horas que não voltam.
Deixem-me livre, por favor.
E descansem enquanto o mundo não acaba.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Ruby Soho

Ecos de reggae vindo pela parede do meu quarto
Tá tendo uma festa no vizinho, mas eu tô aqui sozinha.
Dois amantes no quarto e um começa a gritar
Tudo o que tenho é esse olhar vazio e que não tem nenhum poder

Destino desconhecido

Ele tá cantando e ela está lá pra dar uma mão
Ele viu o nome dele no toldo, mas ela nunca entenderá
Mais uma vez, ele vai embora e ela fica com lágrimas nos olhos
Abraça-a com um gesto carinhoso, é hora de dizer adeus

Destino desconhecido

O coração dela não está batendo, pois ela sabe que o sentimento se foi
Ela não era a única a saber que havia algo errado
Seu amorzinho está longe e ela seca uma lágrima
Ela está se desmanchando, ela desaparece, é hora de dizer adeus

Destino desconhecido


rancid

quarta-feira, 1 de julho de 2009

utopias:

queria parecer com agyness deyn e ter uma vida estilo mayra dias gomes.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

"brown eyed girl"

Hey where did we go?
Days when the rains came
Down in the hollow
Playin' a new game
Laughing and a running
Skipping and a jumping
In the misty morning fog with
Our hearts a thumpin' and you
My brown eyed girl
You my brown eyed girl

Whatever happened
To Tuesday and so slow
Going down the old mind
With a transistor radio
Standing in the sunlight laughing
Hiding behind a rainbow's wall
Slipping and sliding
All along the water fall, with you
My brown eyed girl
You my brown eyed girl

Do you remember when we used to sing
Shalalalalalaladeeda
Shalalalalalaladeeda
Laadeeda
Shalalalalalaladeeda

So I had to find my way
Now that I'm on my own
Saw you the other day
And my how you have grown
Cast my memory back there lord hey
Now I'm overcome thinking about
Making love in the green grass
Behind the stadium with you
My brown eyed girl
You my brown eyed girl

Reel Big Fish
(minha nova descoberta. estou empolgadissima)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Happiness is a warm gun

Yes. It is.
Thank you, Mother Superior.
Now I need a fix 'cause I'm going down.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Seaside

But I'm just trying to love you in any kind of way, but I find it hard to love you when you're far away.

21 - 29

Aquela estranha sensação quando se troca o certo já tão incerto por algo mais incerto ainda, ainda mais quando nem se pensou em trocar.
Hoje o dia foi estático. Sem vento, com sol.
Meus joelhos estão rangendo mais que o normal e minhas unhas estão curtas de novo.
Parece que tem algo me rasgando por dentro... o que me faz querer gritar! Gritar o que ninguém jamais pensou ouvir - pelo menos não de mim.
Se sempre prezei algo, foi a liberdade, mesmo sabendo que com ela vem os mais perigosos e deliciosos e terríveis destinos.
Espero que as pessoas saibam fazer suas escolhas sem fazer mal pra ninguém... porque é assim que tento agir.
No meu coração de chocolate, resta um pouco de expectativa em relação a tudo, no sentido abrangente da palavra.
Expectativas não são boas, mas é impossível não criá-las.
Que meus amores durmam em paz... que eu fique em paz...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

The World is not Enough

I know how to hurt
I know how to heal
I know what to show
And what to conceal

I know when to talk
And I know when to touch
No one ever died from wanting too much
The world is not enough
But it is such a perfect place to start, my love

And if you're strong enough
Together we can take the world apart, my love
People like us
Know how to survive
There's no point in living
If you can't feel alive

We know when to kiss
And we know when to kill
If we can't have it all
Then nobody will
The world is not enough
But it is such a perfect place to start, my love

I feel safe
I feel scared
I feel ready
- And yet unprepared
The world is not enough
But it is such a perfect place to start, my love

Garbage

terça-feira, 16 de junho de 2009

pois é.

agora a vida volta ao normal.
Vamos ver no que vai dar...

terça-feira, 9 de junho de 2009

So

I'm waiting for my man rs

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Virada

Hoje ainda é sexta num quase sábado que ameaça amanhecer frio, fazendo com que a cama fique mais convidativa que o saudável.
Amanhã é dia de rezar e esperar pra que o tormento passe e que a boa nova chegue acompanhada de um príncipe encantado que traz um pouco de álcool e tabaco entre os dedos e vem cambaleando no meio fio ao invés de chegar em cima de um lindo cavalo branco, como o de napoleão.
Os contos de fadas mudam e as donzelas, também.
A princesa Bella agora tem cabelos curtos e se dormir por cem anos não vai fazer falta a ninguém. Traz acidez na língua e medo nos olhos sonolentos.
Espera madrugar e então dorme pra acordar logo depois um pouco mais velha, um pouco mais triste, um pouco mais morta.
Não mais se esperam cenas cheias de romantismo ou finais felizes.
Hoje as mocinhas procuram sexo casual e os mocinhos enchem a cara de vinho.
Hoje não existem feitiços ou pragas ou bruxas.
Hoje eu só queria que nenhuma historia começasse com "era uma vez".
Hoje eu só queria que essa merda toda acabasse.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Duas heranças

Do meu pai, herdei o temperamento e a tendência a ter aftas inconvenientes.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

duas lições:

Preocupação é burrice.
E, mesmo no outono, é bom utilizar agasalhos.

domingo, 31 de maio de 2009

Hefner narra a minha vida

Oh you promised you'd write before Easter, and now you damn well know that it's Autumn, and I missed you through those summermonths. We will always feel dismayed, it will only ever be OK. What's the point in getting laid? We're waiting for the better days.

sábado, 30 de maio de 2009

dia

Hoje é um daqueles dias que ficaria muito melhor com um café expresso e alguns cigarros sem compromisso. Mas só tenho o rock'n'roll.
Um daqueles dias em que só existe chuva, nostalgia, saudade e frio.
Hoje é sábado e domingo já vem pra estragar o clima.
Sábado é dia cinza. É dia de solidão e desejo.
É dia que parece ser manhã nublada o tempo todo.
Hoje é um daqueles dias que tenho vontade de viajar pra paris, mas como não posso, ficarei em casa.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Every Little Gesture

Cause every little gesture
Told a little truth
About the way she was feeling
She was eating far too much chocolate
And every time she said she really didn't mind
She was biting her bottom lip
Both of us trying to not get upset
Both of us being polite
I spent all night trying to tell her
This was not what I meant at all
She said: "You do as I say. But not as I do
And I was never untrue to you."

Hefner

datas

Nunca fomos bons com datas.
Decoramos algumas delas por acaso...
Mas agora deve estar fazendo um mês.
Um mês de vácuo, de vazio. Um mês um tanto sombrio, admito.
Foram alguns dias de solidão e poucos sorrisos.
Não tenho mais cheiro de cigarro entre os dedos e tão pouco dias memoráveis.
Quem sabe esse mês se transforme em anos.
Eu não sei. Só sei que datas não foram feitas para serem decoradas...
E sei que essa coisa dentro de mim vai demorar bem mais pra morrer.

sábado, 23 de maio de 2009

[nos]talgia

Smiths num sábado de manhã...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Você nasceu parar arder, meu amor.

Todos sabem desde a primeira vez que trocam olhares contigo.
Você nasceu pra arder, amor; e quem nasce pra arder está acostumado a ressurgir das cinzas.
Volte. Volte sempre e seja fênix.
Volte pra casa e esqueça o que aconteceu essa noite.
Me liga amanhã, como você nunca fez.
Quem sabe, então, seja possivel conversar.
Você esqueceu a garrafa de vinho e ela, inevitavelmente, acabou - assim como os cigarros, assim como a esperança de que algo dê certo algum dia.
Volte pra cá e busque suas roupas assim que estiver sóbrio.
Volte e me leva contigo, amor.
Me leva pra longe, pra perto do sol, para que eu possa queimar também!


Because it's all inside
Because it's all inside
I was born to fly, fly pretty high

Five years later on
She became my father
Taught me everything I know
She said: "You were born to burn my love"
I said: "Hey! I already know"

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Palavras sábias

Today's fortune: If you obey all the rules, you miss all the fun.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Quartas assim

São de quartas assim de que preciso.
Faltam algumas coisas e algumas pessoas, mas nisso a gente dá um jeito.

terça-feira, 12 de maio de 2009

05:59 a.m.

Por que desistir?

Beijos.
S.Plath

domingo, 10 de maio de 2009

Não me veja dançar.

Ela tem um jeito estranho
Pende entre pretendentes sobre um salto quebrado
Claro, seus desejos, eles não entendem
Ela, particularmente, foi mais machucada do que deveria

Nas conversas ela às vezes afirma
Fantasias costumam envolver becos sem saída
Ela achou sua coragem ao mudar de cena
Esta reunião dominical será curta para sua rainha

Seus melhores anos, gastou distraída
Voltando ao mesmo ponto
Com o passo certo, ela vai tentar sua sorte
Em outro lugar

Lá está ele há um passo de seus olhos
Recitando as palavras que, espera, ela aspire
Noite após noite uma luz fiel na costa
Se ele ao menos convencesse suas pernas a andar

Por favor, não me veja dançar
Oh não, não me veja dançar

Alguma coisa muda quando ela olha
O suficiente para lhe ensinar o que é um romance
Com o passo certo, eles tentam sua sorte
Em outro lugar

Little J.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Estou velha demais para paixões.

Ainda de manhã, com a ultima estrela apontando ao norte de quem olha pra lá, não tenho forças aparentes pra vencer mais um dia.
Caminhar pesado em direção ao destino que parece tão cruel e inexoravelmente premeditado como o próximo acorde.
Nada de novo. Nada novo, nunca.
Mesmas pessoas com suas mesmas caras de poucos amigos e sua efusiva simpatia quando lhes convém.
Dá vontade de gritar e sair correndo em direção ao primeiro buraco que me afaste de toda a hipocrisia presente em cada olho cansado que vaga pelo mesmo caminho que o meu.
Sujeira nas ruas e um pouco de sangue pulsando no lábio quase roxo de frio. Transeuntes desorientados e perdidos, como eu, passam e vão e nunca vem e nunca vêem que na verdade é mais uma ultima manhã de outono que passa correndo pela sua face na brisa sombria de madrugada mal acabada.
Noite mal dormida. Sono mal sonhado. E eu clamo por um descanso.
Um descanso num colo ou numa sarjeta. Um descanso completo.
Clamo por alguém que me tire desse inferno.
Clamo pela volta do sentimento.
Sentimento que foi embora. Que foi lindo. Que foi, amor. Foi, mas volta.
Acredito nisso.
Acredito no sentimento.
Mas estou velha demais para paixões.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

All I'm trying to say was

I'm in love with a feeling
I know that it shows
Yes I'm in love with a feeling
And I don't care who knows

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sexta Sábado Domingo

ainda estou me recuperando.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Rio 9.8.62

"Fumar, beber, amar, dormir sem sono. Observar as horas impiedosas que passam carregando um bom pedaçoda vida, sem dar satisfações."

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Obrigada, Tiradentes.

Eu precisava desses dias.
Precisava esquecer tudo pra lembrar só do que me faz bem.
Precisava passar um tempo comigo e com todos os meus outros eus.
Precisava que esse feriado durasse mais duas semanas e por mais que vc, tiradentes, não tenha valido o suficiente, obrigada, mesmo assim, pelo dia 21.

domingo, 19 de abril de 2009

1:30 a.m.

I'm Jim Morrison. I'm dead.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Lembrete: Promessas.

Prometo parar de roer as unhas e de fumar.
Não tomarei mais refrigerante nem comerei porcarias.
Lembrar de passar sabonete pra espinha e ler sempre que possível.
Observar o céu de manhã e fazer os exercícios deixados para serem resolvidos em casa.
Ligar para umas pessoas e visitar uma amiga que não vejo há tempos.
Prometo cortar o cabelo e lembrar de não cometer o mesmo erro duas vezes.
Lembrar de marcar horário no dentista e que semana que vem tem prova de química.
Prometo não me atrasar mais e secar os vãos dos dedos depois de todo banho.
Não esquecer de tirar o pó da minha caneca nova e de pesquisar sobre a floresta amazônica.
Prometo estudar pro vestibular e não cabular mais aulas.
Lembrar minha mãe de que o bolo está no forno e de costurar algumas peças de roupas.
Prometo me envolver menos com algumas pessoas e prometo levar outras mais a sério.
Lembrar de nunca prometer.
Prometo sempre me esquecer.
Amém.

sábado, 11 de abril de 2009

Life's a gas.

Ouvindo T. Rex num sábado quente e vazio.
Ingresso do show do New York Dolls me encarando e reminiscências de uma lua amarela e grande corroendo meu estômago ainda vazio.
Faz muito tempo que não vejo ninguém e não sinto nada.
Jesus morreu ontem, de novo; e eu renasci.
Renasci em olhos verdes e proclamei vida eterna a sei lá o que.
Jesus vai ressuscitar amanhã, de novo; e eu já vou estar com dor nas costas de tanto praguejar ao chão as certezas que o mundo me joga na cara.
Abracei muitos gatos de rua nesses últimos tempos... e depois de alimentá-los, eles me largaram em busca de comida mais bem feita.
Tá na hora de sair sem rumo e fazer milagre com 60 centavos. Tá na hora de esquecer dogmas e pessoas e seguir em frente sem me preocupar se amanhã é Páscoa ou ano-novo.
Eu quero abandonar o navio e nadar até a praia mais próxima.
Eu não aguento mais tanta encheção de saco e falsidade e pessoas efusivas que te esperam virar as costas pra lhe cuspirem na nuca.
Eu odeio três tipos de pessoas... e são os três tipos mais recorrentes.
Adeus aos que ficam.
Boa sorte aos que querem outra coisa além dessa busca incessante por nada em caminhos tortos.
Um beijo às donzelas que pensam ter encontrado os amores de sua vida.
Eu vou pular... antes que isso afunde.

Sobre o Amor e não existir

Tão exato e impreciso quanto a tua calma
Tão mortal para Narciso que tanto se amou
Imoral e duvidoso, ter ou não ter alma
Tão eterno e fugaz que logo acabou

É o amor, é o amor meu amor

Tão suave e corrosivo, água em pedra dura
Tem o estranho não sentido de dizer quem sou
Em seu golpe as estrelas da noite escura
Instantâneo e perene que nunca acabou

Pelebrói não sei?


sexta-feira, 10 de abril de 2009

Lembranças de outros outonos

And she walked away, well her shoes were untied,
And the eyes were all red,
You could see that we'd cried, and I watched and I waited,
'Till she was inside, forcing a smile and waving goodbye.

sábado, 4 de abril de 2009

Don't flake out on me.

Don't flake out on me,
Oh you promised you'd write before Easter,
And now you damn well know that it's Autumn,
and I missed you through those summermonths.

Oh you promised yourself you'd stop drinking
You were mighty and graceful when sober,
but all that gin, but all that wine...

We will always talk this way,
Tired and slightly jaded,
We will waste our tears and we'll be waiting years,
For the friends who always promised that they'd phone us.

We will always feel this way,
Faintly optimistic,
We will never lose the feeling that our hearts could be unbroken.

I've seen you get through these things before,
Just like you've seen me get through these things before.

We will always feel dismayed, it will only ever be OK.
What's the point in getting laid? We're waiting for the better days.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

"Se tive amores? Já não sei se os tive. Quem ontem fui já hoje em mim não vive. Bebe, que tudo é líquido e embriaga, E a vida morre enquanto o ser revive"

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O jogo

Nos fanados divãs das cortesãs mais velhas,
Pintada a sobrancelha, o olhar langue e fatal,
Num esgar, a fazer das pálidas orelhas
Tombar um retinir de pedra e de metal;

Sobre um verde tapiz, muitos rostos sem boca,
Como bocas sem cor, e maxilares sem dente,
Dedos em convulsão pela febre mais louca,
Sondando o bolso roto ou o seio fremente;

Sob os estuques vis, fila de frouxos lustres,
De candeeiros de mal projetados fulgores
Sobre as frontes letais dos poetas mais ilustres
Quem vêm desperdiçar os seus sangrentos suores;

Eis o negro painel que num sonho noturno
Vi desdobrar-se ao meu olhar claro e curioso.
Eu mesmo, num desvão do covil taciturno,
Encostei-me a tremer, o mais mudo e invejoso;

Desta gente invejava a paixão tão tenace,
Destas putas senis o prazer de tristeza
Galhardos, traficando à minha pobre face,

Um o antigo pudor, outra a sua beleza!

Eu pasmei de invejar tanta pobre criatura,
Correndo ao hiante abismo, e de alma alucinada,
Que tem no próprio sangue a embriaguez que procura
E que prefere a dor à morte e o inferno ao nada.

Charles Baudelaire

domingo, 29 de março de 2009

Segunda de manhã

Passando correndo pelo cascalho molhado de orvalho fresco ainda, ela sente a brisa de um novo dia acariciando-lhe as maçãs do rosto e também sente o gosto de algo inacabado tomando conta de sua saliva ainda inerte e tomada de soluços e desejo.
O dia amanhecia e suas roupas ainda estavam umidas de suor.
O arrebol tomava-lhe o olhar enquanto ela seguia num mesmo ritmo que lembrava um blues acelerado ou apenas preocupação, pois estava atrasada.
As ruas ainda estavam vazias; provavelmente, todos os transeuntes tão comuns àquele asfalto estivessem ainda dormindo, aproveitando seus últimos momentos de descanso, enquanto ela andava mais depressa, de olhos pouco abertos, atrofiados pela luz do sol ainda criança surgindo num horizonte que ela não conseguia enxergar.
Sentia-se feliz e leve, embora fosse inverno e suas roupas pesassem um bocado.
Seu nariz vermelho estava mais rubro que o normal e sua boca, ressecada por lembranças e vertigens, devaneios que a acompanhavam desde que saíra a caminho de sabe-se lá o que.
Ouviu os primeiros ruídos do dia. Carros começaram a ultrapassa-la numa velocidade surpreendente e pessoas surgiam nas bancas de jornal e nas padarias que tinham o noticiário da manhã passando em todas as tvs.
Seu coração havia desacelerado um pouco, podia agora respirar com calma e lembrar detalhadamente dos momentos passados há pouco.
Sabia que nunca mais voltaria. Ela era gato de rua, não queria ter dono.
Acabou chegando em lugar nenhum. E adormeceu.
Ela encontrara o amor da sua vida, mas preferia ter o destino como melhor amigo.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Correnteza

O sangue escorre pelas veias azuis que intensificam a palidez dos meus braços me deixando mais vulnerável mesmo que involuntariamente.
Com ele, passam os dias e os amores e só restam dúvidas pairando, sorumbáticas, no feixe de luz que invade o quarto pela janela numa manhã clara e aconchegante de quarta-feira pós-transtorno.
Palmas avançam tomando conta de todo o espaço que tem cheiro de tabaco queimado e café esfriando.
Não há viv'alma além de mim por aqui, mas ouço respirações vindas de outros corpos, mas talvez só seja efeito de tantos copos; eu não me importo agora.
Preciso de um pouco de certeza pra poder continuar sem tropeçar nas minhas próprias escolhas tortas que parecem justificar o caminho que segue a vida lamuriosa na corda bamba do destino.
Minha vida não tem guarda-chuva para se equilibrar, nem grandes feitos dos quais lembrar, nem mesmo um alicerce pra se apoiar.
E é quando o outono começa que percebemos o quão sozinhos estamos.
E as coisas parecem piorar quando há sol, vento, amor e saudade.

sábado, 21 de março de 2009

E é como olhar para o cano de uma arma

E então ela dispara e de lá saem todas estas palavras. Há um lado muito agradável em você, um lado que eu prefiro muito; que ri e faz brincadeiras.
Me lembra os abraços na cozinha, para relaxar as coisas. E era tão excitante!
Mas agora é meio difícil de lembrar isso, em um dia como hoje.
Eu estou enrascado novamente, não estou? Imagino que sim, porque você se virou de costas fazendo aquela cara de decepção silenciosa, aquela que eu não suporto!
Não podemos rir e fazer brincadeiras? Lembrar os abraços na cozinha para relaxar as coisas? Mas agora é meio difícil de lembrar isso, em um dia como hoje.
É, me desculpe por estar atrasado, eu perdi o trem e o trânsito estava engarrafado. E eu não quero ser forçado a continuar essa discussão que sempre ocorre quando você diz que eu não me preocupo.
É claro que me preocupo; óbvio que me preocupo!
Então ria e faça brincadeiras e lembre dos abraços na cozinha para relaxar as coisas. E era tão excitante!
Mas ainda é meio difícil de lembrar isso, ainda mais em um dia como hoje.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Pra completar o primeiro dia de outono:

"Já é outono! - Mas por que lamentar um eterno sol, se somos levados à descoberta da claridade divina - longe das pessoas que morrem sob as estaçãoes.
O outono. Nosso barco levado por brumas paradas vira para o porto da miséria, a cidade enorme de céu manchado de fogo e lama. Ah! os trapos podres, o pão enxarcado de chuva, a embriaguez, os mil amores que me crucificaram! Será que nunca acabará este vampiro rei de milhões de almas e corpos mortos e que serão julgados? Me revejo com a pele roída pelo lodo e pela peste, vermes no cabelo e vermes maiores ainda no coração, deitado entre desconhecidos sem idade, sem sentimento... Poderia ter morrido lá... Horrível lembrança! Detesto a miséria.
E temo o inverno porque é a estação do conforto."

Rimbaud

Bob Dylan num fim de tarde

um pouco de outono e fumaça.


'The answer, my friend, is blowing in the wind.
The answer is blowing in the wind'

segunda-feira, 16 de março de 2009

e o poderoso chefão

Manhã fria perdida nas lembranças de um ontem que já é distante por ser proibido.
Culpa pesando a consciência complacente que faz jus ao juízo que já não é mais por ser perdido.
Amores assombrados por mentes canibais que devoram corações por não os terem mais.
Pensamentos voando lânguidos em direção ao céu quase outonal por serem leves e difíceis.
Tempestades de verão fechando março num quase abril, derrubando folhas verdes que não chegaram a secar por serem prevenidas e jovens pra sempre.
E então um som siciliano, tocado num violão, lembrando o poderoso chefão, por ser triste como uma ultima segunda de verão.
No bar um brinde ao sexo, outro às drogas, e um gole ao rock'n'roll, por ser.

sexta-feira, 13 de março de 2009

500

Confia na tua mente e no teu maço de marlboro. Tem dias que são os unicos dignos de sentimento.

Lua cheia

Sexta-feira treze.
Hoje trago um pouco de ódio e um pouco de duvida.
Acordei folk e vou dormir rockabilly.
Tô precisando de muitas coisas agora.
muitas. mesmo.

bom sabado quatorze pra mim.
afinal, hoje já acabou.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Supra-Sumo

Uma quinta-feira quente; Não tanto quantos tantas outras quintas, mas, ainda assim, quente. Quente o suficiente pra me fazer clamar por inverno. Mas ainda é outono, e as folhas caem lânguidas e flores pintam o chão de roxo enquanto as pessoas fumam e nós reclamamos do tédio. O tempo parece rastejar e num instante, depois de tanta coisa, os sentimentos dissimulados que todos sentem mas não gostam de demonstrar acabam querendo gritar, fugir, correr; e escapam pelos poros, pela boca, pelos olhos indômitos - e quando isso acontece, mate-se uma amizade de anos, um romance de meses, uma certeza que vivera poucos segundos. Hoje é quinta-feira. O céu borrou a cor no fim da tarde e me fez esconder a raiva embaixo do tapete. Hoje não teve amor, nem paz, nem esperança. Hoje foi um dia morto. Morto, mas ainda não enterrado. E ele fede a mofo e insensatez, à loucura e gim; cheira a musgo, podridão e incapacidade. Já é noite. Noite quente. Tão quente e sozinha como tantas outras... e fede a fim.

quarta-feira, 11 de março de 2009

necessário constar:

Hoje ganhei uma barra de chocolate Wonka, comecei a ler rimbaud e escrevi um poema.

haha;

terça-feira, 10 de março de 2009

só pra constar:

keep me in miiiiiiiiiiiind.

segunda-feira, 9 de março de 2009

ao remetente;

É engraçado dar-se conta de que não é você que segue a vida; é o cenário que passa, correndo, como as horas que são todas suas e sem dono.
A estrada corre ao contrário, como ponteiro de relógio no espelho que te remete ao tão esperado encontro entre alma, corpo, coração, desejo. A imagem tão sincera nas primeiras horas da manhã, que no fim da noite, retorcida e suja, te joga na cara um cuspe amarelo cheio de verdade e dor.
Em uma dessas olhadas a si mesmo, qualquer um depara-se com um monstro, e joga a culpa no mundo, nas rugas, na gravidade e até mesmo em deus.
Talvez você tenha mudado. Mudado como aqueles tantos garotos e garotas, que sempre pertenceram ao mundo e às suas delicias. Talvez você esteja mudado como aquelas certezas antigas que abriram feridas tão eternas quanto vivas.
Terrível - mais terrível do que perceber-se como tudo o que há de ruim - é encarar a vida como algo longo e mortífero. Você, sim, tem todo o tempo que o mundo te deu e tem de fazer dele o tempo mais belo e efêmero.
Sabes que o amor que sinto por ti é maior do que o destinado a qualquer outro, a qualquer outra.
No meio da poeira e dos livros numa madrugada perdida entre tantas outras madrugadas de tantos outros perdidos, me deparo com incertezas e medos e fantasmas que, na verdade, nunca foram embora.
E quando raios fazem-se luz de varanda e ventos brindam em uníssono a chegada de uma nova estação, eu só queria paz. Um pouco de paz e sublime esperança. Um pouco mais de esforço. E tua companhia.

sábado, 7 de março de 2009

sábado a noite

Hoje vou me fantasiar de Allen Ginsberg e sair por aí comendo garotinhos.

É sério.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Judie e Peter

"Na penumbra encararam as órbitas escurecidas dos olhos um do outro, para os olhos levemente luminosos de si mesmos, e ficaram pensativos e escutaram a chuva nos telhados. Sabiam tanto um sobre o outro, no fim, que devia ser impossível que brigassem outra vez. Todo o mundo chovia, mas eles estavam juntos na atmosfera cálida e doce de si mesmos, na luz tênue que seus olhos emitiam na escuridão, no clima que seus corpos faziam ao se abraçarem, ao sabor de sua tristeza amorosa. Estavam completamente sozinhos, juntos na doçura daquilo e só então, por alguma razão só então, puderam recordar do enorme amor que deviam sentir por todos no mundo. E a sabedoria do fato afetuoso de que se amavam era muito verdadeira e definitiva. Tanto que ficaram por horas juntos no escuro sem dizer palavra, ficaram só ali, quietos."

De Cidade pequena, cidade grande
Jack Kerouac

quarta-feira, 4 de março de 2009

it's all about

Era um lance de vontade nos olhos e uma vida inteira nas mãos.
Eles sabiam disso.
Só eles.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Não precisa disso

Está faltando algo.
Muito me lembro das poucas vezes que me senti completa, mas agora não é uma dessas vezes.
Não sei se falta chuva, se faltam olhos, se falta o tato, se falta sangue. Sei que há um buraco que arde, grita, clama, e dorme pra acordar daqui a pouco.
É um vazio estranho e inseguro, nada como um espaço ou uma cama sem ninguém; é um vazio sem nome e sem senso, completo e traiçoeiro e fingido.
Talvez falte só a certeza, a certeza em cima de alguma coisa qualquer.
Talvez eu esteja esperando algo que nao vai acontecer tão cedo.
Talvez eu só precise escutar as mesmas palavras um pouco mais e mais e mais uma vez.
Não sei quanto tempo falta... não sei quanto tempo tenho... não sei o que me espera ou o que eu espero... não sei mais; eu nunca soube.

domingo, 1 de março de 2009

Levinsky diz:

"Os bêbados ou viciados ou sejam lá quem forem que comem cabeças de galinhas vivas nos parques de diversão... nunca ouviu falar de aberrações? Ah, a questão toda está aqui! Todos neste mundo estão se sentindo como uma aberração... você não vê? Não sente o que está acontecendo ao seu redor? Toda a neurose e a moralidade restritiva e as repressões escatológicas e a agressividade suprimida finalmente assumiram uma vantajosa posição de controle da humanidade - todo mundo está virando uma aberração! Todo mundo se sente como zumbi, e em algum lugar nos confins da noite, o grande mágico, a grande figuraa de Drácula da desintegração e loucura modernas, o gênio sábio por trás de tudo, o diabo se quiser, está controlando tudo com seus cordéis de promessas e feitiços."

de Cidade pequena, cidade grande
Jack Kerouac

sábado, 28 de fevereiro de 2009

nota

É sábado de manhã.
A casa está vazia e tem sol o suficiente lá fora pra cegar minha vista cansada.
Meus únicos amigos estão agora assistindo a um filme e eu estou aqui por pura preguiça, por pura falta do espírito aventureiro que tanto invejo nos jovens de coração.
Terça-feira agora completo 17 anos bem mal vividos com um pouco mais de peso nos pulmões do que na cabeça, e agradeço por isso.
Dessas 17 primaveras levo alguns conhecidos, poucos amigos com quem me importo e amores que não preenchem uma mão, mesmo sendo grandes, intensos e eternos em sua maneira.
É engraçado, engraçado e estúpido, mas até que não foram anos de se jogar fora.
Eu não vou me arrepender como se fosse mais uma promessa pra mim mesma.
Tenho o número de todas as pessoas com quem quero falar, embora quase nenhuma suporte falar ao telefone; os filmes que perdi hoje estão na locadora e, porra, eu ainda vou completar 17, e é uma idade bonita.
Você sabe, como diziam os stray cats: "she's sexy and seventeen. My little rock'n'roll queen"
haha

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A festa

Já falei tantas vezes
Do verde nos teus olhos
Todos os sentimentos me tocam a alma
Alegria ou tristeza
Se espalhando no campo, no canto, no gesto
No sonho, na vida
Mas agora é o balanço
Essa dança nos toma
Esse som nos abraça, meu amor (você tem a mim)

O teu corpo moreno
Vai abrindo caminhos
Acelera meu peito,
Nem acredito no sonho que vejo
E seguimos dançando
Um balanço malandro
E tudo rodando
Parece que o mundo foi feito prá nós
Nesse som que nos toca

Me abraça, me aperta
Me prende em tuas pernas
Me prende, me força, me roda, me encanta
Me enfeita num beijo

Pôr do sol e aurora
Norte, sul, leste, oeste
Lua, nuvens, estrelas
A banda toca
Parece magia
E é pura beleza
E essa música sente
E parece que a gente
Se enrola, corrente
E tão de repente você tem a mim

às vezes eu sou mesmo uma mulherzinha
essa é pra você.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sorry

I’m sorry of being so emotional
I’m sorry of being so possessive
I’m sorry that I cry for you
I’m sorry because I can’t live without you

I’m sorry for the tears you shed
I’m sorry for the damage I made
I’m sorry I’ve made you sick
Sorry I hurt you so deep

I’m sorry for giving you sleepless nights
I’m sorry for each and every fight
I’m sorry for your pain & agony
I’m sorry for the missing harmony

I’m sorry for my selfish love
I’m sorry for not caring enough
I’m sorry for my restlessness
I’m sorry for the losing grace

I’m sorry my friend I made you mad
I’m sorry darling you are so sad
Sorry for not giving you any happiness
Sorry because it’s my disgrace

I’m sorry for thinking of you so very much
I’m sorry I always miss your touch
I’m sorry of being so mad about you
I’m sorry for my every blue

I’m sorry of being so immature
I’m sorry now that can’t be cured
I’m sorry of being myself
I’m sorry that I’ve failed

I’m sorry and sorry again
I’m sorry of being insane
But believe me that I love you
Should I say sorry for that too?

Sourav Rcy

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

pré terça-feira de carnaval

Esse texto não será editado jamais.
Limito-me a escrever certo minhas palavras tortas fazendo o mínimo de barulho possível pra não atrapalhar a música.
São quase três da manhã. A casa ronca no invariável sono de família traída por mim enquanto meninos pulam o carnaval que ainda não é e meninas pulam nos meninos que ainda não são - que ainda não são meus.
Resolvi escolher uma banda de boogie pra trilha-sonorizar a madrugada deprimida de cor ocre e silêncio latente que me engole e me cospe e me lambe e torna a me mastigar.
Sinto decepcionar muita gente por simplesmente tentar corresponder as minhas ambições um tanto egoístas e puras demais pra serem compreendidas de primeira (ou de segunda, ou de terceira, ou de quantas outras tentativas qualquer um tentar ter pra entender minhas ações).
É nessa hora, de total solidão, guitarras e pianos que a consciência inconsciente acorda, se espreguiça e me dilacera o pulmão estufado em suspiros de memórias e medos.
Meu coração já não pensa, já não se responsabiliza pelos seus atos e eu que arco com as consequências presentes num arco de bolhas de sabão que flutuam pelo mundo imundo trazendo de volta toda a sujeira que fica escondida embaixo do tapete de asfalto manchado de sangue e vinho que se confundem com sonhos e anseios quando as bolhas resolvem retornar pesadas e infames.
Peço perdão a mim por me enganar tanto e perdão a todos os poetas desse mundo por tentar me convencer nessa madrugada quente de cometa e folia que amor é eufemismo.
Eu estou suja, por dentro e por fora, mas o céu continua limpo e infinito e inteiro.
E essa noite, essa noite o céu é meu, só meu, só o céu.
Os outros pertencem ao mundo que pertence a eles...

Every mother's son*

Well, the memory I had of him had crumbled from my mind
I really didn't think he'd still be waiting here for me
Please tell him that I said hello
Explain to him I didn't want to go


*um trecho modificado de um som do Humble Pie.
Ótima banda, ótima musica.
boogie.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Exoticos

Ele sempre fora charmoso.
Tinha lábia de galanteador e gingado de malandro tipo zé carioca com chapéu Panamá.
As garotinhas caiam aos seus pés porque gostavam, mesmo que inconscientemente, de uma fuga relativamente rápida do estereotipo de homem bonito.
Ele se divertia. Devorava corações e cuspia pedaços de seu pulmão degradado pelo cigarro.

Ela era um tanto tímida.
Cortara os cabelos como um sinal de rebeldia latente que queria avisar ao mundo que estava chegando. Tinha os dentes amarelados por culpa do café e a pele branca por falta de melanina.
Os garotos a enxergavam como um amigo e o amor de sua vida até então tinha sido um vizinho pequeno e gordinho, que a tratava como uma mulher. O único.
Ela o adorava e pensava ser inteiramente feliz. Talvez o fosse mesmo.

A cidade não tinha muita diversão.
Eram sempre as mesmas pessoas, nos mesmos lugares, falando sobre os mesmos assuntos chatos sobre as vidas das mesmas pessoas chatas que frequentavam os mesmos lugares chatos.
Os horizontes dele foram abertos há tempos... os dela ainda estavam em estágio fetal.
Se trombaram por acaso num misto de tédio e amigos em comum enquanto o caos seguia indiferente e as pessoas iam pra casa depois do trabalho ainda embaixo de sol por causa do horário de verão.
Era comum chover. Ele sempre chegava molhado e ela sempre estava esperando há algum tempo.

Nunca combinaram nada. Tudo corria naturalmente; sem pressão, sem pressa, sem ritmo.
Ela aprendera alguma coisa sobre livros e ele estava descobrindo como era se prender a alguém.
Era uma troca de favores sem o peso de denominação alguma.
Eram, por si, sós e agora estavam juntos.

Eles mudaram um bocado com o passar do tempo.
Cresceram na mesma proporção grande e harmoniosa de um casal de linhas paralelas que por ventura se trombavam no infinito repleto de qualquer coisa.
Ele sempre teve outras. Ela, por vezes, também.
Mas isso não importava. Não muito. Não pra eles.

E como dizia alguma dessas escritoras de livros de banca de jornal, entre eles o ar tinha gosto de sábado, e eles deveriam ter sido mais espertos guardando toda aquela luz pra eles, pois ela acabou cegando os pobres de coração e doentes de espírito; e como se fosse uma regra que nunca tem uma excessão, eles foram cancelados.

As cortinas baixaram e a plateia ovacionou o fim do espetaculo que nem teve tempo de atingir o ápice.
Não haveria mais mocinho e mocinha, nem grandes beijos cinematográficos ou cenários encantados.
Hoje cada um tem sua vida. Cada um tem sua estrada.
É certo que um dos dois ainda pensa que os caminhos voltem a se cruzar em algum trevo de quatro folhas e enquanto isso não acontece, as pessoas que compraram os ingressos da primeira fila pedem autógrafos físicos aos personagens principais para que eles não tenham tempo de encenar um novo romance entre eles.

Só queria deixar claro, pra qualquer telespectador dessa cronica entre duas pessoas que simplesmente se encontraram em um momento de solidão e liberdade e resolveram se completar sem fazer mal há ninguém, que essa historia ainda terá seu grand finale.

Ele se sente só

Não se controla quando alguém lhe chama atenção
Não vê chances de se entregar a uma pessoa só
Seu coração é repartido em pedaços e em vão
Sua cabeça pensa em conquistar
Sem atar nenhum tipo de nó

Pra congelar os dedos só se for por cartão postal
Não quer fincar os pés num amor do tipo mortal
Destes que tem começo, meio
E quase sempre um triste final
Ele quer ser de todas
Como num eterno carnaval

Mas ele se sente só
Quando a noite cai
E quando vem o vazio
Ele nem sabe pra onde vai
Mas ele se sente só
Quando a manhã vem
Nunca está sozinho
Mas não quer olhar pra cara de ninguém

porque me lembrou

um trecho

“Eu queria odiar você, falei: ‘Por que veio? Porquê?´. Eu desejava tua companhia. Passava das onze; fui até a porta com ele e saí na noite fria de Agosto. ‘Venha cá’, ele me disse, ‘Preciso falar uma coisa bem baixinho: Gosto de você, mas não muito. Não quero gostar muito de ninguém’. Então levei um choque e revidei: ‘Eu gosto muito das pessoas ou as detesto. Tenho que ir até o fim, fundo, mergulhar, conhecê-las de verdade!’. Ele foi claro: ‘Ninguém me conhece!’. Então acabou, ponto final. Naquela noite foi duro dormir.” [ Diário – 18 de Agosto de 1950 ]


sylvia plath

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

um ano e doze dias

Não vejo a hora de ir embora e largar esse inferno e levar algumas coisas e algumas pessoas comigo.
Cansei de ficar presa e de nunca poder fazer o que quero.

parecendo uma adolescente chata no meio de uma crise existencial
talvez eu seja isso mesmo.
ah. foda-se!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

já é quase amanhã

Deixando a profundidade de lado
Eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia
Fazendo tudo de novo e dizendo sim à paixão morando na filosofia
Eu quero gozar no seu céu, pode ser no seu inferno
Viver a divina comédia humana onde nada é eterno

desde ontem

Que essa seja a pior semana do ano.
Por favor!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Quinta-feira, 12.

Choveu quase que o dia todo e o frio fez com que muitos não fossem para a escola hoje.
Os corredores brancos pareciam os de um hospital, com seus morimbundos jogados pelo chão com cara de cansaço fisico e mental.
Estava mais quieto e menos quente.
Foi uma boa quinta, apesar dos pesares.

E uma boa sexta-feira 13 pra mim HAHAHA

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Young Folks

If I told you things I did before
Told you how I used to be
Would you go along with someone like me?

If you knew my story word for word
Had all of my history
Would you go along with someone like me?

I did before and had my share
It didn't lead nowhere
I would go along with someone like you
It doesn't matter what you did
Who you were hanging with
We could stick around and see this night through

And we don't care about the young folks
Talkin' 'bout the young style
And we don't care about the old folks
Talkin' 'bout the old style too
And we don't care about their own faults
Talkin' 'bout our own style
All we care 'bout is talking
Talking only me and you

Usually when things has gone this far
People tend to disappear
No one will surprise me unless you do

I can tell there's something goin' on
Hours seems to disappear
Everyone is leaving I'm still with you

It doesn't matter what we do
Where we are going too
We can stick around and see this night through

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O garoto mais lindo da cidade.

"Ele vem descendo a rua.
Ele vem imaginando uma solução.
Ele anda no mundo da lua.
Ele anda na sua solidão"
O domingo começara claro com aquele sol de manhã de verão entrando pelas frestas da janela de madeira iluminando meu quarto só meu e das minhas duvidas e do meu gato que dormia em cima da minha mão ocupando muito espaço na minha cama.
O dia tinha cheiro de final de final de semana e minha boca tinha gosto de tabaco enquanto as reminiscências de um sábado triste e chuvoso cobria meus olhos por eu ser tão entregue e tão sozinha e tão idiota e tão toda coração.
Na noite anterior eu havia deixado meu amor escapar pelos meus dedos inteiro pronto pra ser atacado por qualquer biscate que o quisesse. Meu amor que tem o tamanho do vácuo dos meus braços e que tem meu estômago por inteiro e o pedaço de pulmão que ele quiser.
Meu peito doía e não era dor física, era angustia e medo e eu resolvi abrir a janela e encarar o dia e começa-lo de vez sem esperança alguma, porque, se alguma vez ele chegou a prometer algo eu sabia que não ia cumprir.
Fiz força pra destravar as folhas de madeira e minha cabeça doeu assim que dei de cara com a luz que vinha do céu e de todas as outras partes vivas daquela manha viva de domingo morto pra mim.
Eu precisava descer as escadas e comer algo antes que vomitasse. Foi o que eu fiz.
A casa estava vazia com um recado na geladeira pra mim, avisando que viriam me buscar lá pelas três e me levar junto por mais que eu não quisesse ir.
No final do recado haviam as palavras "com carinho" e assinatura nenhuma.
Desejei com todas as minhas forças que qualquer um dos meus amores - os platonicos não praticantes, os platónicos distantes, os platonicos mortos ou os platonicos por si só - viesse me buscar e eu não pensei em cavalo branco ou buquê de flores; eu queria mesmo algumas cervejas e uns cigarros e um abraço e umas palavras de conforto.
Desisti de comer, não tinha fome e nem mais estômago e abri uma cerveja do meu pai (se não tivesse amor, pelo menos tinha álcool).
Sentei na cadeira de cara pra casa do cachorro ausente e pensei em muitas coisas ao mesmo tempo e no final não me lembrava de nenhuma.
Terminei a cerveja e pensei em pegar mais uma, mas estava com nojo de mim então fui para o banho antes. Involuntariamente olhei pro relógio antes de fechar a porta do banheiro e descobri que não tinha se passado nem metade do dia e eu já implorava pra que ele acabasse.
O chuveiro estava gelado e as luzes, apagadas. Encostei na parede fria e deixei que a água me purificasse, como num rio sagrado, e revolvi memórias e defesas e rezei por toda criatura viva. Rezei pelos que eu não lembrava e pelos que não lembravam de mim. Rezei pelos que morreram e pelos que insistiam em viver. Rezei pelo meu avô e pelo cara da TV. Não rezei por mim, porque não quis. Rezei pela garota que achava que sabia o que era amor e que acreditava nisso. Rezei pelo menino com acne que bate punheta toda manhã antes de sair pra ir pra escola. Rezei pela puta e pelo cuzão. Rezei pelas senhorinhas que saiam para ir à feira e rezei pelos beatos que não acreditavam mais em Deus. Rezei pelos homens desacreditados e pelos meninos perdidos. Rezei pelas minhas amigas e pelos meus homens. Rezei e desliguei o chuveiro.
Sai molhando a casa, enrolada na toalha. Andei devagar até meu quarto e coloquei uma roupa limpa. Esqueci de fechar a janela antes de jogar a toalha em cima da cama desarrumada, mas isso foi detalhe.
Era quase uma da tarde quando o telefone toca.
O rapaz bêbado do outro lado precisa de sexo e precisa conversar.
Dediquei-lhe alguns minutos ao telefone. Ele queria enfatizar o quanto eu não gostava dele e dizia que estava apaixonado e que queria me ver. Deixamos o assunto sexual pendente pruma outra hora, prum outro dia, pra quase agora, quem sabe. Ou não.
Liguei o computador pra ouvir musica. Não queria saber de conversar com mais ninguem. Eu precisava só ouvir e mais nada.
Liguei pro namorado da minha amiga e disse que estava descendo rapidinho pra pegar uns cigarros com ele. Ele disse que tudo bem mas pediu pra eu me apressar.
Vesti meu tênis sem meia e sai correndo. Ele me esperava no portão com 3 cigarros na mão e disse que não me dava mais porque restavam poucos pra ele. eu não discuti, nem poderia, e voltei correndo pra casa depois de lhe agradecer devendo mais uma vez minha alma a alguém.
Cheguei em casa sem fôlego e tirei o tênis na entrada. Peguei uma caixinha de fósforo e subi as escadas pra minha e só minha area de fumantes e acendi um cigarro na sombra.
Saia Doors do computador e entrava paz nos meus pulmões.
Acendi um cigarro no outro pra aproveitar a brasa e joguei o filtro fumado em cima do telhado que já está repleto de bitucas.
Conferi o horário e estava quase na hora de me buscarem pra fazer algo que até então não sabia o que era.
Terminei meu cigarro e guardei o outro pra depois, entre o kerouac e ginsberg, na minha caixa de artista.
Tomei outro banho pra disfarçar o cheiro e escovei os dentes.
Coloquei uma calça e uma camiseta e sentei na cama encarando a tv enquanto a voz do jim morrison saia e invadia o quarto inteiro me transportando pra outra dimensão totalmente inventada por mim naquele momento de pura solidão e conhecimento até que o telefone toca.
Implorei pra que fosse o bêbado de outrora ainda precisando de uma garota qualquer pra satisfazê-lo pra eu não pensar duas vezes e me jogar no meio das pernas dele e poder me livrar daquele gozo preso nas minhas entranhas.
Eu atendi o telefone e respondi apenas com um "tá" e peguei meu óculos escuros e desci as escadas.
O carro me esperava na porta e o tempo estava fechado. Deixei o óculos no sofá da sala e tranquei a porta depois que sai, sem conferir se o gato estava dentro ou fora de casa. Gritavam meu nome e me apressavam e eu peguei o tenis que havia largado na porta e o vesti no caminho.
Começou a chover assim que entrei no carro - como acontece nos filmes - e o domingo, como um típico dia de verão, que fora só sol e calor, agora era cinza e cinza e chão.
A chuva ainda estava fraca e depois de um tempinho chovia e fazia sol. Alguma viuva devia estar casando, mas isso não era de meu interesse.
Meu interesse descia o morro, bem perto e muito longe de mim, enquanto o carro seguia na subida íngreme. Ele tinha os cabelos molhados e o olhar de gato de rua inconfundível. Encarou as janelas escuras do carro como se soubesse que eu estava a observá-lo com água na boca e vontade nos olhos, mas garanto que ele nem pensava em mim.
Insisto em fingir que ele ainda é o amor da minha vida simplesmente pra eu me enganar e fingir que não sofro porque paixões platonicas só existem porque sim e não fazem mal se eu não quiser que façam.
Mas não, não adianta.
Ele só é o garoto mais lindo da cidade.