quarta-feira, 29 de setembro de 2010

The Last Lost continent

We are but lovers
We are the last of our kind
And if we let our hearts move outward
We will never die

terça-feira, 28 de setembro de 2010

...

eu lhes diria para terem um caso de amor
fracassado, hemorróidas, dentes podres
e beber vinho barato,
para evitarem a ópera e o golfe e o xadrez,
seguirem trocando a guarda de suas
camas de parede em parede
e depois eu lhes diria para terem
outro caso de amor fracassado
e nunca usar uma fita de seda na máquina
de escrever,
evitar os piquiniques em família
ou serem fotografados em um jardim coberto de
rosas;
para lerem Hemingway apenas uma vez,
pularem Faulkner
ignorarem Gogol
olharem fixo para as fotos de Gertrude Stein
e ler Sherwood Anderson na cama
comendo biscoitos Ritz água e sal,
perceberem que as pessoas que não param
de falar sobre liberação sexual
na verdade estão mais assustadas do que vocês.
para ouvirem E. Powel Biggs debulhar o
órgão no rádio enquanto estão
fumando um Bull Durham no escuro
numa cidade estranha
restando apenas um dia pago de aluguel
após terem desistido de tudo
amigos, parentes e empregos.
jamais se considerem superiores e/
ou dentro da média
nem nunca tentem sê-lo.
tenham um outro caso de amor fracassado.
observem uma mosca sobre uma cortina de verão.
jamais tentem ter sucesso.
não jogem sinuca.
deixem que uma fúria legítima tome conta de vocês
quando seus carros estiverem com um pneu no chão.
tomem vitaminas mas não levantem pesos nem corram.

então depois disso tudo
revertam o processo.
tenham um bom caso de amor.
e a coisa
que vocês talvez aprendam
é que ninguém sabe nada -
nem o Estado, nem os ratos
nem a mangueira no jardim nem a Estrela Polar.

Bukowski, o grande.

domingo, 26 de setembro de 2010

"The last man on Earth sat alone in a room. There was a knock on the door."

terça-feira, 21 de setembro de 2010

meio-dia

No caminho pro trabalho, sempre passo por uma rua deserta; paralelepipedos soltos e cheiro de mijo perto de cada poste. As paredes pichadas e ao fundo crianças jogando futebol embaixo do sol escaldante do meio dia. Horário ingrato.
Jogo meu cigarro sempre uns três passos antes da calçada e, como se fosse um ritual, atravesso a rua em diagonal pra não atrapalhar o jogo dos pobres menino descalços no único pedaço de asfalto das redondezas.
Na calçada, meses, um senhor coloca cimento fresco, do qual tenho que desviar todos os dias. Ele me olha, não nos cumprimentamos, por mais que nos conheçamos mais que ele a mulher e eu aos meus amigos.
Ele finge não rir toda vez que eu tropeço ao desviar do material de construção, eu finjo que não vou ter uma velhice medíocre como a dele, onde minha maior diversão vai ser observar jovens indo trabalhar embaixo de sol enquanto eu faço cimento pra nada.
Passo pela igreja, cada dia um casal diferente, limpo os óculos e tento ver as horas no relógio, em vão, todos os dias.
A praça infestada de pombos e cachorros e mendigos e eu não olho pros lados pra não correr o risco de ser atingida por um cumprimento torto de olhos fechados pelo sol forte do dia sem sombras.
Vem vindo chuva ao longe, mas ninguém percebe, e enquanto eu corro pra não me atrasar ainda mais, a vida segue na praça e os mendigos dividem comida com os cães e os pombos e pessoas enfrentam filas do banco e existem famílias inteiras almoçando hot-dogs na calçada cheia de amoras afinal a primavera está chegando e a vida continua.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Awake my soul

How fickle my heart and
How woozy my eyes
I struggle to find any
Truth in your lies

And now my heart stumbles
On things I don’t know
My weakness I feel
I must a finally show

Lend me your hand and
We’ll conquer them all
But lend me your heart
And I’ll just let you fall

Lend me your eyes
I can change what you see
But you soul you must keep
Totally free

In these bodies we will live
In these bodies we will die
Where you invest your love,
You invest your life

mumford&sons

terça-feira, 14 de setembro de 2010

winter winds

And my head told my heart
"Let love grow"
But my heart told my head
"This time no"
Yes, my heart told my head
"This time no
This time no"

liar

And you lean in for your last kiss,
Who in this world can ask me to resist?
Your hands cold as they find my neck,
Oh this love I have found, I detest

after the storm

And there will come a time, you'll see, with no more tears.
And love will not break your heart, but dismiss your fears.
Get over your hill and see what you find there,
With grace in your heart and flowers in your hair.

rain on me

But plant your hope with good seeds
Don't cover yourself with thistle and weeds
Rain down, rain down on me
Look over your hills and be still
The sky above us shoots to kill
Rain down, rain down on me.

domingo, 12 de setembro de 2010

ultimo

Eu não queria sair de casa, mas me ligaram e eu quase nunca recuso convites que envolvem cerveja em noite de sábado.
Me apressavam como sempre. e eu estava com problemas - profissionais e pessoais.
Tinha acabado de abandonar mais um amor da minha vida... e eu não tinha nem 19 anos completos.
Eu comi um pedaço de torta de morango, depois de chegar acabada do trabalho.
Coloquei meu ultimo cigarro no bolso da minha camisa de flanela, e sai de casa como se fosse dona do mundo, lamentando por tudo e por todos e pedindo paz de espirito.
Entrei no carro, não falei com ninguem. E acreditava tanto no mundo, que abandonei meu isqueiro em casa.
No caminho eu almejava uma cerveja e rezava pra que ninguém mais entrasse no carro. Conferia o tempo todo se meu cigarro estava vivo, enquanto meus pais falavam sobre as mulheres velhas que faziam cirurgia plástica e começavam a usar micro vestidos.
A lua sorria, a noite corria, minhas costas estavam insuportáveis, e eu pedi pra descer um ponto antes do esperado.
Sai andando, com meu tenis e seus buracos, fazendo cara de poucos amigos pra não ter que cumprimentar ninguém. Eu só queria chegar logo, abrir uma latinha e fumar meu ultimo cigarro.
Cheguei, bati no portão, alguém apareceu no muro pra conferir quem eu era.
Entrei, cumprimentei as pessoas, abri a geladeira e tomei uma latinha.
Coloquei a mão no bolso da camisa..
Ali jazia um cigarro, e em meio ao tabaco abandonado no bolso, chorei por todos os corações partidos no mundo.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

velha demais pra paixões

Meus amores costumavam durar mais.
Lembro que chegavam a durar anos; me maltratar por períodos infindáveis e depois cuspir tudo na minha cara pra eu cuspir na cara de alguém.
Eu acreditei em amor à primeira vista uma vez, e na segunda, não durou nem um mês.
Agora surgem amores novos toda a semana, e os antigos morrem e renascem numa sequência tão frenética que parece que um pedaço meu sempre vai ficando pelo caminho.
Não sei mais no que acreditar - eu velha demais pra paixões.
Eu quero chegar a noite em casa, ter uma cerveja, ler um pouco de bukowski e ir dormir embriagada. Acordar, esquecer que existe vida antes ou depois, e viver.
Quem disse que a gente precisa de um amor pra ser feliz? Eu sei quem foi, mas não quero acreditar.
Eu só preciso de uns poucos amigos e ter alguém com quem conversar quando a madrugada rompe e todos os meus fantasmas me atacam.
Mas sempre falta alguma coisa... a gente nunca ta satisfeito.
E sempre vem o amor nos dilacerar de novo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

verdade

"Andei amando loucamente, como há muito tempo não acontecia. De repente a coisa começou a desacontecer. Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas. Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer."


caiof.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

independencia

Ele chegou e já colocou stones pra tocar.
Ela abriu uma cerveja.
Eles fingiram conversar por um tempo
e se renderam.

Ele acendeu um cigarro depois da trepada
e começou a recitar bukowski.
Ele queria conquista-la.
Ela nunca mais seria conquistada por ninguém.

Ele mostrou alguns desenhos
Ela comentou sobre Caravaggio.
se vestiram.
Ele foi buscar mais uma cerveja.

Ele voltou.
A cerveja trincando.
Ela colocou bob dylan pra tocar
e eles treparam mais uma vez.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

It's so Hard

You gotta live
You gotta love
You gotta be somebody
You gotta shove
But it's so hard, it's really hard
Sometimes I feel like goingdown

You gotta eat
You gotta drink
You gotta feel something
You gotta worry
But it's so hard, it's really hard
Sometimes I feel like going down

But when it's good
It's really good
And when I hold you in my arms baby
Sometimes I feel like going down

You gotta run
You gotta hide
You gotta keep your woman satisfied
But it's so hard, it's really hard
Sometimes I feel like going down

John Lennon

sábado, 4 de setembro de 2010

love will tear us apart again

Ela resolveu ligar. Era sábado de madrugada.
Não existe melhor horário pra ligar pra alguém.
Ele atendeu. Disse que não queria conversar, que depois se falavam. Ela desligou, sem pestanejar.
Ele retornou, perguntando se era só aquilo que ela tinha a dizer. Ela disse que não. Ele desligou.
Ela caiu no sono. Ele virou o quarto copo de pinga com coca.
Ela acordou assustada. Levantou do sofá e subiu as escadas. Estava bêbada de novo.
Ligou pra ele. Ele não atendeu. Ela desistiu. Acabou caindo na cama, de olhos abertos pro nada, sem conseguir chorar. Ele enchia o quinto copo.
Sabiam que pensavam um no outro, e lamentavam por tudo o que havia acontecido.
Preferiam mil vezes nunca terem se conhecido.
Ele tinha olhos de criança, e ela nunca estava triste. Eram do mesmo tamanho e gostavam de queijo quente de madrugada (ela com katchup; ele, sem).
Se amaram tão rápido que era óbvio ao mais ignorante que aquilo não daria certo.
Ela acordou com dor de cabeça, ele foi dormir sem se embebedar.
Choraram. Decepcionados. E o amor insistia em dilacerar pobres corações nas madrugadas de sábado.
Ela decidira acabar com o sofrimento. Ele procurava outro meio de fazê-la insistir.
Rolava joy division em algum lugar do mundo... e os dois cantarolavam, deitados, a verdade que todos deviam saber.