sexta-feira, 11 de julho de 2008

cedo

É cedo ainda pra terminar sexta-feira. Cedo pra dormir e destilar esse nó no peito em sonhos transcedentais. Abro o dicionário imaginário: Paz. Quem aqui tem paz de espírito? Eu fico quieta. Esperando respostas que não vingam com a luz do dia. Eu espero de novo, mais um pouco, e nada vem. Nem entra; Nem sai. Sigo no silêncio notívago em frente a um show de horrores, sem personagens principais, repletos de coadjuvantes. O homem da minha vida aborta suas dores em rasgos doloridos. Eu não aborto as minhas, só observo. Horrorizada diante de todo o terror causado pelo vai e vem de mentes sujas. A minha, que tento ao máximo cultivar inócua, desvaira observando a fumaça bonita que encontra a luz tornando-se azul - azul como a água verde do fundo do poço do meu nauseado estômago - e viaja pelo cosmos esquecido do meu espírito sozinho.
É cedo ainda pra esquecer a inquietude. Tudo soa muito preto e abafado. Bateria sem papel laminado, conversas sem rumo, baforadas quentes no ar congelado do inverno que traz com ele aquele mesmo céu sem nuvens, que hoje não é tão infinito porque nada o é quando suas verdades são mortas. Assassinadas a sangue frio. Pisoteadas, esmagadas, abandonadas exangues num chão sujo repleto de cuspes que, na sua essência, são o escárnio de todos em relação a tudo. Eu cuspo, cuspo contra o vento e minha ridicularidade volta pra mim com força total e eu me amo e me odeio um pouco mais por não correr um pouco mais; mas sentir, eu sinto. sinto tudo, ao máximo. e ridicularizo, a sete infernos, meus profanos sonetos noturnos e grito, grito aos céus e aos anjos zombeteiros, o quanto que eu quero ser sem fazer mal a ninguém, porque quando eu sento e leio e bebo e trago eu só estou causando alguma coisa a mim. Coisa boa ou coisa ruim. A mim.
É cedo ainda pra destrinchar palavras ao léu, esperando controvérsias. O destino me espera, na esquina, transvestido de absurdo e insensatez, esperando pra me agarrar; e a morte surda, que caminha ao lado, espera paciente a hora de conceder o nec plus ultra. E nesse jogo non-sense de peças nada arredias, eu passo e danço entre os necrófagos que de dia fingem sorrisos amarelos e sepultam - junto com suas verdades - os meus sonhos frágeis ainda. Na eterna busca de algo em que acreditar, as vicissitudes do caminho chegam a arrancar algumas lascas que nunca voltam. Coleção de cicatrizes e uns copos cheios de dias vazios. Um pouco mais de açúcar no café amargo pra enganar o gosto de saliva parada há tempos. Jogo a bituca longe, como se o cheiro de tabaco queimado fosse com ela, mas esse se instala e impregna e o que resta dele dentro de mim alivia. Nas minhas mãos brancas jaz um pouco daquilo que há pouco me nutria, e que agora, como se fosse uma lei tola dessas que se criam por não ter o que criar, me destrói. Minha preguiça pelas pessoas só aumenta, e junto dela vêm o repúdio e a insegurança. E meu carinho e loucura andam juntos, se equilibrando na linha tênue que separa o certo e o errado de todo o resto.
É cedo ainda pra me desmotivar, pra te estrangular e enfiar minhas unhas roídas nas tuas costelas, porque a eternidade é nossa, e meu coração de chocolate é teu; porque o tempo corre, mas nossas pernas são compridas; porque meu amor vale pelos dois.

3 comentários:

Anônimo disse...

caeiro.

que torrente. muita informação. parece nudez. espero o melhor, é isso que devemos esperar. não sou um porra de budista, mas é isso aí.

Gabriela ♥ disse...

Oi Chata ... to comentando no seu blogger pra vc não ter desculpa pra comentar no meu tah ?

Sei que seus textos são ótimos, me inspirei me vc para começar a fazer textos tbm !!!!

Te GOSTO muito.


By Mana chata que te ADORA ....GABI

Camila Barbosa disse...

Escreve muito bem.