Manhã de domingo ouvindo The Avett Brothers, dançando pelo quarto, tentando espantar os pensamentos do que eu podia ter feito mas deixei de fazer ou fiz errado, como sempre.
Não é muito fácil se apaixonar perdidamente, e sempre que acontece, acho um jeito de estragar tudo. E ontem foi um dos mais absurdos.
Eu já tinha tomado algumas muitas cervejas, e simplesmente entreguei meu coração a um desconhecido, que foi embora com outra.
A lua tava alta, mas ninguém reparava por causa da neblina, e o dia tinha uma hora a mais.
Almas jovens e bonitas dançando pelas ruas com uma garrafa de vodka entocada na mochila, junto com um vídeo-game portátil, um quadrinho do homem aranha e os olhos mais bonitos do mundo. Eu fui excluída e voltei pra casa de mãos abanando.
Tomei mais umas cervejas, pra tentar me recuperar, e aguentar aquela mais uma hora que parecia eterna.
E no meio da rua vinha ele, minha grande salvação. Paramos atrapalhando o tráfego incessante de pessoas tão ou mais perdidas que nós, e falamos por horas, sem dizer absolutamente nada.
Os dois olhos dele estavam pequenos na mesma proporção em que minha boca tava seca, mas ele era lindo e compreensivo e sabia o que tava acontecendo. Me ouviu, quieto.
Fui embora deixando-o procurando seu caminho pelas ruas, que ele não encontra há anos e voltei pra casa.
Mas a única coisa real, que ficou de ontem, não foi meu coração partido, nem meu brinco perdido, nem mais um amor entregue às traças. A única coisa real é esse dedo amarelo dos mais de 20 cigarros que eu fumei. E o cheiro de álcool eu finjo não existir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário