sábado, 4 de outubro de 2008

frescor.

Há dias em que o conjunto de virtudes faz todo o sentido possível de se alcançar com a mente no estado evoluído normal dela.
Todas as peças do enorme quebra-cabeça de que é edificado nosso âmago estão com suas extremidades no exato lugar ao qual elas pertencem.
O sol some sem trazer chuva, como se fosse contra as regras. E as rosas não exalam perfumes, mas falam conosco num dialeto impróprio aos carentes de poesia.
As nuvens tomam formas e cores impróprias aos cegos de espírito e nossos olhos descobrem sozinhos que no mundo há muito mais do que pode ser percebido.
Os ventos do sul continuam lá, com suas correntes e cadeados, e nossa essência tremula diante da verdade esquecida que nos é revelada quando nos encontramos no estado de completa felicidade com nós mesmos.
Os sorrisos petrificados vibram sem serem atiçados e nossos orgãos derramam bálsamos interiores que nos lavam de felicidade com um simples toque, por mais abstrato que esse seja.
Sons vibram com nossas frequências pessoais e tornam-se mais intensos e reais conforme seguimos a melodia.
As ondas sonoras transformam-se em luzes que percorrem o infinito limitado do céu em cima de nossas cabeças e pintam de vermelho o que outrora fora incolor, por simplesmente serem fáceis.
As estrelas soam como sinos mentirosos e nos jogam na cara o quão pequenos somos diante da imensidade dos sentidos que nos foram designados em sua mais crua e frágil versão.
E a voz daqueles que nos dirigem a palavra tornam-se ruídos irregulares que dentro de nós fazem um pouco de sentido que logo é substituído pelo significado prévio.
Há dias em que nossos sentimentos seguem os nosso batimentos cardíacos num frenezi desconcertante.
Há dias em que somos nós mesmos porque, simplesmente, não queremos qualquer outra opção.
Há dias em que aceitamos que nossos refúgios são meras desculpas e que a melhor saída é sermos.

2 comentários:

Anônimo disse...

caeiro

bacana. existencialista.
acho que as pessoas devem se responsabilizarem mais pelo o que são.
compartilho sua opinião.

Camila Barbosa disse...

Sempre me encontro aqui, sempre, é inevitavel.