sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Arco-íris.

Nuvens tristes desfaziam-se em lágrimas insípidas, assistindo a um grande teatro de marionetes.
A água escorria pelas ruas sujas, levando todas as impurezas possíveis para o esgoto, mas mesmo assim deixando um mundo imundo às suas costas.
As pessoas andavam apressadas, desviando da água empoçada e protegendo-se - mesmo que muito pouco - com guarda-chuvas enferrujados, furados, rasgados e tortos, criando um belo show de telhados negros perambulando pelo dia molhado.
Amelie corria, espirrando água na barra de seu vestido que outrora fora branco como as nuvens felizes dos dias ensolarados. Passava pelas poças sem se preocupar com o resto do mundo.
A chuva batia em seu rosto com força, quase rasgando-lhe as bochechas rosadas. Trazia os olhos semi-serrados, abertos o suficiente para enxergar o caminhos e um pouco fechados para diminuir o números de pingos assassinos que queriam invadí-los.
Um sorriso de satisfação iluminava-lhe a face. Amelie não era muito bonita, mas aquela chuva tornou-a a garota mais fascinante da cidade!
Antônio estava parado em frente a uma padaria, protegido pelo toldo azul com listras brancas. Tinha saído pra almoçar e a chuva pegou-o de surpresa - estava sem guarda-chuva. Havia muita coisa pra fazer no escritório, e a tempestade parecia não abandonar o dia tão cedo. Estava criando coragem para sair na chuva e voltar ao trabalho - todo ensopado, mas a tempo de terminar suas tarefas.
Observava indiferente a movimentação frenética de sapatos molhados e passos rápidos. Bocejava constantemente. Suas costas doíam e seu corpo estava cansado de ficar alí, parado, em pé, esperando que as nuvens parassem de chorar...
Já estava na terceira latinha de coca-cola. Bebia só por não ter o que fazer. Estava exausto e o dia mal começara.
Amelie era livre e passou correndo por Antônio, que a seguiu com os olhos invejando sua liberdade e despreocupação.
Eles não perceberam o quanto se completavam. Ela precisava de segurança e ele, de um pouco de loucura.
O óculos de Antônio embaçou. Amelie sumiu no meio de um mar de gente. A chuva parou. Antônio seguiu seu caminho.
Só restou um amor perdido em um dia de chuva e o arco-íris de óleo que os carros deixaram no asfalto.

3 comentários:

Anônimo disse...

Amèlie ou Alice?

Eu gosto desse nome, me lembra um filme muito legal.

não consigo acessar meu e-mail, tsc.

vou conter meu ímpeto de dizer tudo que quero e me limitar a perguntar como vc está hoje.

como?

ah, antes que me esqueça:http://guiadasemana.uol.com.br/film.asp?ID=11&cd_film=1874&cd_city=1

um beijo.

Viviane disse...

tempestade são inspiradoras não é mesmo...

muito legal ler esse texto... logo depois d postar o meu...

Anônimo disse...

adoro a chuva.
ela me deixa triste e inspirada.

mas gosto mesmo é de amores em chuva.
isso é bom.