sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

incolor

Existe sempre mais de um caminho. Você não escolhe.
Se passa entre pinheiros na sua mais bela forma ou entre árvores carentes de folhas verdes, pouco importa, porque o tempo segue e você não escolhe.
- Mais um, por favor.
Fumaça. Desenhos pintados pelo descaso de outros. Um colorido em preto e branco. E falta a cor de hortelã.
- Vejam como os olhos dela parecem triste. Coitada.
Náuseas.
"Esse cheiro de gente acaba comigo."
As mesmas caras e os mesmos assuntos. Risos forçados. Sorriso muito amarelo. Olhar sem brilho e sem vontade. Seco. Estático.
- Mais um, por favor.
Passos seguem rápidos. Insípidos. Desafortunados. Um grande teatro a esgoto aberto. Fede a futuro previsível.
Salvaram-lhe um dia vazio, devolvendo-lhe carência, necessidade, vontade.
"Ele nem olhou pra mim."
A chuva cai e molha e leva e seca e cai. O caos. O ciclo sem fim. Acabou.
O universo não é eterno. As estrelas queimam e cegam.
"Eu deixei as lágrimas dos outros molharem minhas asas de papel."
- A conta!
Pobre, tornou-se indiferente e nem amar sabe mais.
Ela pouco se importa se ainda é primavera...
Não faz diferença, porque não existe mais cor.




2 comentários:

Anônimo disse...

definitivamente, prefiro este blog do que o da Clarah.
sei que é chato comparar vocês, mas... é que somos meio que discipulas dela mesmo.

você está maginífica Isa.
magnífica!

ciclos viciosos também me cansam.

mas o preto e branco é tão brutal que é sexy.

Anônimo disse...

'fede a futuro previsivel' foi realmente uma das melhores frases do ano.