Esse texto não será editado jamais.
Limito-me a escrever certo minhas palavras tortas fazendo o mínimo de barulho possível pra não atrapalhar a música.
São quase três da manhã. A casa ronca no invariável sono de família traída por mim enquanto meninos pulam o carnaval que ainda não é e meninas pulam nos meninos que ainda não são - que ainda não são meus.
Resolvi escolher uma banda de boogie pra trilha-sonorizar a madrugada deprimida de cor ocre e silêncio latente que me engole e me cospe e me lambe e torna a me mastigar.
Sinto decepcionar muita gente por simplesmente tentar corresponder as minhas ambições um tanto egoístas e puras demais pra serem compreendidas de primeira (ou de segunda, ou de terceira, ou de quantas outras tentativas qualquer um tentar ter pra entender minhas ações).
É nessa hora, de total solidão, guitarras e pianos que a consciência inconsciente acorda, se espreguiça e me dilacera o pulmão estufado em suspiros de memórias e medos.
Meu coração já não pensa, já não se responsabiliza pelos seus atos e eu que arco com as consequências presentes num arco de bolhas de sabão que flutuam pelo mundo imundo trazendo de volta toda a sujeira que fica escondida embaixo do tapete de asfalto manchado de sangue e vinho que se confundem com sonhos e anseios quando as bolhas resolvem retornar pesadas e infames.
Peço perdão a mim por me enganar tanto e perdão a todos os poetas desse mundo por tentar me convencer nessa madrugada quente de cometa e folia que amor é eufemismo.
Eu estou suja, por dentro e por fora, mas o céu continua limpo e infinito e inteiro.
E essa noite, essa noite o céu é meu, só meu, só o céu.
Os outros pertencem ao mundo que pertence a eles...
Um comentário:
"Os outros pertencem ao mundo que pertencem a eles... "
Pois é.
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