quinta-feira, 12 de março de 2009
Supra-Sumo
Uma quinta-feira quente; Não tanto quantos tantas outras quintas, mas, ainda assim, quente. Quente o suficiente pra me fazer clamar por inverno. Mas ainda é outono, e as folhas caem lânguidas e flores pintam o chão de roxo enquanto as pessoas fumam e nós reclamamos do tédio. O tempo parece rastejar e num instante, depois de tanta coisa, os sentimentos dissimulados que todos sentem mas não gostam de demonstrar acabam querendo gritar, fugir, correr; e escapam pelos poros, pela boca, pelos olhos indômitos - e quando isso acontece, mate-se uma amizade de anos, um romance de meses, uma certeza que vivera poucos segundos. Hoje é quinta-feira. O céu borrou a cor no fim da tarde e me fez esconder a raiva embaixo do tapete. Hoje não teve amor, nem paz, nem esperança. Hoje foi um dia morto. Morto, mas ainda não enterrado. E ele fede a mofo e insensatez, à loucura e gim; cheira a musgo, podridão e incapacidade. Já é noite. Noite quente. Tão quente e sozinha como tantas outras... e fede a fim.
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