Julieta nunca sentiu-se tão cansada.
Passou grande parte da sua curta vida vivendo-a intensamente; sendo feliz a sua maneira.
Durante muito tempo procurou compreender-se para então encarar o mundo. Permaneceu dentro de si até estar segura o bastante.
Ela tinha olhos escuros e fracos; meigos, de tão grandes. A grandeza deles combinavam - e até quase rimavam - com sua boca fina, delicada e bem desenhada, que nunca fora notada.
Ninguém reconhecia a beleza e a poesia que existiam naquele contraste sublime. Julieta era tão sutil que passava despercebida por todo um mundo pífio.
Mas ela não se importava com a indiferença. Estava preparada e sabia que seria feliz sozinha, pois ela tinha tudo o que precisava ao alcance das mãos: imaginação e vontade de viver, uns homens e um pouco de dinheiro que seu pai, que morreu de cirrose por beber demais, deixou escondido pra ela, com medo que a mãe, uma puta velha que gastava o pouco dinheiro que raramente ganhava com seus programas em cocaína e vodka, gastasse tudo antes da filha ter idade pra usá-lo.
As pessoas não entendiam-na. Questionavam-se - já que não tinham mais o que fazer - por que a garota, com uma infância tão difícil, vivia sorrindo e cantando pelas ruas, com um brilho forte e um sorriso amarelo estampando-lhe o semblante terno.
Julieta fazia curso de teatro, morava com a avó, "desperdiçava" tardes fotografando o caos urbano e falava sozinha.
Pintava frases nos muros da vizinhança; frases repletas de sentido que ninguém entendia.
Um dia mandaram interná-la. Alegando insanidade da parte da pobre garota feliz.
Ela está agora num quarto do manicômio de sua cidade, dopada, por viver num mundo louco demais pra ela.
3 comentários:
é uma pena...
mas o mundo parece muito louco para o mundo...
todo mundo se esconde tanto.
todo mundo em seu manicômio particular.
adoro todos!
e os odeio também.
escute pequena Isa, se não achares um sentido na loucura acabarás louca.
(PMC)
cê sabe, Paulo é foda.
e vê, vocês estão todos de férias vão inventar o que fazer, mofar em casa é cultivar a morte.
Com certeza, ela é muito fóda.
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