sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

um gato de rua.

Foi como num jogo.
Ela me cutucou e eu o vi.
Sorrindo, despretensiosamente. Olhando nos meus olhos que não olhavam os dele.
Paramos. Nos encaramos.
Ele seguiu. E eu o segui; sem querer, era meu caminho.
Ele ficou brincando com os amigos, no meio da rua. E minha vontade era gritar pra ele sair de lá antes que morresse atropelado. Eu não o fiz, mas ele saiu. Um alívio.
Começou a chover. Mas não era daquelas chuvas que encharcam. Era só mais uma garoa forte o bastante para levantar o "frizz do cabelo".
Fui me esconder. Estava frio, eu não ia voltar pra casa tão cedo e não queria me molhar.
Ele conseguiu trazer um pouco de verde aos meus dias cinzas.
Ele era dono de si, de mim e do resto do mundo.
O perdi de vista.
Ela me cutucou de novo, dizendo que ele estava voltando.
O encarei, desta vez sem reciprocidade.
Atravessei a rua sem prestar atenção.
Alguém me chamou. Esperançosa, olhei com olhos chamuscando desejo.
Ah! não era ele.
Mas ele estava ali, parado, me olhando de novo. Depois, foi embora, com outro alguém.
O perdi de vista pela segunda vez. O perdi de vista pela ultima vez naquele dia molhado, frio e sozinho.
E o miado dele ainda ressoa... ecoa... no vazio do meu espírito vadio que nunca aprende que gatos de rua nasceram pra não ter donos; que gatos de rua nasceram pra estragar a vida dos outros por um pouco de comida.

6 comentários:

Anônimo disse...

mesmo os que têm casa são vadios.

gatos. mas quem resiste?

Anônimo disse...

eu tô...descarregado, sabe.

você não faz idéia.

Anônimo disse...

é certo que sim, hoje sóm tem que acabar.

Daniele disse...

Meu cabelo tava PÉSSIMO.
Maldita 'tentativa de chuva'.

Anônimo disse...

é claro que é, meu bem.
o que acha? será que ela morreu?
qual sua optica?

belo texto. verídico todo.
prenda o cabelo na próxima vez.
te dá segurança.

gatos de rua são os melhores.

Viviane disse...

porém... já nascemos livres...