quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Cinzas

Uma hora a pólvora esquecida tem que explodir.
Acontece geralmente quando jogam fogo, e atiçam as faíscas.
Depois de tanto auto-flagelo o corpo já não agüenta mais. Ele sangra desnorteado e suplica por noites de sono bem sonhado. Apodrece estendido, exangue, no colchão duro, observando a noite, obrigado a conviver com a solidão do escuro esquecido.
Lateja, formiga, adormece. Tudo muito superficialmente. Tudo muito aniquilante.
A alma, outrora forte, já não mais sente, apenas existe. E de existir está cheia!
Quer liberdade! Quer tranqüilidade! Quer esquecer o mundo ao fechar os olhos e quer enxergar beleza ao abri-los.
Mas quando é impossível, quando botam fogo na pólvora adormecida, quando todo o resto te espanca o bastante pra te fazer cair, a única saída é aceitar o que resta. A única saída é aceitar o pó.

2 comentários:

Anônimo disse...

acho hoje sou assim.

um grão da cinza toda que já voou pra longe daqui.

mas a polvora não escapa.

tá foda.

Anônimo disse...

calma como uma bomba...