Eu não possuo mais o brilho inocente no olhar.
Nem as mãos limpas. Nem as costas firmes.
Corro sem rumo, guiando-me pra algum lugar longe demais pra ser visto.
Arrasto-me tomando a água suja da chuva de veneno.
Passo os dedos pelos cabelos... e eles caem.
Imundo-me pisando na lama da incompreensão.
Toco-me e tudo dói.
Meu pulmão sai pelos olhos.
O estômago tem um buraco maior que a boca.
A coluna desviada arde.
Escorre algo aqui dentro, que queima, que entorpece, que faz a dor ficar tão forte a ponto de parar.
Mas pára de escorrer. Rápido o bastante para me deixar com vontade mais.
Encontro-me inerte em meio a um turbilhão de pássaros cinzas que cospem mentiras no meu esôfago, como que para um filhote suplicante de conforto no ninho frio e sozinho.
É hora de usar minhas mãos sujas e fechar meus olhos não inocentes.
Matei-me.
Um comentário:
meio Augusto dos Anjos.
gostei. apesar de não gostar do Augusto.
vc foi sutil.
se matou tão sutilmente...
não se esconda.
Postar um comentário