the sky is lonely
and it's only november
there's no rain outside
it's not windy
someone called the doctor
and asked for pills
while birds travel
and it's cold
domingo, 20 de novembro de 2011
Dia 3 parte 1
É domingo de manhã e o mundo está mais barulhento do que nunca.
Estou lendo sobre Kerouac, Ginsberg e Burroughs e meu pulmão está latejando em resposta a uma agitação que eu desconheço.
Parece que estou vendo a vida passar e não consigo me mexer, deitada no mesmo lugar há 40 minutos, remoendo momentos que não vivi.
Estou sozinha e só eu sei pelo que não estou passando.
Preciso comprar uma bicicleta e um peixe, por mais que não faça sentido.
Joy Division seria bom.
Estou lendo sobre Kerouac, Ginsberg e Burroughs e meu pulmão está latejando em resposta a uma agitação que eu desconheço.
Parece que estou vendo a vida passar e não consigo me mexer, deitada no mesmo lugar há 40 minutos, remoendo momentos que não vivi.
Estou sozinha e só eu sei pelo que não estou passando.
Preciso comprar uma bicicleta e um peixe, por mais que não faça sentido.
Joy Division seria bom.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Dia 2 parte 1
Sinto que estou voltando ao normal.
Vontade de beber quinta-feira a noite enquanto escuto o album solo do guitarrista de uma das minhas bandas favoritas e penso em comprar um teclado novo pro meu computador.
A vida segue e está frio e tenho mais preguiça de buscar uma blusa do que ar nos pulmões.
Vontade de beber quinta-feira a noite enquanto escuto o album solo do guitarrista de uma das minhas bandas favoritas e penso em comprar um teclado novo pro meu computador.
A vida segue e está frio e tenho mais preguiça de buscar uma blusa do que ar nos pulmões.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Dia 1 parte 1
Contei 4 ataques de tosse essa madrugada; se dormi 5 horas tranquilas, foi muito.
Resolvi acordar diferente hoje, mas isso não depende só de mim.
Não sei ainda se chove, mas já terminei minha xícara de café e meus dois ultimos pedaços de bolo.
Estou há 10 dias sem beber e há 9 sem fumar.
ps: é horrível ter que trabalhar depois de uma semana.
Resolvi acordar diferente hoje, mas isso não depende só de mim.
Não sei ainda se chove, mas já terminei minha xícara de café e meus dois ultimos pedaços de bolo.
Estou há 10 dias sem beber e há 9 sem fumar.
ps: é horrível ter que trabalhar depois de uma semana.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Fred had Watched a Lot of Kung Fu Episodes
so when the policeman asked
to see his driver’s license, he said
Does the wind need permission
from the hedgehog to blow?
which resulted in a search of the car,
which miraculously yielded nothing
since Fred had swallowed all the mescaline already
and was just beginning to fall in love
with the bushy caterpillar eyebrows
of the officer in question.
In those days we could identify
the fingerprints on a guitar string
by the third note of the song
broadcast from the window of a passing car,
but we couldn’t tell the difference
between a personal disaster
and “having an experience,”
so Fred thought being locked up for the night
was kind of fun,
with the graffiti on the drunk-tank wall
chattering in Mandarin
and the sentient cockroaches coming out to visit
in triplicate.
Back then it wasn’t a question of pleasure or pain,
it wasn’t a question of getting to the top
then trying not to fall at any cost.
It was a question of staying tuned in,
one episode at a time,
said Fred to himself
as he walked home the next morning
under the spreading lotus trees on Walnut Street
feeling Oriental.
Tony Hoagland, Donkey Gospel
to see his driver’s license, he said
Does the wind need permission
from the hedgehog to blow?
which resulted in a search of the car,
which miraculously yielded nothing
since Fred had swallowed all the mescaline already
and was just beginning to fall in love
with the bushy caterpillar eyebrows
of the officer in question.
In those days we could identify
the fingerprints on a guitar string
by the third note of the song
broadcast from the window of a passing car,
but we couldn’t tell the difference
between a personal disaster
and “having an experience,”
so Fred thought being locked up for the night
was kind of fun,
with the graffiti on the drunk-tank wall
chattering in Mandarin
and the sentient cockroaches coming out to visit
in triplicate.
Back then it wasn’t a question of pleasure or pain,
it wasn’t a question of getting to the top
then trying not to fall at any cost.
It was a question of staying tuned in,
one episode at a time,
said Fred to himself
as he walked home the next morning
under the spreading lotus trees on Walnut Street
feeling Oriental.
Tony Hoagland, Donkey Gospel
o menino mais bonito da cidade
Era véspera de finados quando ele me ligou. Estava um frio de rachar e as pessoas estavam dançando sem parar ao som de uma música que eu não conhecia. O lugar estava abafado e as luzes, que não paravam de piscar, faziam com que minha cabeça doesse. Saí do salão pra atender ao telefone; ele desligou. Não retornei a ligação e acendi um cigarro pra não perder a viagem.
A noite estava congelante e as pessoas na rua olhavam curiosas pra porta da festa que abria e fechava sem parar. Uma mistura maluca de tráfico de drogas e fantasias de halloween enquanto meu pulmão queimava e os carros passavam sem pressa a observar o movimento pouco comum nas ruas.
Ele passou pela festa e me viu fumando, atravessou a rua para vir me comprimentar. Me perguntou o que eu andava fazendo logo de cara e disse que tinham livros meus parados perto de sua cama. Eu disse que não fazia nada demais e que nem lembrava dos livros. Ele riu.
Elogiou minha fantasia e disse que há muito tempo não nos víamos. Eu concordei, afinal já tinham se passado dois anos, e como se fosse uma lei do destino ou de sei lá quem, ele estava de volta, bonito como sempre, parecendo mais jovem, cheio de coisas pra me contar.
Disse que estava jogando futebol com os amigos e que havia largado o cigarro; que não escrevia mais e que estava à procura de algo novo pra se interessar.
Acho que ficamos mais tempos calados do que conversando - observávamos a rua e, vez em quando, comentávamos as pessoas que iam e vinham, quase tão perdidas como nós.
Éramos tão íntimos no frio da primavera, que sorriamos olhando a lua e não precisávamos explicar.
Soltávamos observações sobre a vida e aprendemos a nunca nos super estimarmos na frente um do outro.
Era um jogo em que sabíamos que os dois sairiam perdendo e que não valia a pena usar mascaras ou tentar esconder o que quer que fosse.
Ele me perguntava insistentemente o que eu queria da minha vida, eu pensava em responder que ele não estava nos meus planos mas me contentava em responder que não pensava em entrar numa faculdade e que queria viajar por aí.
Ele me olhava com olhos distantes enquanto eu dissertava sobre o que estava lendo, e ficava em silencio como se pensasse nas palavras certas, o que me deixava com medo de continuar. Soltava um riso quando eu terminava, abaixava a cabeça e mudava de assunto. E me elogiava sempre que tinha a oportunidade.
Ele é o cara mais legal que eu já conheci, e é uma pena não sabermos disso.
Ainda gosto de imaginar nós dois juntos no futuro, por mais que não seja o que eu quero.
Gosto de te-lo distante, reaparecendo a cada dois anos pra me salvar de qualquer delírio que esteja me rondando.
Gosto de te-lo como o ultimo amor romântico que ronda a cidade em Novembro. É boa essa certeza de que nada é certo pra valer.
Ele foi embora depois de me dar um abraço e falar bem das minhas pintas.
Eu disse que nos encontrávamos para trocar livros, porque ideias não é muito bom trocar.
A noite estava congelante e as pessoas na rua olhavam curiosas pra porta da festa que abria e fechava sem parar. Uma mistura maluca de tráfico de drogas e fantasias de halloween enquanto meu pulmão queimava e os carros passavam sem pressa a observar o movimento pouco comum nas ruas.
Ele passou pela festa e me viu fumando, atravessou a rua para vir me comprimentar. Me perguntou o que eu andava fazendo logo de cara e disse que tinham livros meus parados perto de sua cama. Eu disse que não fazia nada demais e que nem lembrava dos livros. Ele riu.
Elogiou minha fantasia e disse que há muito tempo não nos víamos. Eu concordei, afinal já tinham se passado dois anos, e como se fosse uma lei do destino ou de sei lá quem, ele estava de volta, bonito como sempre, parecendo mais jovem, cheio de coisas pra me contar.
Disse que estava jogando futebol com os amigos e que havia largado o cigarro; que não escrevia mais e que estava à procura de algo novo pra se interessar.
Acho que ficamos mais tempos calados do que conversando - observávamos a rua e, vez em quando, comentávamos as pessoas que iam e vinham, quase tão perdidas como nós.
Éramos tão íntimos no frio da primavera, que sorriamos olhando a lua e não precisávamos explicar.
Soltávamos observações sobre a vida e aprendemos a nunca nos super estimarmos na frente um do outro.
Era um jogo em que sabíamos que os dois sairiam perdendo e que não valia a pena usar mascaras ou tentar esconder o que quer que fosse.
Ele me perguntava insistentemente o que eu queria da minha vida, eu pensava em responder que ele não estava nos meus planos mas me contentava em responder que não pensava em entrar numa faculdade e que queria viajar por aí.
Ele me olhava com olhos distantes enquanto eu dissertava sobre o que estava lendo, e ficava em silencio como se pensasse nas palavras certas, o que me deixava com medo de continuar. Soltava um riso quando eu terminava, abaixava a cabeça e mudava de assunto. E me elogiava sempre que tinha a oportunidade.
Ele é o cara mais legal que eu já conheci, e é uma pena não sabermos disso.
Ainda gosto de imaginar nós dois juntos no futuro, por mais que não seja o que eu quero.
Gosto de te-lo distante, reaparecendo a cada dois anos pra me salvar de qualquer delírio que esteja me rondando.
Gosto de te-lo como o ultimo amor romântico que ronda a cidade em Novembro. É boa essa certeza de que nada é certo pra valer.
Ele foi embora depois de me dar um abraço e falar bem das minhas pintas.
Eu disse que nos encontrávamos para trocar livros, porque ideias não é muito bom trocar.
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