domingo, 25 de julho de 2010

velhice

E é só em momentos de completa solidão - que estão cada vez mais escassos - que encontro o pouco de verdade que ainda resta na minha mente envelhecida.
Tento me enganar, encontrando felicidade nas coisas mais baratas, nos amores mais poucos e loucos e pequenos. Onde se esconde toda aquela paixão de outrora? Eis a questão.
Há tempos não sei o que é sentir medo de perder; o amor vai embora com o tempo, e volta se quer - o amor pelo mundo, pelas pessoas, pelos detalhes.
Nesse momento, não amor. E não dói morrer um pouco toda madrugada insone remoendo o resto de sentimento cuspido que habita as entranhas.
Não sinto falta, nem necessidade. Não sinto, apenas. seguindo a corrente e vou a onde ele me leva, quer lá haja corações partidos ou seringas enferrujadas.
Meus amores morrem de overdose a cada suspiro; e eu sigo.
É como se não precisasse de mais nada além de poucos momentos de prazer e caprichos em meio a falsa alusões ao que um dia tive certeza de chamar por algum nome.
A sinceridade toda esvaiu-se com as chuvas tomadas. A bondade me habita simplesmente por ser genuína; e o mundo segue.
A roda gigante da vida me leva pra cima e me derruba com uma frequência maior do que idiotas nascem e velhos morrem.
Nem sangue escorre mais, nem arrependimentos surgem com o adeus. eu escondo meus olhos pra mostrar apenas mais uma valiosa vez - e morrer, depois.
Não preciso de mais nada pra me preencher além desse cigarro fumado escondido perdido entre a fumaça e a lucidez dos meus dias.
Um sopro, exalo compaixão - não por mim, nem por você, nem pelos livros que deixo de ler, nem pelas musicas que paro de escutar ou pelas pessoas que esqueço de conhecer. Compaixão, apenas. Literal. Visceral. E com sorte, encontrarei o destino pra mais um gole de café - e tomarei conta de mim.

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