domingo, 20 de fevereiro de 2011

25 horas

Manhã de domingo ouvindo The Avett Brothers, dançando pelo quarto, tentando espantar os pensamentos do que eu podia ter feito mas deixei de fazer ou fiz errado, como sempre.
Não é muito fácil se apaixonar perdidamente, e sempre que acontece, acho um jeito de estragar tudo. E ontem foi um dos mais absurdos.
Eu tinha tomado algumas muitas cervejas, e simplesmente entreguei meu coração a um desconhecido, que foi embora com outra.
A lua tava alta, mas ninguém reparava por causa da neblina, e o dia tinha uma hora a mais.
Almas jovens e bonitas dançando pelas ruas com uma garrafa de vodka entocada na mochila, junto com um vídeo-game portátil, um quadrinho do homem aranha e os olhos mais bonitos do mundo. Eu fui excluída e voltei pra casa de mãos abanando.
Tomei mais umas cervejas, pra tentar me recuperar, e aguentar aquela mais uma hora que parecia eterna.
E no meio da rua vinha ele, minha grande salvação. Paramos atrapalhando o tráfego incessante de pessoas tão ou mais perdidas que nós, e falamos por horas, sem dizer absolutamente nada.
Os dois olhos dele estavam pequenos na mesma proporção em que minha boca tava seca, mas ele era lindo e compreensivo e sabia o que tava acontecendo. Me ouviu, quieto.
Fui embora deixando-o procurando seu caminho pelas ruas, que ele não encontra há anos e voltei pra casa.
Mas a única coisa real, que ficou de ontem, não foi meu coração partido, nem meu brinco perdido, nem mais um amor entregue às traças. A única coisa real é esse dedo amarelo dos mais de 20 cigarros que eu fumei. E o cheiro de álcool eu finjo não existir.

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