Tinha um grupo de pessoas reunidas novamente no mesmo lugar de sempre; e eu - como sempre - passei por elas. Mas dessa vez fingi não ver, pra não remoer memórias e fazer vir à tona aquele borbulhão incontrolável de querer viver as coisas do passado.
Era um sábado frio e enquanto garotas de família iam à missa, eu caminhava por entre os drogados jogados e sujos que buscavam na noite seu mais fiel - e efémero - refúgio.
Todos os rostos no lugar, por mais desconfigurados que estivessem, me eram familiares. Todos de pessoas intensamente encantadoras estando sóbrias ou não.
E então existiam as garotas passando drogas em sacola de super mercado, algumas carregando crianças dentro de si, de todas as formas imagináveis e rapazes que ha tempos faziam parte de mim e toda uma cúpula de inveterados que resistiam simplesmente por nao ter força.
Nada de lágrimas; noites de sábado são sempre muito animadas - e feias quando você vê de perto. E no meio de toda aquela multidão sem esperança existem poetas, velhos conhecidos, pessoas de bom coração e alguns que não tem nem vida.
Mas tudo aquilo acabou num domingo sonolento, quando a voz me dizia que eu estava no paraíso. Então eu sai à rua, entrei na livraria e carreguei comigo um livro do Kerouac... pra achar um pouco de poesia em meio ao caos.
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