Ela resolveu ligar. Era sábado de madrugada.
Não existe melhor horário pra ligar pra alguém.
Ele atendeu. Disse que não queria conversar, que depois se falavam. Ela desligou, sem pestanejar.
Ele retornou, perguntando se era só aquilo que ela tinha a dizer. Ela disse que não. Ele desligou.
Ela caiu no sono. Ele virou o quarto copo de pinga com coca.
Ela acordou assustada. Levantou do sofá e subiu as escadas. Estava bêbada de novo.
Ligou pra ele. Ele não atendeu. Ela desistiu. Acabou caindo na cama, de olhos abertos pro nada, sem conseguir chorar. Ele enchia o quinto copo.
Sabiam que pensavam um no outro, e lamentavam por tudo o que havia acontecido.
Preferiam mil vezes nunca terem se conhecido.
Ele tinha olhos de criança, e ela nunca estava triste. Eram do mesmo tamanho e gostavam de queijo quente de madrugada (ela com katchup; ele, sem).
Se amaram tão rápido que era óbvio ao mais ignorante que aquilo não daria certo.
Ela acordou com dor de cabeça, ele foi dormir sem se embebedar.
Choraram. Decepcionados. E o amor insistia em dilacerar pobres corações nas madrugadas de sábado.
Ela decidira acabar com o sofrimento. Ele procurava outro meio de fazê-la insistir.
Rolava joy division em algum lugar do mundo... e os dois cantarolavam, deitados, a verdade que todos deviam saber.
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