domingo, 12 de setembro de 2010

ultimo

Eu não queria sair de casa, mas me ligaram e eu quase nunca recuso convites que envolvem cerveja em noite de sábado.
Me apressavam como sempre. e eu estava com problemas - profissionais e pessoais.
Tinha acabado de abandonar mais um amor da minha vida... e eu não tinha nem 19 anos completos.
Eu comi um pedaço de torta de morango, depois de chegar acabada do trabalho.
Coloquei meu ultimo cigarro no bolso da minha camisa de flanela, e sai de casa como se fosse dona do mundo, lamentando por tudo e por todos e pedindo paz de espirito.
Entrei no carro, não falei com ninguem. E acreditava tanto no mundo, que abandonei meu isqueiro em casa.
No caminho eu almejava uma cerveja e rezava pra que ninguém mais entrasse no carro. Conferia o tempo todo se meu cigarro estava vivo, enquanto meus pais falavam sobre as mulheres velhas que faziam cirurgia plástica e começavam a usar micro vestidos.
A lua sorria, a noite corria, minhas costas estavam insuportáveis, e eu pedi pra descer um ponto antes do esperado.
Sai andando, com meu tenis e seus buracos, fazendo cara de poucos amigos pra não ter que cumprimentar ninguém. Eu só queria chegar logo, abrir uma latinha e fumar meu ultimo cigarro.
Cheguei, bati no portão, alguém apareceu no muro pra conferir quem eu era.
Entrei, cumprimentei as pessoas, abri a geladeira e tomei uma latinha.
Coloquei a mão no bolso da camisa..
Ali jazia um cigarro, e em meio ao tabaco abandonado no bolso, chorei por todos os corações partidos no mundo.

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