quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

um trecho de alta fidelidade

De modo que o que eu disse antes, sobre como o ato de ouvir discos demais bagunça a sua vida... talvez haja alguma verdade nisso, afinal. David Owen, ele é casado, certo? Já cuidou de tudo isso e atualmente é um diplomata figurão. O sujeito que entrou na loja de terno, com as chaves do carro, ele é casado também, e atualmente é um, sei lá, homem de negócios. Quanto a mim, eu sou não-casado - no momento, tão não-casado quanto é possível ser - e sou proprietário de uma loja de discos à beira da falência. Tenho a impressão de que se a gente coloca a música (e livros, provavelmente, e filmes e peças e qualquer coisa que faça você sentir) no centro de nossa existência, então não dá para organizar a vida amorosa, não dá para começar a pensar nela como um produto acabado. Você tem que mexer com ela, mantê-la viva e tumultuada, mexer com ela e dentro dela, até que ela se desmancha e você se vê compelido a começar tudo de novo. Talvez todos nós vivamos a vida num ritmo rápido demais, aqueles de nós que absorvem coisas emocionais o dia todo, e como conseqüência nunca conseguimos nos sentir meramente contentes: temos que estar ou infelizes ou em êxtase, desvairadamente felizes, e estes estados são difícies de atingir dentro de um relacionamento estável e sólido. Talvez Al Green seja diretamente responsável por mais do que percebi até hoje.

2 comentários:

marvin r. disse...

headshot!

Higor Cavalcante disse...

All my favorite parts!
However, you have GOT to read it in English. It's even more amazing.
xxx