domingo, 25 de março de 2012

O morto, a pizza e o entregador.

A gente tava sentado na calçada, conversando sobre mulher, esperando nossa pizza chegar quando ouvimos dois tiros vindo da direção da padaria. Enquanto a multidão se aglomerava ouvimos o terceiro tiro, e concluímos que esse foi pra terminar o trabalho.
Nossa pizza chegou e o entregador desceu da moto ligada e perguntou da onde vinham os tiros, apontamos pra padaria e ele saiu pra ver o que estava acontecendo, esquecendo de pegar o dinheiro e de entregar o refrigerante.
Fomos em direção a padaria, em busca de uma coca gelada naquele calor típico de sabado às 3 da tarde.
Era difícil passar pela multidão aglomerada, querendo saber quem era o morto, o atirador, querendo saber porque matar um cara num sábado a tarde na frente da padaria do bairro, atrapalhando a rotina dos moradores.
Passamos, segurando a pizza como se fosse nossas vidas, empurrando senhorinhas que aos 80 anos nunca tinham visto um morto e caras que tinham cara de que ja tinham visto vários.
Ao chegar na padaria o sangue escorria pela porta, tivemos que entrar com cuidado, passando por cima do morto sangrando, sem esbarrar em nada pra não dificultar o trabalho dos policiais.
Perguntamos se tinha refrigerante gelado e o cara contando dinheiro atras do caixa levantou a cabeça, apontou pra geladeira e disse que era só pegar.
Pagamos e saimos, os policiais estavam chegando, fecharam a padaria e começaram a espalhar a multidão.
Voltamos pra porta de casa, e o entregador estava lá esperando a gente pra pegar o dinheiro.
Fez algum comentário babaca e saiu com a moto.
Nós entramos em casa pensando que a vida segue, menos pro morto da padaria.

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