sábado, 17 de maio de 2008

furor

Em cima da mesa,
uns copos cheios de amores vazios
e um pouco de espuma e restos.
Dentro de mim,
a desesperança genuína -
que não esconde-se mais
refletida nas lágrimas bêbadas que dançam pelo semblante
rubro e triste, um pouco envelhecido pelas olheiras azuis.
Perto da mão,
jaz todo o destino coberto pelo nimbo que vaga pelo céu
que hoje não passa de uma massa um tanto insípida,
porque aqui não existe mais cor.
Embaixo do coração,
pulsa a violenta vontade de acordar
e ver que tudo não passou de um monte de frascos repletos de ilusão
e que a vida continua por mais que a tv esteja chiando.
Ao redor dos olhos,
sombras atacam sem piedade
a garota que mora ao lado
e que eu nunca vi.
Grudadas no céu,
acendem-se estrelas frias
que ao longe rimam com vagalumes
e gritam em uníssono, ao mundo,
que as coisas não passam de mentiras piedosas.
Entre minha cabeça e meus medos
estão todos os dissabores desta passagem amarga
repleta de reminiscências e condolências,
sobre tudo e ao nada...
E nas entrelinhas das minhas tortas palavras
está escondido todo o sentimento meu
que nunca morrerá,
por mais que o veneno seja forte e a solidão, enlouquecedora.

Um comentário:

e para Maitê disse...

- Tão desesperador.
E consolador, a sensação é a mesma.


Olá!