domingo, 29 de junho de 2008

infelizmente

Eu gosto daquele cheiro.
Pois é; eu sempre gostei.
O cheiro do som dos passos. O cheiro da cor do céu. O cheiro da eternidade latente nos olhos. O cheiro do gosto da dor que emana das entranhas e envolve os músculos e todo o resto.
Eu sempre gostei da noite. Sempre gostei de me auto-destruir aos muitos. Gosto do sangue escorrendo da boca, da fumaça saindo do nariz, da luz invadindo os poros.
Eu gosto daquelas palavras. Gosto de sentir tudo que elas são capazes de realizar, gosto de vê-las saindo da goela e se alastrando pelos meus ouvidos atiçando as borboletas do meu estômago.
Sempre gostei de abraços fracos por só saber doar os mesmos. Sempre gostei de ossos se apertando e de rapazes estreitos por serem os únicos que cabem.
Sempre gostei de força nos olhos e delicadeza nas mãos. Gosto de saliva quente e tinta, de suor salgado e de lágrima doce cheirando a gim.
Eu gosto daqueles pêlos ausentes e daqueles erupções. Gosto da barba mal feita e da pele lisa. Sempre gostei de muita coisa ao mesmo tempo.
não me venha com decepções e desculpas e promessas. Mentiras sinceras eu aceito... porque eu sempre gostei.

2 comentários:

Anônimo disse...

caeiro

já está melhor que a maior parte das pessoas que sequer sabe do que não gostam. no mais, ótimo texto.

Flávio Mello disse...

ei menininha... ai ai...

gosto tanto de te ler... de saborear as palavras... as vezes fico imaginando... seus dedos e o teclado... cena linda... pintura... beijos