Todos os meus pensamentos resumem-se em frases soltas; jogadas ao acaso no azulejo umido do banheiro.
Vapor. Espelho sem imagens.
Saio com meu homem na rua, esperando algo tomar conta de mim.
Ele passa do outro lado. Meu ponto de fuga. Pronto pra ficar mais velho, dentro e fora.
Eu espero e encaro, como se toda minha força fosse usada ao tentar me controlar. Ele passa. Eu espero.
Todos os meus sonhos em cima do único elo ainda vivo entre meu eu de agora, em retalhos, e meu passado colorido de amor verdadeiro e bêbado. Sujo.
Foram muitos em três anos. Agora quatro, eu acho.
Foram ruas e sofrimentos e rapazes e duelos. Eu sorria. Ele olhava pra baixo, observando a calçada suja, fingindo não me ver ali, implorando pra que ele viesse me salvar do meu marasmo de cervejas e cigarros desperdiçados numa noite fria de final de semana jogado fora.
Eu o abraço de longe, meio tímida e um tanto forte, por saber com quem estou lidando. E ele sabe que eu sei! Ele sente que eu sei! Ele é meu, sempre foi.
Ele passa. E a vida segue.
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