quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Preste Atenção!
Pintam anjos sem asas e demônios sem chifres.
Passos passam.
Pessoas pedem.
Perdas passeiam, por ai, perdidas.
E você não percebe; não percede que o arco-íris clama por desatenção. Ele não é tudo isso, é só um resumo do canto das cigarras.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
um fragmento montado de "meu triste eu"
"Às vezes quando meus olhos estão vermelhos
Subo ao topo do prédio.
Caminhos cruzados nessas ruas escondidas,
Minha história recapitulada, minhas ausências e êxtases.
- O sol brilhando sobre tudo o que tenho,
num pestanejar para o horizonte,
na minha ultima eternidade – a matéria é água.
Triste, tomo o elevador e vou, para baixo, pensativo.
E caminho pelas calçadas olhando as vidraças
Dos homens, os rostos,
Querendo saber quem ama
E me detenho atordoado.
Hora de ir pra casa e preparar o jantar e escutar as românticas notícias da guerra pelo rádio.
Todo o movimento pára e eu caminho na tristeza intemporal da existência.
Ternura escorrendo entre os prédios
As pontas dos meus dedos roçando o rosto da realidade.
Meu próprio rosto sulcado de lágrimas
No espelho de alguma vidraça – no crepúsculo –
Quando não sinto mais qualquer desejo.
Confuso por causa do espetáculo ao meu redor,
O homem batalhando nas ruas
Com pacotes, jornais, gravatas, ternos maravilhosos,
Rumo a seu desejo.
Homens, mulheres, uma torrente nas ruas
Luzes vermelhas disparando apressados relógios e movimentos nas esquinas.
E todas essas ruas levando,
Tão intricadas, buzinadas, alongadas
Para avenidas espreitadas pelos altos prédios.
Carros e motores berram até chegar a esse campo, esse cemitério, essa quietude
De leito de morte"
Allen Ginsberg
domingo, 23 de dezembro de 2007
domingo à noite
Cigarras gritam sem serem ouvidas - e pessoas fingem que está tudo bem.
Presentes. Correria. Os ponteiros andam completando sua viagem rápido demais ultimamente.
Tatuagens e crianças bêbadas.
Alargadores. Machos. Frio.
Ventania colorida. Alucinógenos.
Eu passo por passar.
Nada.
Afogados desistidos.
Gente fétida.
Gente. De muitos tipos.
E, mesmo assim, ninguém.
Vazio.
Figuras. Recortes. Colagens.
Cheiros insípidos.
Sigo por seguir.
Sem água, sem saliva, sem amor.
Só há a lua muito grande,
Que queima e acalma;
Que arde e enfurece o mar;
Que brilha um brilho roubado.
Encanta sem ter encanto algum.
Linda e fria. Largada ali.
Sozinha.
Mas ela não se importa.
Assiste ao caos indiferentemente.
Então porque eu deveria ligar?
Eu não me importo.
(na verdade, eu só finjo. Mais uma vez...)
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Julieta sem Romeu
Passou grande parte da sua curta vida vivendo-a intensamente; sendo feliz a sua maneira.
Durante muito tempo procurou compreender-se para então encarar o mundo. Permaneceu dentro de si até estar segura o bastante.
Ela tinha olhos escuros e fracos; meigos, de tão grandes. A grandeza deles combinavam - e até quase rimavam - com sua boca fina, delicada e bem desenhada, que nunca fora notada.
Ninguém reconhecia a beleza e a poesia que existiam naquele contraste sublime. Julieta era tão sutil que passava despercebida por todo um mundo pífio.
Mas ela não se importava com a indiferença. Estava preparada e sabia que seria feliz sozinha, pois ela tinha tudo o que precisava ao alcance das mãos: imaginação e vontade de viver, uns homens e um pouco de dinheiro que seu pai, que morreu de cirrose por beber demais, deixou escondido pra ela, com medo que a mãe, uma puta velha que gastava o pouco dinheiro que raramente ganhava com seus programas em cocaína e vodka, gastasse tudo antes da filha ter idade pra usá-lo.
As pessoas não entendiam-na. Questionavam-se - já que não tinham mais o que fazer - por que a garota, com uma infância tão difícil, vivia sorrindo e cantando pelas ruas, com um brilho forte e um sorriso amarelo estampando-lhe o semblante terno.
Julieta fazia curso de teatro, morava com a avó, "desperdiçava" tardes fotografando o caos urbano e falava sozinha.
Pintava frases nos muros da vizinhança; frases repletas de sentido que ninguém entendia.
Um dia mandaram interná-la. Alegando insanidade da parte da pobre garota feliz.
Ela está agora num quarto do manicômio de sua cidade, dopada, por viver num mundo louco demais pra ela.
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quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Ctdn
Amanhã é sexta e eu não vejo a hora do sábado chegar.
Eu gosto do meu quarto, do meu desarrumado; ninguém sabe mexer na minha confusão. É o meu ponto de vista, não aceito turistas. Meu mundo 'tá' fechado pra visitação.
O medo mora perto das idéias loucas.
Eu corto os meus dobrados, acerto os meus pecados, eu vejo o filme em pausas, eu imagino casas, depois eu já nem lembro do que eu desenhei.
Às vezes dá preguiça, na areia movediça, quanto mais eu mexo mais afundo em mim.
Eu moro num cenário do lado imaginário, eu entro e saio sempre quando 'tô' a fim.
As noites ficam claras no raiar do dia...
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Da discreta alegria
Que arrebataste às horas distraídas.
Maior prazer não é roubar o fruto
Mas sim saboreá-lo às escondidas.
sábado, 15 de dezembro de 2007
It's all about
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
um gato de rua.
Ela me cutucou e eu o vi.
Sorrindo, despretensiosamente. Olhando nos meus olhos que não olhavam os dele.
Paramos. Nos encaramos.
Ele seguiu. E eu o segui; sem querer, era meu caminho.
Ele ficou brincando com os amigos, no meio da rua. E minha vontade era gritar pra ele sair de lá antes que morresse atropelado. Eu não o fiz, mas ele saiu. Um alívio.
Começou a chover. Mas não era daquelas chuvas que encharcam. Era só mais uma garoa forte o bastante para levantar o "frizz do cabelo".
Fui me esconder. Estava frio, eu não ia voltar pra casa tão cedo e não queria me molhar.
Ele conseguiu trazer um pouco de verde aos meus dias cinzas.
Ele era dono de si, de mim e do resto do mundo.
O perdi de vista.
Ela me cutucou de novo, dizendo que ele estava voltando.
O encarei, desta vez sem reciprocidade.
Atravessei a rua sem prestar atenção.
Alguém me chamou. Esperançosa, olhei com olhos chamuscando desejo.
Ah! não era ele.
Mas ele estava ali, parado, me olhando de novo. Depois, foi embora, com outro alguém.
O perdi de vista pela segunda vez. O perdi de vista pela ultima vez naquele dia molhado, frio e sozinho.
E o miado dele ainda ressoa... ecoa... no vazio do meu espírito vadio que nunca aprende que gatos de rua nasceram pra não ter donos; que gatos de rua nasceram pra estragar a vida dos outros por um pouco de comida.
incolor
O universo não é eterno. As estrelas queimam e cegam.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Lázaro
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Aaaaaaaaaah!
Aquele em que você quase pira por não ter o que fazer, por não ter com quem falar, por não saber se expressar, por muitos nãos!
É terrível não conseguir fugir porque não há lugares pra onde ir. Porra! preciso de umas overdoses culturais e entrar num coma induzido por alguma coisa pra correr desse mundo insano em que ninguém mais sabe falar a verdade e onde todo mundo gosta de foder com todo mundo por simples narcisismo!
É querer demais pedir pra passar um tempo a mais sendo feliz sem precisar se preocupar com todo o resto profano que anda circulando pelas ruas jogando palavras sem sentido ao vento porque ninguém consegue mais escutar ninguém porque estão todos muito preocupados com seus próprios "bigos"? Eu acho que não. Mas o que eu acho não vale.
Foi realmente engraçada essa madrugada. Discussões malucas sobre deus, sobre o sangue de deus, sobre o que estaríamos fazendo no sangue dele e sobre o universo espelhado e heroína e fungos assassinos que tomam conta do cérebro das formigas. Discussões sobre onde estaria John Lennon - se ele estaria nos olhos de deus e o que ele estaria enxergando se estivesse lá - e discussões sobre como seria idiota contar isso algum dia pra alguém... Mas eu conto, pra quem quiser e pra quem não quiser ouvir (ler) porque eu to pouco me fodendo!
Estou escrevendo e pensando de um jeito muito rápido; não consigo nem acompanhar meus próprios pensamentos, quem dirá o mundo lá fora. E a unica coisa que me falta dizer é "Thanks, Jack"
Hahahahahahahaha, Beat! Beat! Beat!
Eu cansei muito mesmo desses limites que me foram impostos e que por pura falta de coragem - e por puro excesso de preguiça - eu não consigo transpor. Preciso me libertar de todos esses dogmas.
Então agora só me resta escutar musica, torcer pra que o ventilador não caia na minha cabeça e esperar para ser salva, já que, até agora, não descobri como fazer isso por mim mesma.
Sou uma medrosa. Uma medrosa que precisa emagrecer e parar de acreditar em tudo que lhe dizem.
oh so wrong my lovin goes
under the fog fog fog
and I believed them all
well I'm just a poor little baby cuz
well I believed them all
I wish I could buy back
the woman you stole
Ycontrol Ycontrol
you walk walk walk walk walk my winners
out of control
high control
you walk walk walk walk walk my winners out
domingo, 9 de dezembro de 2007
the end has no end
A história é tão alucinante que faz seu coração pulsar como os de Dean e Sal, em meio a um continente inteiro de incertezas.
Eles viajam os estados unidos inteiros, confrontando visões do mundo com outros viajantes e conhecendo gente muito interessante pelo caminho. Sal e Dean tornam-se grandes amigos, passando por momentos difíceis juntos e separados, sugando toda a vida que têm direito.
Kerouac - o autor - faz seu instinto aventureiro vir à flor da pele, te enchendo de vontade de viver a vida de verdade, sem restrições ou preocupações.
Vale a pena ler até o posfácio. O livro inteiro encanta.
É como se antes dele nada fizesse tanto sentido, porque ele explica que não precisa haver sentido algum... é só seguir a estrada.
É engraçado como ainda existem tantas coisas a serem descobertas, tanta história bonita a ser lida, tanta vida pra se viver. E o negócio é colocar o pé na estrada, conhecer, aventurar-se, e viver feito um louco.
"De novo, só o que tenho a dizer é: thanks, Jack."
Time
You fritter and waste the hours in an offhand way.
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way.
Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain.
You are young and life is long and there is time to kill today.
And then one day you find ten years have got behind you.
No one told you when to run, you missed the starting gun.
So you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And Racing around to come up behind you again.
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death.
Every year is getting shorter, never seem to find the time.
Plans that either come to naught or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desparation is the English way
The time is gone the song is over, thought I'd something more to say
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Arco-íris.
A água escorria pelas ruas sujas, levando todas as impurezas possíveis para o esgoto, mas mesmo assim deixando um mundo imundo às suas costas.
As pessoas andavam apressadas, desviando da água empoçada e protegendo-se - mesmo que muito pouco - com guarda-chuvas enferrujados, furados, rasgados e tortos, criando um belo show de telhados negros perambulando pelo dia molhado.
Amelie corria, espirrando água na barra de seu vestido que outrora fora branco como as nuvens felizes dos dias ensolarados. Passava pelas poças sem se preocupar com o resto do mundo.
A chuva batia em seu rosto com força, quase rasgando-lhe as bochechas rosadas. Trazia os olhos semi-serrados, abertos o suficiente para enxergar o caminhos e um pouco fechados para diminuir o números de pingos assassinos que queriam invadí-los.
Um sorriso de satisfação iluminava-lhe a face. Amelie não era muito bonita, mas aquela chuva tornou-a a garota mais fascinante da cidade!
Antônio estava parado em frente a uma padaria, protegido pelo toldo azul com listras brancas. Tinha saído pra almoçar e a chuva pegou-o de surpresa - estava sem guarda-chuva. Havia muita coisa pra fazer no escritório, e a tempestade parecia não abandonar o dia tão cedo. Estava criando coragem para sair na chuva e voltar ao trabalho - todo ensopado, mas a tempo de terminar suas tarefas.
Observava indiferente a movimentação frenética de sapatos molhados e passos rápidos. Bocejava constantemente. Suas costas doíam e seu corpo estava cansado de ficar alí, parado, em pé, esperando que as nuvens parassem de chorar...
Já estava na terceira latinha de coca-cola. Bebia só por não ter o que fazer. Estava exausto e o dia mal começara.
Amelie era livre e passou correndo por Antônio, que a seguiu com os olhos invejando sua liberdade e despreocupação.
Eles não perceberam o quanto se completavam. Ela precisava de segurança e ele, de um pouco de loucura.
O óculos de Antônio embaçou. Amelie sumiu no meio de um mar de gente. A chuva parou. Antônio seguiu seu caminho.
Só restou um amor perdido em um dia de chuva e o arco-íris de óleo que os carros deixaram no asfalto.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Contradizendo os fatos
Os abraços muito separados, e os sorrisos andam tristes.
Percebe?
Andam longas as noites, curtos os dias, escassas as tardes e raros os fins de semana. Já não sei mais viver; existo, apenas.
E de existir reparo; andas longe, muito longe. Triste, mas está sempre ao meu lado. Não seja boba, já estamos perto demais um do outro pra ficarmos assim tão separados.
Me abraça, me beija, chega aqui e sinta; eu também estou aqui e não te deixo! Me abraça, me beija e se possível, querida, me ame também. Não acho que o sol reclamaria de brilhar um pouco menos que nós.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
sinos
Ora, eu nunca havia reparado neles.. e eles têm um som muito bonito... poético até... ou, vai ver, é só o espírito natalino me invadindo.
Espero que as coisas continuem boas como estão.
Estou fluindo como nunca!
On the Road (II)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Na velocidade da Luz
De repente eu olho pro lado e, vupt, passou mais um ano; rápido o bastante pra eu nem perceber.
Ele correu, esbarrou em mim, me derrubou e nem em ajudou a levantar.
Foi embora sem deixar rastros; a não ser as boas lembranças que batalho pra não esquecer.
Ótimo. Proveitoso. Um dos melhores.
Gente nova, gente antiga, pensamentos renovados, idéias vomitadas; tudo vivendo em perfeita harmonia.
Não me arrependo de nada que fiz esse ano. Nada!
E nem das coisas que deixei de fazer... que não foram muitas.
Percebi que minha vida me pertence e que eu sou dona dos meus atos e sou a unica que pago por eles, então não tenho que ouvir o que os outros falam e nem ficar mal pelo que deixaram de falar...
Algumas pessoas tornaram-se realmente importantes pro sorriso continuar contraindo-me os lábios, outras - que faço questão de que sumam da minha vida o mais rápido o possível - estão se desintegrando aos poucos no fundo do meu estômago. Um dia as coloco pra fora, todas, de uma só vez.. e eu não vou me importar se sair um pouco de sangue junto!
Existe um misto de satisfação e desejo estampados na minha cara.
Espero 2008 de braços abertos... e que venha tudo aquilo que eu desejo!