terça-feira, 15 de abril de 2008

Língua Ácida

Tentam apagar nossas luzes
porque ofuscam as estrelas frias
daqueles que brilham fingidos.

Procuram desgrudar-nos de nossos sentimentos sinceros
por sermos fortes demais,
capazes de finalizar qualquer um deles!

Quando percebem que os ameaçamos -
com nossa força vítrea e transparente -
fazem de tudo pra molhar essa chama,
que por mais que me destrua, é a única energia capaz de me nutrir.

Não posso deixar isso acabar, morrer, extinguir-se
seco dentro do meu peito umidecido em saliva quente
que escorre de ti fosforescendo minhas veias
exangues.
Se ocorrer,
apagarei junto, virando cinzas
frágeis e estéreis, frias e mal-cheirosas como cadáver velho
e branco. E roxo.
E hoje o céu é tão cinza quanto os restos de um cigarro fora do pulmão.
Nada rosa, ou laranja, ou azul. Não há nem sol, nem vestígio de calor,
só um vento cortante e fumaça assoprada.

Num dia sem cor eu só queria o preto de um café sincero
o verde de uns olhos fortes
e o ácido (quase lisérgico) de tua língua acolhedora.

2 comentários:

Ana. disse...

Ah! Mas não perca essa vontade de não perder.
Porque quando você perder vai saber que tudo isso que você está sentindo não é nem metade daquilo que você realmente sente...E dói. Dói muito.

E é inevitável voltar! É isso que eu estou tentando fazer...Voltar.

Anônimo disse...

Parabéns pelo poema. De força belíssima.