sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
memories
you have said
the places you have gone and all
the people you
met.
remind your friends
to not drink like you
and always call your mother
when it's raining.
try to stop worrying
when its friday
and you're alone.
let your tears
come out in the dawn
and don't forget
about love.
domingo, 20 de novembro de 2011
november skies
and it's only november
there's no rain outside
it's not windy
someone called the doctor
and asked for pills
while birds travel
and it's cold
Dia 3 parte 1
Estou lendo sobre Kerouac, Ginsberg e Burroughs e meu pulmão está latejando em resposta a uma agitação que eu desconheço.
Parece que estou vendo a vida passar e não consigo me mexer, deitada no mesmo lugar há 40 minutos, remoendo momentos que não vivi.
Estou sozinha e só eu sei pelo que não estou passando.
Preciso comprar uma bicicleta e um peixe, por mais que não faça sentido.
Joy Division seria bom.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Dia 2 parte 1
Vontade de beber quinta-feira a noite enquanto escuto o album solo do guitarrista de uma das minhas bandas favoritas e penso em comprar um teclado novo pro meu computador.
A vida segue e está frio e tenho mais preguiça de buscar uma blusa do que ar nos pulmões.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Dia 1 parte 1
Resolvi acordar diferente hoje, mas isso não depende só de mim.
Não sei ainda se chove, mas já terminei minha xícara de café e meus dois ultimos pedaços de bolo.
Estou há 10 dias sem beber e há 9 sem fumar.
ps: é horrível ter que trabalhar depois de uma semana.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Fred had Watched a Lot of Kung Fu Episodes
to see his driver’s license, he said
Does the wind need permission
from the hedgehog to blow?
which resulted in a search of the car,
which miraculously yielded nothing
since Fred had swallowed all the mescaline already
and was just beginning to fall in love
with the bushy caterpillar eyebrows
of the officer in question.
In those days we could identify
the fingerprints on a guitar string
by the third note of the song
broadcast from the window of a passing car,
but we couldn’t tell the difference
between a personal disaster
and “having an experience,”
so Fred thought being locked up for the night
was kind of fun,
with the graffiti on the drunk-tank wall
chattering in Mandarin
and the sentient cockroaches coming out to visit
in triplicate.
Back then it wasn’t a question of pleasure or pain,
it wasn’t a question of getting to the top
then trying not to fall at any cost.
It was a question of staying tuned in,
one episode at a time,
said Fred to himself
as he walked home the next morning
under the spreading lotus trees on Walnut Street
feeling Oriental.
Tony Hoagland, Donkey Gospel
o menino mais bonito da cidade
A noite estava congelante e as pessoas na rua olhavam curiosas pra porta da festa que abria e fechava sem parar. Uma mistura maluca de tráfico de drogas e fantasias de halloween enquanto meu pulmão queimava e os carros passavam sem pressa a observar o movimento pouco comum nas ruas.
Ele passou pela festa e me viu fumando, atravessou a rua para vir me comprimentar. Me perguntou o que eu andava fazendo logo de cara e disse que tinham livros meus parados perto de sua cama. Eu disse que não fazia nada demais e que nem lembrava dos livros. Ele riu.
Elogiou minha fantasia e disse que há muito tempo não nos víamos. Eu concordei, afinal já tinham se passado dois anos, e como se fosse uma lei do destino ou de sei lá quem, ele estava de volta, bonito como sempre, parecendo mais jovem, cheio de coisas pra me contar.
Disse que estava jogando futebol com os amigos e que havia largado o cigarro; que não escrevia mais e que estava à procura de algo novo pra se interessar.
Acho que ficamos mais tempos calados do que conversando - observávamos a rua e, vez em quando, comentávamos as pessoas que iam e vinham, quase tão perdidas como nós.
Éramos tão íntimos no frio da primavera, que sorriamos olhando a lua e não precisávamos explicar.
Soltávamos observações sobre a vida e aprendemos a nunca nos super estimarmos na frente um do outro.
Era um jogo em que sabíamos que os dois sairiam perdendo e que não valia a pena usar mascaras ou tentar esconder o que quer que fosse.
Ele me perguntava insistentemente o que eu queria da minha vida, eu pensava em responder que ele não estava nos meus planos mas me contentava em responder que não pensava em entrar numa faculdade e que queria viajar por aí.
Ele me olhava com olhos distantes enquanto eu dissertava sobre o que estava lendo, e ficava em silencio como se pensasse nas palavras certas, o que me deixava com medo de continuar. Soltava um riso quando eu terminava, abaixava a cabeça e mudava de assunto. E me elogiava sempre que tinha a oportunidade.
Ele é o cara mais legal que eu já conheci, e é uma pena não sabermos disso.
Ainda gosto de imaginar nós dois juntos no futuro, por mais que não seja o que eu quero.
Gosto de te-lo distante, reaparecendo a cada dois anos pra me salvar de qualquer delírio que esteja me rondando.
Gosto de te-lo como o ultimo amor romântico que ronda a cidade em Novembro. É boa essa certeza de que nada é certo pra valer.
Ele foi embora depois de me dar um abraço e falar bem das minhas pintas.
Eu disse que nos encontrávamos para trocar livros, porque ideias não é muito bom trocar.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Eu sei, mas nao devia.
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
ela disse:
você sabe, o problema nao é voce, nem eu; o problema é quando amor e expectativas andam mais juntos do que nós.
domingo, 16 de outubro de 2011
C'mere - Interpol
It's way too late to be this locked inside ourselves
The trouble is that you're in love with someone else
It should be me.
Oh, it should be me
Your sacred parts, your getaways
You come along on summer days
Tenderly,
Tastefully
And so may we make time
To try to find somebody else
This place is mine
You said today you know exactly how I feel
I had my doubts, little girl, I'm in love with something real
It could be me, that's changing!
And so may we make time
We try and find somebody else who has a line
Now seasoned with health
Two lovers walk a lakeside mile
Try pleasing with stealth, rodeo
See what stands long ending fast
Oh, how I love you in the evenings,
When we are sleeping
We are sleeping. Oh, we are sleeping
And so may we make time
We try to find somebody else who has a line
Two lovers walk a lakeside mile
Try pleasing with stealth, rodeo
See what stands long ending fast
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
João Gilberto no trem bala
Sentou no acento preferencial, que nunca tinham velhos, já que estes se recusavam a arriscar suas vidas no novo meio de transporte.
Estava quase dormindo quando um senhor entrou e sentou ao seu lado. Achou estranho ver um homem, daquela idade, entrando pela porta de vidro que não fazia ruído nenhum ao abrir.
Ele carregava um violão velho e tinha os óculos de ouro. Ela o encarou e disse: João, quanto tempo!
Ele olhou pra ela, meio tímido, e só sorriu. Encarou o violão torcendo pra que Maria não puxasse assunto. Maria continuou.
"gosto muito daquela música, em que você canta sobre A Felicidade"
"é a que as pessoas mais gostam, vou te dizer."
Maria encarou os reflexos na janela, e quis chorar. Sabia que a música era uma das mais verdadeiras que já ouvira, e não parava de cantarolar.
Ficou pensando no que seria da sua vida se a felicidade que ela tanto procurava passasse rapido demais, fazendo não valer o sacrifício.
Há muito havia esquecido o que era ter momentos alegres, já que procurava, sem sucesso, a plenitude.
Maria leu uma vez que nunca estamos satisfeitos. É preciso estar muito triste ou em êxtase, o que fazia um sentido absurdo, e era como uma lei que regia a existência humana (se não humana, só dela e do autor da frase)
Pensou em quantos momentos perdera por pensar que melhores viriam e pensou em quantas pessoas deixara de lado, achando que encontraria outras tantas melhores.
Ouviu o sinal de que a estação havia chegado, olhou pro lado e João já havia sumido.
Até hoje Maria não sabe se o nome do único senhor do trem bala era João, mas jurava que o ouvira cantando "tristeza não tem fim, felicidade sim" enquanto ela encarava os reflexos.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
the call of the wild
This ecstasy, this forgetfulness of living, comes to the artist, caught up and out of himself in a sheet of flame; it comes to the soldier, war-mad in a stricken field and refusing quarter."
Jack London
terça-feira, 27 de setembro de 2011
in the aeroplane over the sea
What a beautiful face I have found in this place
That is circling all round the sun,
What a beautiful dream that could flash on the screen in a blink of an eye
And be gone from me soft and sweet
Let me hold it close and keep it here with me.
And one day we will die and our ashes will fly from the aeroplane over the sea,
But for now we are young let us lay in the sun,
And count every beautiful thing we can see,
Love to be in the arms of all I'm keeping here with me.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
domingo à tarde
eu estava tomando café da manhã de ressaca e ela chegou pra comprar cigarros. estavamos virados de alguma balada idiota e sabiamos disso. ela não me olhou de primeira, talvez porque eu não chamasse muita atenção, mas eu reparei porque ela era a única garota bonita da padaria.
o cigarro que ela queria tinha acabado, e por sorte, era o mesmo que eu fumava. eu não terminei meu café pra poder segui-la e oferecer um cigarro, como quem não quer nada e quer muito num domingo, porque todos esperam muito de um domingo.
ela aceitou envergonhada, mas acendeu com o próprio isqueiro. deu um trago demorado, como se buscasse aquilo a vida toda. me senti lisonjeado.
ela sorria o tempo todo e tinha os olhos um pouco tristes, eu ria e não acreditava que ela estava perdendo o tempo dela comigo.
ela disse que havia se perdido dos amigos, e eu disse que tinha deixado todos os meus em casa, mas eu só tinha 21 anos e amigo nenhum.
não sei porque, mas acreditava que ela seria a garota da minha vida!
não conversamos muito, ela parecia impaciente, e eu ainda estava um pouco bêbado, realmente naquele momento entre e bebice e a ressaca, que a gente se apaixona pela primeira pessoa que nos dá atenção.
tentei puxar assunto, falar sobre a noite paulistana e como o dia estava quente pruma noite fria como a anterior. ela disse que não lembrava muita coisa e que estava pensando qual metro pegar pra ir pra casa.
quis chama-la pra ir pra minha casa, logo na esquina, e mostrar minha coleção de filmes da qual eu tinha muito orgulho mas nao mostrava pra ninguem.
ela disse que gostava muito do domingo a tarde, por ser um pouco vazio. eu disse que odiava, pelo mesmo motivo.
ela me olhou receosa, mas riu por educação.
eu disse que era um idiota e contei que tinha levado um pé na bunda há pouco tempo.
ela tragou, feito uma cúmplice, e ficou calada.
eu pedi desculpas e ela disse "não foi nada".
o cigarro acabou e eu peguei outro, ela disse que não precisava, me desejou bom dia e foi embora.
eu a vi caminhando em direção ao nada e imaginei quão bonita seria nossa vida. ela olhou pra trás e me alertou sobre meu cadarço. eu agradeci com um aceno besta e olhei pro chão esperando ela sumir.
e eu nem sei como ela se chamava.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
hellhole ratrace
I'm sick and tired of the way that I feel,
I'm always dreaming and it's never for real.
I'm all alone with my deep thoughts.
I'm all alone with my heartache and my good intentions.
I work to eat and drink and sleep just to live,
feels like I'm never getting back what I give.
I've got a sad song in my sweet heart.
and all I really am for, is needing some love and attention.
And I don' want to cry my whole life through,
I want to do some laughing too.
So come on, come on, come on, come on, laugh with me.
And I dont want to die without shaking up a thing or two,
yeah, I want to do some dancing too.
So come on, come on, come on, come on, dance with me.
Sometimes you've just gotta make it for yourself.
Sometimes sugar, it just takes someone else.
Sometimes you've just gotta make it for yourself.
Sometimes baby, you just need someone else.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
the difference in the shades
But the green's still close to green, my love
And I believe we are the same
And we'll stay like this, all gold and green
Light collects and projects your heart on a movie screen
And if you close your eyes we will always be
The way we were that night you crawled inside of me
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
sobre o sorriso de Gatsby
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Cantiga de Enganar
Eu plantei um pé-de-sono,
brotaram vinte roseiras.
Se me cortei nelas todas
e se todas me tingiram
de um vago sangue jorrado
ao capricho dos espinhos,
não foi culpa de ninguém.
O mundo, meu bem, não vale
a pena, e a face serena
vale a face torturada.
Há muito aprendi a rir,
de quê? de mim? ou de nada?
O mundo, valer não vale.
Tal como sombra no vale,
a vida baixa... e se sobe
algum som deste declive,
não é grito de pastor
convocando seu rebanho.
Não é flauta, não é canto
de amoroso desencanto.
Não é suspiro de grilo,
voz noturna de correntes,
não é mãe chamando filho,
não é silvo de serpentes
esquecidas de morder
como abstratas ao luar.
Não é choro de criança
para um homem se formar.
(...)
Não é nem isto, nem nada.
É som que precede a música,
sobrante dos desencontros
e dos encontros fortuitos,
dos malencontros e das
miragens que se condensam
ou que se dissolvem noutras
absurdas figurações.
O mundo não tem sentido.
O mundo e suas canções
de timbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos em certo instante
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.
Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta.
de sofrer e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê-las, acaso
se lembrem demais em nós.
Façamos, meu bem, de conta
— mas a conta não existe —
que é tudo como se fosse,
ou que, se fora, não era.
Meu bem, usemos palavras.
façamos mundos: ideias.
Deixemos o mundo aos outros
já que o querem gastar.
Meu bem, sejamos fortíssimos
— mas a força não existe —
e na mais pura mentira
do mundo que se desmente,
recortemos nossa imagem,
mais ilusória que tudo,
pois haverá maior falso
que imaginar-se alguém vivo,
como se um sonho pudesse
dar-nos o gosto do sonho?
Mas o sonho não existe.
Meu bem, assim acordados,
assim lúcidos, severos,
ou assim abandonados,
deixando-nos à deriva
levar na palma do tempo
— mas o tempo não existe,
sejamos como se fôramos
num mundo que fosse: o Mundo.
domingo, 21 de agosto de 2011
the end of a love story listening to the kinks
on a sunday afternoon
everything is fine
you take what's yours
and I take what's mine
then you go away
we don't even say good-bye.
sábado, 20 de agosto de 2011
kerouac sobre o amor
"E entao eles contaram a voce sobre o amor, nao contaram? Mas agora voce ja deveria saber, na verdade, que é impossivel amar em meio a tanta noite congelada e infelicidade (…) sem duvida em algum momento voce vai se dar conta que o amor é apenas uma palavra para descrever a frivolidade com elogios e mentiras que faz voce se sentir melhor por um momento."
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Lembro quando lia bukowski na minha adolesencia e almejava ser um escritor. O mais perto que consegui chegar foi apostar nos cavalos do jogo do bicho às quartas-feiras.
Hoje levanto de manhã, tomo café, vou ao bar, jogo umas partidas de baralho, como um torresmo, volto pra casa, bebo pinga antes do almoço, almoço, e tiro um cochilo pra voltar ao bar dessa vez pra assistir tv e conversar com alguns amigos antigos que não me escutam mais.
Chego sempre antes da primeira novela começar, e vou dormir depois de mudar de canal insistentemente algumas vezes.
Tranco as portas da casa, apago as luzes, vou ao meu ritual noturno e deito esperando o proximo dia. às vezes nem durmo.
E entao tem dia que resolvo escrever, mas não há o que falar.
Não conheço pessoas novas ha muito tempo, nao tenho mais contato com meus filhos ou netos... e minha mulher morreu sem me deixar muita coisa pra contar, além de algumas dividas e os sonhos que tinhamos e nao realizamos.
migraine
to the dirty streets of
the dirty town.
waking up without bright
pretending a good ending for
my last night.
excuse yourself
demaging
acting
loving
spoiling
forgiving myself
carrying on
without pain.
o maior poema de todos os tempos
o maior poema de todos os tempos.
abri uma cerveja,
acendi o cigarro e só
depois lembrei de abrir a janela.
a noite está quente
como o vão das pernas das garotas
e a lua brilha
no ceu limpo de outono,
os rapazes bebem um pouco mais
de qualquer coisa
que aqueça o peito vazio
de quem vive por aí só por viver.
Eu ouço umas canções tristes
boas pra dançar sozinho
e lembro dos amores perdidos
num mundo mais perdido ainda
do que as ideias da cabeça
de quem já não é mais.
e divagando assim
na noite longa e sem sinal de melhora
percebo que de real
só a morte do poema
que nem chegou a existir.
04-06-2011
terça-feira, 16 de agosto de 2011
after hours
Keep the sunshine out and say hello to never
All the people are dancing and they're havin such fun
I wish it could happen to me
but if you close the door, I'd never have to see the day again.
If you close the door, the night could last forever,
Leave the wineglass out and drink a toast to never
Oh, someday I know someone will look into my eyes
and say hello -- you're my very special one--
but if you close the door, I'd never have to see the day again.
Dark cloudy bars
Shiny Cadillac cars
and the people on subways and trains
Looking gray in the rain
As they stand disarrayed
All the people look well in the dark
And if you close the door, the night could last
forever.
Leave the sunshine out and say hello to never
all the people are dancing and they're having such fun
I wish it could happen to me
'Cause if you close the door, I'd never have to see the day again.
I'd never have to see the day again.
(once more)
I'd never have to see the day again.
você não é insone, por renmero.
Acordou , sentou na ponta do colchão e tomou impulso para ficar de pé. Era a quarta vez na noite, duas em menos de trinta minutos, pensou ele enquanto ela abria a porta e saía.
A casa era grande demais para os dois e desde que começaram a sair juntos, acostumaram-se rapidamente com a falta de sono que sentiam de vez em quando. Por vezes era ele que ficava jogando videogame com fones de ouvido sentado quase na varanda, para a fumaça do beck não ficar toda na sala. Outras era ela que digitava furiosamente no laptop, no quarto que usavam de escritório e onde ficava a mesa que mandou instalar para poder trabalhar de pé. Sabiam que o sono naquela casa era frágil e respeitavam ao máximo a insônia alheia.Descobriram que possuíam o mesmo tipo de sono nas primeiras vezes em que dormiram juntos. Ou que tentaram. Naquelas primeiras noites em que só concordavam ir dormir após estarem cansados até o limite, era uma surpresa pros dois quando se viam acordados e se encarando minutos depois de tentarem ir dormir.
Só serviu para aproximá-los mais. Quando um perdia o sono, o outro ia cuidadosamente na cozinha, preparava um sanduíche com presunto, queijo branco e maionese (o dela era com salame e requeijão) e deixava um bilhete antes de voltar a dormir. Ele gastou meses de insônia traduzindo um conto do alemão que ela queria ler. E ele nem falava alemão. Durante uma semana particularmente difícil, ela organizou toda a coleção de mp3 dos laptops e hds externos da casa, com capas, tags corretas e até um sistema de estilos próprio que excluía qualquer coisa com post- no começo ou experimental no meio.
Certa madrugada, ele estava rangendo os dentes e sentado com a cara quase enfiada na tela do enorme monitor de LCD que usava para jogar videogame. Era mais uma daquelas partes dos jogos em que o chefão é uma merda de matar. Tem que esperar ele atacar, desviar em um só movimento lateral e acertar corretamente no ponto iluminado nas costas dele antes que ele vire novamente. Essa dança aparentemente simples tem que ser realizada vez após vez, sem perder um milímetro de precisão.
Toda vez que ficava preso ou enrolado em um jogo, ele começava a pensar nos moleques de 11 anos que estariam rindo dele naquele momento, passando por essas partes que lhe pareciam intransponíveis como se o desafio nem fosse digno de consideração. Ela nunca entendia a razão daquele tipo de mentalidade, que gerava uma competição desnecessária entre gerações. Os moleques de onze anos sempre serão melhores, ela dizia.
Após oitava tentativa frustrada consecutiva, ele tascou o controle pela janela. Imediatamente se arrependeu, esfregando os dedos nas mãos vazias sentindo falta da presença do controle branco suado. O barulho que entrou pela janela foi um créq abafado, ele nem quis ir ver o que aconteceu. Era muito raro para ele chegar nesse estado de raiva. Sempre aboliu comportamentos que instigassem ódio ou fúria, aprendeu com o tempo (e com a adolescência) a não precisar ficar com raiva das coisas. Não gostava e não via serventia naquilo.
Ela acordou no exato momento do créq e dos três cenários que pensou naquele momento (1- alguém abriu a porta da cozinha com força, 2- ele havia derrubado algo frágil, como um fone de ouvido ou controle de tv, no chão e 3- algo havia caído pela janela da sala) sabia que teria de ser o que envolvia o exterior da casa. O barulho foi longe demais para ser ali dentro, por maior que a casa fosse. Levantou, calçou as havaianas dele, e foi até a sala acordando aos poucos.
“Esse barulho foi aqui?”
“Foi, desculpa te acordar, fui eu.”
O monitor enorme continuava ligado na frente dele, com o aviso de por favor reconecte o controle aparecendo.
“Aconteceu alguma coisa?”
“Fiquei puto e sem querer joguei o controle pela varanda”
A varanda era um pouco longe demais para entrar na categoria do “foi sem querer”, ela pensou. Mas ficou calada.
“Hum rum, e cê tá bem? Quer alguma coisa–”
“Desculpa te acordar, tava foda passar dessa parte aqui e fiz merda”
Ele continuava sentado na mesma posição, encarando a tela ou o chão, com os cotovelos em cima dos joelhos, passando as mãos no rosto e na nuca.
Ela ficou em pé na varanda, procurando o lugar onde o controle havia caído. Dava pra ver os pedaços brancos espalhados pelo chão ao lado de um carro preto desses mini-van. Pelo menos não tinha acertado nada. Uma queda do quarto andar em cima de um carro teria feito algum estrago. Precisariam de um controle novo. Sentou ao lado dele e passou o braço direito em suas costas. Muito do que acontecia com os dois era silencioso, era entrelinha. No começo do relacionamento costumavam falar por horas e dias e meses. Hoje ficavam calados, observando um ao outro como se estivessem em uma jaula e não houvesse outra opção.
“Sabe”, ele sempre começava seus monólogos com um sabe, “tem madrugadas que fico aqui jogando videogame, tomando uma cerveja e olhando de vez em quando pela varanda. E tem madrugadas em que faço tudo isso, mas só consigo pensar em ti. A sensação de te ter dormindo ali quietinha enquanto estou aqui tentando achar o meu sono é muito boa. Será que isso é normal? O jeito como a gente vive? Faz muito tempo que a não gastamos uma madrugada apenas conversando um com o outro. Entramos na fase do subentendido, né? Essa é a evolução natural, é assim que seremos? Aqueles casais que não trocam palavras, mas que antecipam com detalhismo absurdo as ações um do outro? Não que isso seja algo ruim, pelo contrário. Esse pensamento acabou de me pegar agora, quando estava puto com um videogame besta e só a tua mera presença aqui na sala, indo olhar a varanda e me fitando com ares de que vamos precisar de um controle novo, me acalmou. Acho que estou dependente de ti, muito mais do que costumava pensar que era, do que quero admitir que estou. Não é um pouco assustador isso? Parece que envelhecemos rápido demais, pulamos décadas e décadas de convivência e alcançamos um platô que parece reservado apenas para casais mais velhos e que já cometeram sua parcela de crimes juntos. Acho que quero casar contigo.”
Ela sabia que o romantismo exacerbado dele muitas vezes era sincero. “Estamos fazendo a parte mais difícil agora, os anos de silêncio. As brigas sem rompantes. Já somos casados, meu bem”.
E assim eles viraram um desses casais que não aparentam nem terem existido separadamente antes de serem um casal.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
So in America when the sun goes down and I sit on the old broken-down river pier watching the long, long skies over New Jersey and sense all that raw land that rolls in one unbelievable huge bulge over to the West Coast, and all that road going, all the people dreaming in the immensity of it, and in Iowa I know by now the children must be crying in the land where they let the children cry, and tonight the stars’ll be out, and don’t you know that God is Pooh Bear? the evening star must be drooping and shedding her sparkler dims on the prairie, which is just before the coming of complete night that blesses the earth, darkens all rivers, cups the peaks and folds the final shore in, and nobody, nobody knows what’s going to happen to anybody besides the forlorn rags of growing old, I think of Dean Moriarty, I even think of Old Dean Moriarty the father we never found, I think of Dean Moriarty.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
a note from Ham on Rye
“'Every time I see you you have a drink in your hand. You can that protecting yourself?'
'It’s the best way I know. Without drink I would have long ago cut my god-damned throat.'
'That’s bullshit.'
'Nothing’s bullshit that works. The Pershing Square preachers have their God. I have the blood of my god!'
I raised my glass and drained it.
'You’re just hiding from reality,' Becker said.
'Why not?'
'You’ll never be a writer if you hide from reality.'
'What are you talking about? That’s what writers do!'”
bukowski
Coffee
affords. I once read something about coffee. The thing said that coffee is good for you;
it stimulates all the organs.
I thought at first this was a strange way to put it, and not altogether pleasant, but
as time goes by I have found out that it makes sense in its own limited way. I'll tell you
what I mean.
Yesterday morning I went over to see a girl. I like her. Whatever we had going for us
is gone now. She does not care for me. I blew it and wish I hadn't.
I rang the door bell and waited on the stairs. I could hear her moving around upstairs.
The way she moved I could tell that she was getting up. I had awakened her.
Then she came down the stairs. I could feel her approach in my stomach. Every step she
took stirred my feelings and lead indirectly to her opening the door. She saw me and it
did not please her.
Once upon a time it pleased her very much, last week. I wonder where it went,
pretending to be naive.
"I feel strange now," she said. "I don't want to talk."
"I want a cup of coffee," I said, because it was the last thing in the world
that I wanted. I said it in such a way that it sounded as if I were reading her a telegram
from somebody else, a person who really wanted a cup of coffee, who cared about nothing
else.
"All right," she said.
I followed her up the stairs. It was ridiculous. She had just put some clothes on. They
had not quite adjusted themselves to her body. I could tell you about her ass. We went
into the kitchen.
She took a jar of instant coffee off the shelf and put it on the table. She placed a
cup next to it, and a spoon. I looked at them. She put a pan full of water on the stove
and turned the gas on under it.
All this time she did not say a word. Her clothes adjusted themselves to her body. I
won't. She left the kitchen.
Then she went down the stairs and outside to see if she had any mail. I didn't remember
seeing any. She came back up the stairs and went into another room. She closed the door
after her. I looked at the pan full of water on the stove.
I knew that it would take a year before the water started to boil. It was now October
and there was too much water in the pan. That was the problem. I threw half of the water
into the sink.
The water would boil faster now. It would take only six months. The house was quiet.
I looked out the back porch. There were sacks of garbage there. I stared at the garbage
and tried to figure out what she had been eating lately by studying the containers and
peelings and stuff. I couldn't tell a thing.
It was now March. The water started to boil. I was pleased by this.
I looked at the table. There was the jar of instant coffee, the empty cup and the spoon
all laid out like a funeral service. These are the things that you need to make a cup of
coffee.
When I left the house ten minutes later, the cup of coffee safely inside me like a
grave, I said, "Thank you for the cup of coffee."
"You're welcome," she said. Her voice came from behind a closed door. Her
voice sounded like another telegram. It was really time for me to leave.
I spent the rest of the day not making coffee. It was a comfort. And evening came, I
had dinner in a restaurant and went to a bar. I had some drinks and talked to some people.
We were bar people and said bar things. None of them remembered, and the bar closed. It
was two o'clock in the morning. I had to go outside. It was foggy and cold in San
Francisco. I wondered about the fog and felt very human and exposed.
I decided to go visit another girl. We had not been friends for over a year. Once we
were very close. I wondered what she was thinking about now.
I went to her house. She didn't have a door bell. That was a small victory. One must
keep track of all the small victories. I do, anyway.
She answered the door. She was holding a robe in front of her. She didn't believe that
she was seeing me. "What do you want?" she said, believing now that she was
seeing me. I walked right into the house.
She turned and closed the door in such a way that I could see her profile. She had not
bothered to wrap the robe completely around herself. She was just holding the robe in
front of herself.
I could see an unbroken line of body running from her head to her feet. It looked kind
of strange. Perhaps because it was so late at night.
"What do you want?" she said.
"I want a cup of coffee," I said. What a funny thing to say, to say again for
a cup of coffee was not what I really wanted.
She looked at me and wheeled slightly on the profile. She was not pleased to see me.
Let the AMA tell us that time heals. I looked at the unbroken line of her body.
"Why don't you have a cup of coffee with me?" I said. "I feel like
talking to you. We haven't talked for a long time."
She looked at me and wheeled slightly on the profile. I stared at the unbroken line of
her body. This was not good.
"It's too late," she said. "I have to get up in the morning. If you want
a cup of coffee, there's instant in the kitchen. I have to go to bed."
The kitchen light was on. I looked down the hall into the kitchen. I didn't feel like
going into the kitchen and having another cup of coffee by myself. I didn't feel like
going to anybody else's house and asking them for a cup of coffee.
I realized that the day had been committed to a very strange pilgrimage, and I had not
planned it that way. At least the jar of instant coffee was not on the table, beside an
empty white cup and a spoon.
They say in the spring a young man's fancy turns to thoughts of love. Perhaps if he has
enough time left over, his fancy can even make room for a cup of coffee.
domingo, 7 de agosto de 2011
What's the matter with the boy?
Era insuportável passar a tarde lá dentro, mas como eu nunca o fazia, nem sei como soube que era tão insuportável; talvez instinto, ou talvez pelo morninho quando eu chegava a noite após o trabalho.
Nenhuma flor sobrevivia ao dia abafado, então meu apartamento era um pouco morto. Minha TV não era ligada há dias, e eu quase nunca tirava o pó da estante de livros - que também tinha uns souvenirs de lugares que nunca estive.
Eu trabalhava o dia todo e a única coisa que me orgulhava era ter a geladeira cheia de cerveja todo dia, pra receber quem fosse me visitar, coisa que raramente acontecia.
Um dia Ana, a garota da faculdade, apareceu. Não por sorte tinha muita cerveja pra passarmos a noite, já que eu nunca sabia sobre o que conversar e disfarçava tomando longos goles de cerveja enquanto ela dissertava sobre sua vida.
Tinha acabado de voltar dos Estados Unidos, onde tinha ido passar as férias. Disse que chegou e foi direto pra São Francisco,. Me trouxe um souvenir, e eu o coloquei junto dos outros depois que ela foi embora.
Enquanto ela estava lá acendi um cigarro pra ela se sentir a vontade e acender o dela. Seu isqueiro era dos rolling stones e naquele momento me lembrei porque não queria que ela fosse me visitar nunca.
Ana namorava meu melhor amigo e eu era perdidamente apaixonado por ela. No primeiro dia de aula da faculdade ela foi com uma camiseta dos stones e eu tinha acabado de chegar de uma cidade em que ninguém conhecia o keith richards. Claro que achei que iríamos nos casar porque ela era a única garota do mundo que ouvia rolling stones.
Foram semanas até que ela terminasse com o Pedro. Mas eu nao tive coragem de me aproximar assim, de sopetão, e acabamos virando amigos.
Ela me contava de suas aventuras pelas noites de São Paulo e tudo que eu queria é que ela fosse beber cerveja no meu apartamento. Nunca contei pra ela minhas reais intensões, e entao ela começou a namorar um babaca do direito que também não devia saber quem o Keith Richards era.
Me conformei - como costuma acontecer sempre - e fiquei em casa um tempo ouvindo tudo, menos exile on main street e seus derivados. Bebia mais que o normal, e me acostumei a ficar sozinho olhando a janela procurando garotas vestindo camisetas de bandas que eu gostava. Parava pra conversar com toda menina que passava por mim e vestia Velvet Underground ou Beach Boys, e não eram poucas. Algumas acabaram no meu apartamento, bebendo cerveja e ouvindo suas bandas favoritas, fumando na janela observando tantas outras garotas.
Uma delas era bem bacana, assistíamos a filmes e falávamos sobre como nossos herois morreram, e eles eram os mesmos e nunca estiveram nos quadrinhos. saiamos juntos domingo a tarde e compravamos discos e tomavamos cafe da manha de ressaca. Ela era mesmo uma garota legal e eu nao conseguia me lembrar porque nao tinhamos dado certo, até aquele momento.
Julia, a garota dos filmes, passou por mim com uma camiseta dos smiths e eu me apaixonei na hora. Depois de uns meses saindo juntos, ela me deu um isqueiro dos stones. Pronto, não conseguia mais. a unica garota do mundo que gostava de stones era a Ana, e eu lhe dei de presente o isqueiro que ganhei, que nao queria usar nem guardar na minha estante.
Foi como uma despedida, Ana foi morar em outro país e nunca mais nos vimos. E agora ela estava ali, na minha frente, acendendo um Lucky Strike com o isqueiro que eu havia ganhado e tinha lhe dado como se fosse meu coração.
Inventei alguma desculpa e pedi pra que ela fosse embora. Ela não entendeu, mas foi. Assim que Ana bateu a porta eu peguei meu album favorito de todos os tempos pra tocar e deitei na cama ouvindo rocks off.
Nenhuma garota valia aquele disco, eu tinha certeza. E dormi cantarolando And I only get my rocks off while I'm dreaming, I only get my rocks off while I'm sleeping.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Viajante Solitário, Kerouac.
FINALMENTE AS CHUVAS DE OUTONO, noites inteiras de chuvas torrenciais sopradas pelo vento enquanto eu deitava aquecido como uma torrada dentro do meu saco de dormir, e claros dias outonais gélidos e turbulentos, com vento forte, nevoeiros céleres, nuvens velozes, brilho de sol súbito, luz pristina em retalhos da montanha, e meu fogo crepitando enquanto eu exulto e canto a toda voz. – Do lado de fora da minha janela um esquilo varrido pelo vento está sentado nas patas traseiras sobre uma rocha, mãos unidas, mordisca uma espiga de aveia que segura entre as patas – pequeno senhor de tudo o que inspeciona.
Pensando nas estrelas noite após noite começo a perceber que “As estrelas são palavras” e todos os incontáveis mundos da Via Láctea são palavras, e esse mundo também o é. E percebo que não importa onde eu esteja, seja em um quartinho repleto de idéias ou nesse universo infinito de estrelas e montanhas, tudo está na minha mente. Não há necessidade de solidão. Por isso, ame a vida pelo que ela é e não forme idéias preconcebidas de espécie alguma em sua mente.
QUE ESTRANHOS E DOCES PENSAMENTOS brotam nas solidões montanhosas! – Certa noite percebi que, quando tratamos as pessoas com compreensão e estímulo, uma expressão de humildade estranha e infantil lhes perpassa os olhos envergonhados, não importa o que estivessem fazendo, não estavam certas de que fosse correto – cordeirinhos espalhados por toda a face desta terra.
Visto que, ao compreender que Deus é Tudo, você percebe que deve amar tudo por pior que seja, em última análise nada é bom nem mau (pense na poeira), é apenas o que é, ou seja, o que se faz parecer. – Uma espécie de drama para ensinar algo a alguma coisa, alguma “substância menosprezada do mais divino dos shows”.
E percebi que não era necessário me esconder na desolação e que podia aceitar a sociedade para o que desse e viesse, como uma esposa – vi que, se não fosse pelos seis sentidos, visão, audição, olfato, tato, gosto e pensamento, a individualidade disso tudo, que é não-existente, simplesmente não haveria nenhum fenômeno para apreender, na verdade não haveria seis sentidos nem individualidade. – O medo da extinção é muito pior do que a própria extinção (a morte). – Perseguir a extinção no velho sentido nirvânico do budismo é em última análise uma bobagem, como os mortos indicam no silêncio de seu sono bem-aventurado na Mãe Terra que, de qualquer maneira, é um Anjo suspenso no Céu.
Eu simplesmente me deitava nos campos da montanha ao luar, com a cabeça na grama, e ouvia o reconhecimento silencioso das minhas angústias passageiras. – Sim, desse modo, tentar atingir o Nirvana quando você já está nele, atingir o topo de uma montanha quando já está lá e tem apenas que permanecer – assim, permanecer na bem-aventurança nirvânica é tudo o que tenho a fazer, que você tem a fazer, sem esforço, sem caminho realmente, sem disciplina, mas apenas saber que tudo é vazio e desperto, uma Visão e um Filme na Mente Universal de Deus (Alaya-Vijnana) e permanecer mais ou menos sabiamente em meio a isso. – Porque o silêncio em si é o som dos diamantes que podem cortar tudo, o som da Vacuidade Sagrada, o som da extinção e da bem-aventurança, esse silêncio de cemitério que é como o silêncio do sorriso de um bebê, o som da eternidade, da beatitude na qual certamente é preciso acreditar, o som de jamais-houve-nada-senão-Deus (que em breve eu ouviria em uma ruidosa tempestade no Atlântico). – O que existe é Deus em Sua Emanação, o que não existe é Deus na Sua serena Neutralidade, o que nem existe nem não existe é a divina e imortal aurora primordial do Céu Pai (este mundo neste exato instante). – Por isso eu disse: – “Permaneça nisso, aqui não existem dimensões para quaisquer das montanhas ou mosquitos ou vias lácteas inteiras de mundos”.
Porque sensação é vazio, envelhecimento é vazio. – Tudo é apenas a Dourada Eternidade da Mente de Deus; por isso pratique a bondade e a compreensão, lembre que os homens não são responsáveis por si mesmos, por sua ignorância e maldade, se deve ter pena deles, Deus se compadece porque o que há para dizer a respeito de qualquer coisa visto que tudo é apenas o que é, livre de interpretações? – Deus não é “aquele que alcança”, ele é o “viajante” naquilo em que tudo é, o “que subsiste” – uma lagarta, mil cabelos de Deus. – Portanto, saiba sempre que isto é apenas você, Deus, vazio, desperto e eternamente livre como os incontáveis átomos da vacuidade em todos os lugares.
Decidi que, quando retornasse ao mundo lá embaixo, tentaria manter minha mente límpida em meio às obscuras idéias humanas que fumegam como fábricas no horizonte através do qual eu caminharia, em frente…
Em setembro, quando desci, um gélido aspecto dourado surgira na floresta como um augúrio de frios repentinos, geadas e eventuais nevascas uivantes que cobririam meu barraco por completo a não ser que aqueles ventos do topo do mundo a conservassem intacta. Quando cheguei à curva da trilha onde meu barraco desapareceria e eu desceria até o lago para encontrar o barco que me levaria dali para casa, me virei e abençoei o Pico da Desolação e o pequeno pagode no cume e agradeci a eles pelo abrigo e pela lição que me ensinaram.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
segunda-feira, 25 de julho de 2011
sábado, 23 de julho de 2011
Pamela, talvez.
Bebia uísque com gelo e usava uma camiseta dos stones. Uma típica garota com quem eu sairia, se não fosse pela garota com eu estava saindo.
Pamela era ruiva e magra, tinha sardas, peitos pequenos, e seria bem interessante se não fosse pelo fato de ser uma completa idiota.
Nos conhecemos por um amigo em comum numa balada de quinta, ela foi dormir em casa porque estava bebada demais pra pegar um táxi.
Saimos juntos desde então, completando 3 meses juntos ontem, e é claro que ela nao lembrou. Até comprei um presente, um disco do Fellini, que ficaria bem na minha coleção, caso ela não merecesse. e não mereceu.
Eram quase oito da noite e eu não aguentei e fiz a ligação. Nunca nos ligavamos. Nos encontravamos por acaso, hora no metro, hora na casa de alguém, e sempre acabavamos juntos no meu apartamento por ser o lugar mais conviniente. Ontem ela não me atendeu.
tentei 3 vezes, e nenhum retorno. Resolvi sair.
Essa garota eu conheci no bar. Bem sexy pruma garota sozinha Às 3 da manhã. Parecia interessante e me falou que gostava muito de bukowski - eu usava uma camiseta do velho safado. Ela tinha o cabelo curto e as unhas pintadas, fumava um cigarro atras do outro e reclamava de como os homens falavam alto. Eu estava me animando com a possibilidade de esquecer a pamela e ir pra cama com uma garota de peitos grandes quando ela perguntou se eu tinha um carro e me ofereceu um gole do seu uísque. disse que se eu nao a tirasse de lá, ela me mataria com a faca que trazia na bolsa. Não pedi pra ver a faca, nem perguntei seus motivos, mas a levei pra fora. Ela tinha os olhos pintados e boca vermelha. Me deu um beijo e foi embora.
Que saudades eu sinto da Pamela. Acho que é um bom momento pra ligar e contar a aventura da madrugada. Espero que ela esteja acordada. Prometo nunca mais procurar garotas em bares às 3 da manhã.
sexta-feira, 22 de julho de 2011
quinta-feira, 21 de julho de 2011
It's raining in love
I don't know what it is,
but I distrust myself
when I start to like a girl
a lot.
It makes me nervous.
I don't say the right things
or perhaps I start
to examine,
evaluate,
compute
what I am saying.
If I say, "Do you think it's going to rain?"
and she says, "I don't know,"
I start thinking : Does she really like me?
In other words
I get a little creepy.
A friend of mine once said,
"It's twenty times better to be friends
with someone
than it is to be in love with them."
I think he's right and besides,
it's raining somewhere, programming flowers
and keeping snails happy.
That's all taken care of.
BUT
if a girl likes me a lot
and starts getting real nervous
and suddenly begins asking me funny questions
and looks sad if I give the wrong answers
and she says things like,
"Do you think it's going to rain?"
and I say, "It beats me,"
and she says, "Oh,"
and looks a little sad
at the clear blue California sky,
I think : Thank God, it's you, baby,
this time
instead of me.
segunda-feira, 18 de julho de 2011
wise
what he was doing for a living
he smiled and said
he was just loving and giving
quarta-feira, 13 de julho de 2011
de demian
segunda-feira, 11 de julho de 2011
sábado a noite
Paula e seu melhor amigo estavam bêbados há dias e quase perderam o metro.
Sentaram no banco preferencial e recitavam Bukowski, enquanto do outro lado da cidade Pedro passava seu perfume mais caro do que todas as bebidas que Paula havia tomado.
Pedro pegou o carro e saiu pelas ruas da cidade ouvindo Serge Gainsbourg e cantarolando num francês recem-aprendido, enquanto Paula brindava à vida ao subir às escadas em direção à casa da aniversariante desconhecida.
Pedro estacionou o carro e guardou o radio no bolso do casaco, enquanto Paula era apresentada a todos os rapazes da festa como a garota mais legal do pedaço.
Paula atravessou a casa e foi direto à área de fumantes, com um cigarro aceso, cantarolando um de seus clássicos preferidos no começo da noite de sábado.
Pedro chegou no bar e pediu um uísque de inicio. Olhou em volta à procura dos amigos.
Paula tirou o sobretudo e o pendurou na sacada, Pedro ajeitou o chapéu e conversava com o barman.
Um cigarro a mais e um copo de bebida a menos, a noite mal começara e já sentiam falta um do outro. Paula nunca ligava, Pedro nunca atendia.
Pegaram-se pensando nas noites regadas a cerveja ao som de fellini e luzes do godard. Desejaram mais do que tudo não estarem ali; queriam voltar ao quarto pequeno de porta trancada com o brilho do sol do lado de fora.
Pedro procurou Paula na área de fumantes - sabia que era onde ela podia se encontrar. Paula foi atrás de Pedro no bar, seu lugar favorito em qualquer lugar.
Na festa de Pedro tocava pós-punk, na de Paula um hit pseudo-popular. O destino não queria junta-los de novo e por sorte eles sabiam que era assim que devia ser.
pois é
ela acendia um cigarro atras do outro
e aceitava bebidas vindas de todo lugar.
ele lamentava um pouco o acaso
enquanto ela dançava pós-punk sem parar
Ele foi quem botou um ponto final na relação
ela decidiu nunca mais se apaixonar.
carta desesperada
domingo, 10 de julho de 2011
memories on a sunday morning listening to velvet underground
and suddenly felt nothing
her love was strong
as it was beautiful
and now it's just memories
while she listen to the
same old songs
once sung
by tired mouths
sábado, 9 de julho de 2011
anything but love
Under darkened skies
Come on up with me to my lonely retreat
I will sing you lullabies
We string it up and string it along
And listen to those old time songs
And make believe that they were written for you and me
sexta-feira, 8 de julho de 2011
love is a form of prejudice - by charles bukowski
love is a form of prejudice. you love what you need, you love what makes you feel good, you love what is convenient. how can you say you love one person when there are ten thousand people in the world that you would love more if you ever met them? but you’ll never meet them. all right, so we do the best we can. ragnted. but we must still realize that love is just the result of a chance encounter. most people make too much of it. on these grounds a good fuck is not to be entirely scorned. but that’s the result of a chance meeting too. you’re damned right. drink up. we’ll have another.
sexta-feira, 1 de julho de 2011
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Dying
in every man's life
when you stop worrying
about every single problem
and start facing life
with softer eyes.
there's a moment when
you stop drinking
to solve problems
and start spending your money
on worthy things.
There's a moment when every living soul
stop taking risks
and start dying.
I'm really sorry if it happened to you.
segunda-feira, 20 de junho de 2011
23h46
Era quase madrugada e tudo que ela tinha era um cigarro.
Ficou encarando-o esperando a vontade chegar.
Dormiu sem fumar.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
23h59
os pés estavam gelados.
o teto girava conforme a musica tocava nas caixas de som.
estava ouvindo bruce springsteen e agradecendo por estar vivo.
sábado, 4 de junho de 2011
sometimes
it hurts you so
bad you just
can't feel it anymore
sometimes
the feeling is so strong
you can't face it
sometimes
we just need
to let it
die
answers that never arrive
I sit by the window and listen to the rain
come down
and I think about why we
do these things
we sit with our elbows on these
brick walls,
talking
bickering
lamenting the passing of our youth,
and what it means to be
young.
we write letters to Santa Claus
tell him about how
we’ve been good
we should get presents
waiting for answers that never arrive.
we spend our days and nights
drinking
screwing
screaming our heads off
and all it ever really does
is make my stomach
hurt
BUKOWSKI
quinta-feira, 2 de junho de 2011
terça-feira, 31 de maio de 2011
pretty girl from san diego
They say just do what your heart tells you to
But sometimes you cannot feel it
Sometimes you cannot hear it
Sometimes it won't talk back to you
terça-feira, 24 de maio de 2011
yesterday
I lost my heart
on the corner
of warm street.
I let him down
too many times
to stand.
last night
I lost my heart
again.
and the sun
keeps shinning
cause nothing's
too important
last night
I lost my mind
the world's
never
this kind.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
pensamentos esquecidos no canto da sua mente falida ou como esquecer amores nas noites frias
e ele saiu pra buscar alguem
com quem se aquecer
e pensou em todas as mulheres
que ja teve em noites quentes
e em dias frios
e lembrou de um grande amor
perdido na juventude
e lamentou a memoria
que sempre o destruia
e chorou pelos mortos
mortos sem fé
mortos com dor
e sofreu sozinho
caminhando pelas esquinas
esquecidas da grande cidade
olhando rostos perdidos
tao perdidos quanto
o seu
e encontrou companhia
na garrafa de bebida
que jazia sozinha
no balcão do boteco
do zé da farinha.
espera
que voce pensar em desistir
lembre-se de que
ainda ha muito por vir
e que voce ainda
não sofreu tudo
não fez tudo
não leu, não viu, não conheceu
e que ha almas perdidas
que valem a pena
e que só esperam
a hora
de te dizer
bem-vindo.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
o amor e o bilhete unico
xico sá
domingo, 8 de maio de 2011
rapido
quinta-feira, 5 de maio de 2011
where do ideas come from?
- Ideas don’t come from watching television
- Ideas sometimes come from listening to a lecture
- Ideas often come while reading a book
- Good ideas come from bad ideas, but only if there are enough of them
- Ideas hate conference rooms, particularly conference rooms where there is a history of criticism, personal attacks or boredom
- Ideas occur when dissimilar universes collide
- Ideas often strive to meet expectations. If people expect them to appear, they do
- Ideas fear experts, but they adore beginner’s mind. A little awareness is a good thing
- Ideas come in spurts, until you get frightened. Willie Nelson wrote three of his biggest hits in one week
- Ideas come from trouble
- Ideas come from our ego, and they do their best when they’re generous and selfless
- Ideas come from nature
- Sometimes ideas come from fear (usually in movies) but often they come from confidence
- Useful ideas come from being awake, alert enough to actually notice
- Though sometimes ideas sneak in when we’re asleep and too numb to be afraid
- Ideas come out of the corner of the eye, or in the shower, when we’re not trying
- Mediocre ideas enjoy copying what happens to be working right this minute
- Bigger ideas leapfrog the mediocre ones
- Ideas don’t need a passport, and often cross borders (of all kinds) with impunity
- An idea must come from somewhere, because if it merely stays where it is and doesn’t join us here, it’s hidden. And hidden ideas don’t ship, have no influence, no intersection with the market. They die, alone.
domingo, 1 de maio de 2011
sexta-feira, 29 de abril de 2011
the people look like flower at last
clouds. nothing in the air but
rain. each man’s life too short to
find meaning and
all the books almost a
waste."
domingo, 24 de abril de 2011
How soon is now
There's a club, if you'd like to go
You could meet somebody who really loves you
So you go, and you stand on your own
And you leave on your own
And you go home, and you cry
And you want to die
When you say it's gonna happen "now"
Well, when exactly do you mean ?
See, i've already waited too long
And all my hope is gone
You shut your mouth
How can you say
I go about things the wrong way ?
I am human and i need to be loved
Just like everybody else does
The Smiths
sexta-feira, 22 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
a hora da visita
quem era mais fodida:
Eu ou as Marias
que dormiam em barracas
em frente à penitenciaria
esperando a hora da visita.
Elas estavam passando frio
mas tinha seus amores
amantes presentes
enquanto era eu quem imaginava herois
e dormia sempre sozinha.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
distopias
conheci um cara
que dizia lutar contra
o sistema
e dar tapas na cara do
capitalismo.
hoje a vida dele
se resume
a gastar seu dinheiro
trocando as garrafas
de cerveja da geladeira
e a unica felicidade
que ele tem
é ver as garrafas cheias
depois de uma noite de bebedeira
ao acordar de ressaca
pra esperar a proxima noite chegar.
terça-feira, 12 de abril de 2011
domingo, 10 de abril de 2011
quinta-feira, 7 de abril de 2011
desistindo
talvez as coisas fossem mais faceis na maquina de escrever.
rock europeu
Rock europeu rock europeu
Uma punk varrendo, palácios e cores que falham
Você nem imagina o que você não conheceu
Agora é tarde é tarde meu saco já encheu
(profanos nos pequenos templos
o santo e o mistério de Lisboa
bateras no contratempo
velhas estrelas escrotas)
E só dentro de um hospício se vive na América
Viver num hospício é melhor que num pardieiro?
Tudo foi sempre uma mera questão de dinheiro
O belo câncer no mundo das idéias
(você não tem dinheiro
você quer uma viagem
não se esqueça de tirar o pó
valsas amargas nas cidades)
Fellini
domingo, 3 de abril de 2011
o desespero da sobriedade ou como querer fugir sem ter pra onde
O metrô para e 4 policias invadem o vagão, à procura de alguém.
Eu não tinha ingerido uma gota de álcool, e só queria ir embora logo. As pessoas olhavam umas pras outras, sem respirar, como se todas estivessem escondendo algo. Estou com um pouco de nojo do ser humano, é verdade, mas ontem atingiu o ápice.
Os policiais liberaram o vagão, e as pessoas respiraram aliviadas quando a voz anunciou a próxima estação. Meus olhos estáticos me encarando no vidro da frente, e um senhor careca, em pé, me encarando de cima.
Eu desci correndo, meus pés molhados e a esperança de chegar a tempo de fumar um cigarro. Parei embaixo de um toldo, com o motorista do onibus, o cobrador e um outro rapaz, que estava lendo as cronicas de narnia e fumava marlboro light. Foram as melhores pessoas que encontrei em muito tempo.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
diario de são paulo
abre o jornal
e observa o mundo passar
devagar
na porta do bar
ela para e acende
o cigarro
com o isqueiro que fica pendurado
e perde um pouco de vida
no primeiro trago
ele observa, meio de longe
está quente lá fora
o sol reflete no cabelo
o brilho da alma refletido na brasa
o coração dele acelera
ela vai embora
ele fecha o jornal
pede uma cerveja
e espera o dia acabar.
quinta-feira, 31 de março de 2011
segunda-feira, 28 de março de 2011
O estouro
tão pouco
tão gordo
tão magro
ou ninguém.
risos ou
lágrimas
odiosos
amantes
estranhos com faces como
cabeças de
tachinhas
exércitos correndo através
de ruas de sangue
brandindo garrafas de vinho
baionetando e fodendo
virgens.
ou um velho num quarto barato
com uma fotografia de M. Monroe.
há tamanha solidão no mundo
que você pode vê-la no movimento lento dos
braços de um relógio.
pessoas tão cansadas
mutiladas
tanto pelo amor como pelo desamor.
as pessoas simplesmente não são boas umas com as outras
cara a cara.
os ricos não são bons para os ricos
os pobres não são bons para os pobres.
estamos com medo.
nosso sistema educacional nos diz que
podemos ser todos
grandes vencedores.
eles não nos contaram
a respeito das misérias
ou dos suicídios.
ou do terror de uma pessoa
sofrendo sozinha
num lugar qualquer
intocada
incomunicável
regando uma planta.
as pessoas não são boas umas com as outras.
as pessoas não são boas umas com as outras.
as pessoas não são boas umas com as outras.
suponho que nunca serão.
não peço para que sejam.
mas às vezes eu penso sobre
isso.
as contas dos rosários balançarão
as nuvens nublarão
e o assassino degolará a criança
como se desse uma mordida numa casquinha de sorvete.
demais
tão pouco
tão grodo
tão magro
ou ninguém
mais odiosos que amantes.
as pessoas não são boas umas com as outras.
talvez se elas fossem
nossas mortes não seriam tão tristes.
enquanto isso eu olho para as jovens garotas
talos
flores do acaso.
tem que haver um caminho.
com certeza deve haver um caminho sobre o qual ainda
não pensamos.
quem colocou este cérebro dentro de mim?
ele chora
ele demanda
ele diz que há uma chance.
ele não dirá
"não".