quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

ilhada

É bonito ver as cargas elétricas despencando das nuvens de veludo. Descem com graça e leveza e anunciam à noite o tormento que está pra chegar. Afugentam as estrelas com o barulho e iluminam a noite sem lua com rastros de luz que duram menos que um orgasmo.
Chovem gotas grossas e frias, como lágrimas doces vindas de algum lugar... Ventos uivantes esfriam o ar já muito úmido de uma noite outrora quente.
eu só observo; contemplando quieta todo caos indiferente que me envolve, nesse cosmos que sangra desilusão e suplica por mais esperança. Eu quase desisto, por ser tudo tão frio e sozinho.
As nuvens, agora, já cobrem tudo. Eu brindo com o vácuo, um gole de silêncio, comemorando minha solidão cortante, enlouquecedora, quase homicida.
Levanto a taça já vazia. Tudo me remete a lembranças. eu choro, sangro e grito por dentro. Olho. confundem-se carência e vingança, com a água da chuva que balança a da piscina. Lágrimas e vento, tudo mais ou menos com o mesmo gosto.
Dedico mais um gole, agora para os segundos que perduram pela eternidade dos meus dias de tempestades internas; aquelas que me piram, porque é tudo muito quieto, um tanto triste e salgado. Me jogo na água doce, pensando me livrar dos demônios amargos. Durmo, afundo e não sonho, mais uma vez.

Churrasqueira sem luz, 16 de janeiro de 2008

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