terça-feira, 14 de agosto de 2007

Desnorteando-se para se encontrar.




Era manhã de segunda-feira. 6 horas e céu escuro. Horário de Verão!
Acordara desregulada como seu relógio no qual derrubou cerveja na noite anterior. Não sabia quem era e, pra piorar, nem quem queria ser!
Cheiro de cigarro, gosto de coisa amanhecida, um alguém desconhecido ao lado... Não preocupou-se em descobrir quem era, estava atrasada. Não sabia pra que, só sabia q estava!
Vestiu as calças e a camisa, que por sorte não estavam sujas no meio daquele chão imundo. Pegou a bolsa no criado-mudo, conferiu se o maço estava lá, se tinha alguns trocados.
Foi ao banheiro; lavou o rosto, ajeitou o cabelo curto, olhou-se nos olhos e não se reconheceu.
As unhas curtas e mal pintadas. Lápis borrado que ficou com preguiça de tirar. Orelhas alargadas que sangravam. Putaquepariu! perdeu o alargador da esquerda! cuspiu na pia e não entendia porque sentia tanto gosto de sangue. Colocou os sapatos.
Observou de novo o ser desacordado na cama. Fez força para lembrar, mas era impossível. A cabeça doía em demasia e precisava de um café da manhã reforçado!
Chegou à padaria que não lhe era estranha, mesmo parecendo estar lá pela primeira vez. Pediu um expresso grande, um pão de queijo e uma barra de cereal. A fome foi embora e as lembranças voltaram.
Tinha um apartamento, um namorado (que não era o mesmo cara que deixou dormindo no ap. de onde saíra), um emprego, uma rotina. Era uma mulher feita, mas não realizada.
Sentia um enorme vazio, que a corroía. Resolveu não ir trabalhar.
A manhã estava clareando, o café da manhã acabou, o antepenúltimo cigarro estava no fim.
Andou pela cidade, observando-a. Grande e com prédios majestosos. Vertigem por causa do muro gigantesco à sua volta. Queria fugir, mas era fraca demais.
Mentia por tudo e pra todos. Não sabia se o que a prendia era o medo, a insegurança ou a comodidade. Aquelas pessoas apressadas, aquele barulho; tudo parece mais terrível quando prestamos a atenção - e quando é segunda-feira de manhã.
Precisava dar mais vida aos seus dias... viver algumas coisas intensas, como as da noite anterior.
Acabara de lembrar que traiu o namorado, que bebeu mais do que podia, que tinha passado um fim de semana sendo ela mesma, por mais destruidor que fosse. Os "rombos" nas orelhas eram recentes, datados do sábado passado, e por isso latejavam.
Sentia sua liberdade indo embora, escorregando pelos dedos. O ar que entrava parecia pesado. Queria o vento da sexta a noite.
7 chamadas não atendidas. Vinícios (coração). Pensou em retorná-las, mas decidiu fingir ser ela mesma mais um pouco.

Um comentário:

Anônimo disse...

e isto é tudo o que você não quer ser não é mesmo?
mas vê a vida a encaminhado para esta realidade, como se você não pudesse fugir.
não sei se é com você, mas comigo é exatamente assim.
talvez eu fuja por um fds como a estranha de unhas mal pintadas fez.

me identifiquei mais ainda quando o {Coração} chamava-se Vinicíus, nome de um ex e ainda presente grande a mor.
adivinhona!
adoro-te Isinha!
ah, no seu último comentário em meu blog, me pareceu querendo esquecer um certo filhodaputa. novamente ?mais porque? a novela estava tão interessante, reascendendo tudo.o que há?ou...o que não há?