quinta-feira, 22 de novembro de 2007

mais uma farsa

O salão estava bem decorado; de um bom gosto incrível. Toalhas vermelhas faziam um belo contraste com as flores brancas. Pessoas da alta sociedade, muito elegantes e adoráveis, desfrutavam de um belo jantar beneficente, acompanhado de um leilão de desenhos feito por crianças pobres - aquela mesma história de sempre.
Ela saiu primeiro, sem ar. Ele veio logo atrás. Os dois precisavam sair de lá. Sentiam-se presos, abafados. Pensaram, por coincidência, que o ar de fora estaria mais respirável.
A noite estava muito melhor do outro lado. Escutava-se o tumulto quase baixo que vinha de longe, do salão, e podia-se contemplar um show de luzes piscantes na relva orvalhada que envolvia o local. Cheiro de terra molhada. Acabara de chover. Temperatura e umidade perfeitas para qualquer coisa.
Ele encontrou-a de costas, fumando com pose de puta. Ficou doido. Pegou-a pelos cabelos e virou-a em sua direção.

Ela tinha os olhos verdes e ele, um sorriso amarelo. Ambos perfeitos representantes da classe alta. A mulher usava um vestido um pouco acima dos joelhos. Negro, combinando com a noite e com os cabelos soltos. O homem, o de sempre.
Encararam-se por muito tempo. Existia desejo nos olhos brilhantes e nos lábios entreabertos. Não existia mais nada além deles. Era só o momento, os grilos, e o misto de tesão e ansiedade.
A lua brilhava com metade de todo o seu potencial; haviam estrelas no céu e uma brisa suave balançando-lhes as roupas e os cabelos..
Ela deu o penúltimo trago. ele fez o favor de terminar com o cigarro. Soltaram as fumaças para lados opostos e permitiram-se.
O vestido um pouco curto facilitou o ato. Ela encostou-se, precisava de apoio. Ele era bom naquilo. Ela não sabia, até então, pra que servia seu corpo.
Derramaram algum bálsamo interior juntos. Frenesi desconcertante. E sem bagunçar o penteado ou amarrotar as roupas.
Ele tinha gosto de coisa velha e ela o beijo um pouco rápido demais. Mas não importava.
- É melhor voltarmos ao jantar. Vão sentir a nossa falta.
- É, você está certa.
- Obrigada pela noite, desconhecido.
- Por nada.
Voltou cada um ao seu respectivo lugar - longe um do outro, com os olhos culpados e um sorriso de satisfação contraindo-lhes os lábios.
Ela beijou o marido e disse que estava melhor.
Ele serviu um pouco de vinho à sua mulher, comentando como ela era a mulher mais bonita daquele jantar.
E os amantes de uma noite nunca mais se falaram.

Um comentário:

Anônimo disse...

sexo casual é sempre bom.

seu texto é cheio de tesão e tensão.
o momento inapropriado e a vontade súbta.
gostei muito.
vc está muito boa menina...
e só tem 15 anos.